Economia

Acordo entre Mercosul e Efta poderá trazer vantagens para Minas Gerais; confira a análise

Estado poderá ampliar as exportações para o continente europeu
Acordo entre Mercosul e Efta poderá trazer vantagens para Minas Gerais; confira a análise
Exportações mineiras para os países do bloco do Efta somaram US$ 734,7 milhões no ano passado | Foto: Reprodução Adobe Stock

O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, na sigla em inglês) — formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein —, que deve ser assinado ainda este ano, pode beneficiar a economia de Minas Gerais ao possibilitar a ampliação e a diversificação de mercado para exportadores e importadores mineiros.

A avaliação é da analista de negócios internacionais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Winter, que afirma que a entidade vê com bons olhos o possível acordo. “A ideia é justamente aumentar o comércio entre os países e tornar as empresas mais competitivas para estarem inseridas no mercado internacional. O que é bem-vindo, sobretudo no contexto atual de restrição de comércio”, analisa.

No ano passado, conforme informações da Fiemg, o Estado exportou para os países da Efta US$ 734,7 milhões e importou US$ 137,5 milhões. Ouro, café e carbonetos foram os principais produtos exportados. Já nas importações, Minas traz, principalmente, fertilizantes. Números que, na visão dos especialistas, podem ser ampliados.

Para o professor de contabilidade e administração da Newton Paiva Wyden, Franz Pettuceli, o acordo, se realmente efetivado, impactará o Estado positivamente em três frentes: a primeira é o aumento do volume de exportações. “O acordo prevê redução e até eliminação de algumas tarifas que beneficiam nossas exportações, como soja em grãos, café, carne, farelo de soja, milho, entre outros”, diz.

O segundo ponto é a possibilidade de aumento de investimentos no Estado. “O acordo pode trazer investimentos e capital estrangeiro para Minas Gerais, sobretudo nos setores financeiro, de manufatura, papel e celulose, além da mineração.”

Por fim, ele ressalta a maior previsibilidade e segurança jurídica. “Por existir um acordo, a gente consegue prever o que vai ser produzido, como e em qual quantidade, trazendo segurança jurídica”, conclui.

O economista e professor do UniBH, Fernando Sette Junior, ressalta que, apesar das muitas oportunidades — como no agronegócio, que pode se beneficiar com o café, a carne e o queijo —, é preciso atenção a alguns pontos. Ele acredita que áreas como tecnologia e energia renovável podem ser bem aproveitadas, agregando tecnologia, já que serão importadas com custos mais baixos.

Porém, os benefícios vão depender, na visão dele, de políticas públicas e normas que se preocupem com a indústria brasileira, incluindo a mineira. Acordos comerciais abrem o mercado, e a indústria local passa a enfrentar concorrência forte — principalmente a pequena e média indústria.

“Temos que ter cuidado para não gerar uma desindustrialização. Tendo um custo menor para chegar até aqui, eles podem gerar uma concorrência desleal com a indústria local. O peixe, por exemplo, é um setor muito forte para eles. Então, precisamos saber lidar com essa concorrência e aproveitar as vantagens comparativas que temos aqui”, avalia.

Empresas brasileiras serão resguardadas

No entanto, a analista de negócios internacionais da Fiemg, Verônica Winter, explica que no acordo feito entre as partes, o governo brasileiro garantiu que foram previstas estas preocupações e que a indústria brasileira estará resguardada. “Não temos o texto final do acordo ainda, porém, o governo alega que os setores que ganharão concorrência haverá proteção”, diz.

Segundo declaração do governo brasileiro, o acordo Mercosul-Efta criará uma zona de livre comércio de quase 300 milhões de pessoas e um PIB combinado de mais de US$ 4,3 trilhões. Em que ambas as partes se beneficiarão de melhoras em acesso a mercado para mais de 97% de suas exportações, o que aumentará o comércio bilateral e beneficiará empresas e cidadãos.

O Mercosul e a Efta concluíram as negociações após oito anos de discussão que vinham acontecendo desde 2017. O anúncio foi feito durante a cúpula do bloco sul-americano, que encerrou na quinta-feira (3) em Buenos Aires, na Argentina.

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