Acordo entre Vale e Estado deve envolver R$ 37 bi

Rio de Janeiro – Um acordo entre Vale e o governo de Minas Gerais deverá envolver R$ 37 bilhões em reparações pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, há dois anos, afirmou à Reuters uma fonte a par das negociações ontem.
Também ontem, a mineradora e autoridades estaduais informaram que definiram os termos financeiros para as medidas de reparação aos danos socioeconômicos e socioambientais causados pelo desastre e que poderá ser assinado um Termo de Reparação em audiência hoje.
Vale e autoridades não comentaram valores.
O novo encontro ocorrerá no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que vem mediando negociações entre a Vale, governo de Minas Gerais, ministérios públicos estadual e federal e Defensoria Pública de Minas Gerais.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
O entendimento, que deverá encerrar processo judicial e visa dar celeridade às reparações, deverá envolver investimentos e ações com foco nas regiões atingidas e sua população.
“As Medidas de Reparação tratam dos danos coletivos à sociedade e ao Estado, sem interferir em ações sobre indenizações e danos individuais, assim como em ações criminais. Já a reparação socioambiental integral não possui teto financeiro”, disseram as autoridades.
O rompimento da barragem em Brumadinho ocorreu em 25 de janeiro de 2019 e deixou cerca de 270 mortos, além de atingir instalações e refeitório da Vale na hora do almoço, áreas de floresta e a cidade.
Inicialmente, as autoridades de Minas Gerais haviam pedido à Justiça pagamento por parte da Vale de R$ 54,6 bilhões, envolvendo danos morais coletivos e sociais. O pedido foi negado e o TJMG vem, desde então, mediando as tentativas de acordo em audiências entre as partes.
Em janeiro, as negociações quase foram definitivamente encerradas, após um impasse.
As autoridades haviam aceitado reduzir o valor a ser pago pela Vale para R$ 40 bilhões, segundo a fonte, que falou na condição de anonimato. A Vale, por sua vez, ofereceu R$ 29 bilhões, disse a pessoa. No entanto, foi dado um novo prazo para a Vale apresentar nova proposta. (Reuters)
Produção de mineradora cai 0,5% em 2020
Rio de Janeiro – A Vale produziu 300,4 milhões de toneladas de minério de ferro em 2020, com recuo de 0,5% ante o ano anterior, mas a queda foi maior nas vendas, à medida que a companhia buscou repor estoques apesar das compras recordes da China.
O volume produzido, segundo relatório divulgado ontem, ficou na faixa mais baixa da meta programada pela companhia (300-305 milhões).
Já as vendas de sua principal commodity no ano passado somaram 254,9 milhões de toneladas, queda de 5,4% ante o ano anterior.
O desempenho da produção quase estável ocorreu em meio a efeitos da pandemia, restrições para a disposição de rejeitos e atrasos na abertura de novas frentes de lavra em Serra Norte, que anularam efeitos do retorno das atividades em algumas minas e o desenvolvimento da mina S11D, no Pará.
A produção de minério de ferro no quarto trimestre, por sua vez, foi de 84,5 milhões de toneladas, alta de 7,9% ante o mesmo período de 2019 e queda de 4,7% em relação ao trimestre anterior.
A companhia foi levada a paralisar diversas atividades de minério de ferro após o rompimento da barragem de Brumadinho em janeiro de 2019. A companhia está buscando melhorias operacionais em Minas Gerais e também discute com autoridades para a retomada da produção.
Dadas as restrições, a Vale encerrou 2020 com 322 milhões de toneladas de capacidade de produção e espera atingir 350 milhões de toneladas de capacidade ao fim de 2021.
“Apesar dos impactos e medidas relacionados à pandemia terem reduzido a produtividade em todos os negócios e adiado, em 2020, o início dos novos ativos de minério de ferro, a Vale continua confiante de atingir 400 milhões de toneladas de capacidade ao fim de 2022”, afirmou a empresa.
A produção de pelotas da Vale totalizou 29,7 milhões de toneladas em 2020, 29% menor do que em 2019, como resultado da menor disponibilidade de pellet feed nos sites da empresa e dos ajustes de produção de acordo com as condições de mercado.
“O gargalo da Vale para a produção de pelotas continua sendo a menor disponibilidade de pellet feed em suas operações”, disse a companhia no relatório de produção.
A produção de pelotas da Vale foi de 7,1 milhões de toneladas no trimestre, queda de 1,4 milhão de toneladas devido a menor disponibilidade de pellet feed de Brucutu e Itabira e às manutenções na usina de pelotização de Tubarão 6.
Vendas – Os volumes de vendas de finos de minério de ferro e pelotas totalizaram 286,1 milhões de toneladas em 2020, 8,5% abaixo do registrado em 2019. Essas vendas foram 5% inferiores à produção de minério de ferro.
“Para atender clientes em 2019, a Vale reduziu seus estoques operacionais, atingindo níveis insustentáveis. Em 2020, a Vale precisou recompor seus estoques operacionais, possibilitando uma maior aderência entre vendas e produção em 2021”, disse a companhia.
No quarto trimestre, as vendas de finos e pelotas de minério de ferro da Vale alcançaram 91,3 milhões de toneladas, alta de 2,7% na comparação anual.
A Vale atingiu vendas recordes para a China no quarto trimestre, totalizando 64 milhões de toneladas (contra 58 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2019). (Reuters)
Ouça a rádio de Minas