Acordo Mercosul-UE pode ampliar investimentos privados em Minas Gerais

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que está em processo de ratificação depois de as negociações terem sido concluídas em dezembro passado, pode beneficiar Minas Gerais. Há perspectivas de que o volume de investimentos do bloco europeu no Estado cresça. Também são esperadas grandes oportunidades pelo setor industrial mineiro.
Conforme a embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, a relação entre Minas e a UE já é intensa e tem fortes bases. Em torno de 40% dos aportes estrangeiros no País advém de países do bloco e, desse percentual, cerca de 32% são recebidos pelo Estado, segundo ela. Outro ponto é que ambos se interessam pelo desenvolvimento sustentável.
“Esse tratado representa uma grande ocasião para impulsionarmos esse relacionamento e verdadeiramente trazermos ele para um novo patamar”, destacou Marian Schuegraf em coletiva de imprensa, após um encontro entre embaixadores de países da UE e líderes da indústria mineira na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Para além de Minas – e do Brasil –, na visão da embaixadora, o acordo da União Europeia com o Mercosul ampliará a competitividade, gerará empregos qualificados e contribuirá para um crescimento no nível geral de investimentos nos dois blocos. Segundo ela, a parceria também criará a maior zona de livre comércio do mundo, com mais de 750 milhões de consumidores, e será um sinal importante de que o multilateralismo funciona.
Minas é muito mais do que recursos minerais, destaca embaixadora
Com o tratado birregional, cidadãos, pesquisadores e comunidades empresariais serão capazes de interagir de forma mais próxima. Isso possibilitará que os blocos consigam, de certo modo, desenvolver uma imagem melhor de si, conforme a embaixadora.
Nesse sentido, Minas, por vezes, é observada como apenas uma grande produtora de commodities, sobretudo, as provenientes da mineração. Entretanto, Marian Schuegraf discorda desse ponto de vista: para ela, o Estado é muito mais do que recursos minerais.
“Eu, por exemplo, sou super fã da culinária mineira. Gosto dos queijos produzidos por aqui. Vou, inclusive, levar os meus colegas embaixadores de outros estados-membros para o Mercado Central. Tenho uma ótima lembrança da última vez que estive lá, e digo que também serei uma embaixadora de Minas Gerais para promover os produtos daqui”, disse.
Fiemg vê ganha-ganha com o tratado na relação entre o Estado e a União Europeia
Segundo o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, o acordo traz boas perspectivas para o setor industrial mineiro, especialmente neste momento internacional conturbado. Conforme ele, as economias do Mercosul e da UE são complementares, e a pauta de exportações brasileiras para o bloco europeu tem forte presença de produtos industrializados, com maior valor agregado, embora tenha commodities agrícolas e poucas commodities minerais.
Para o executivo, o acordo proporcionará um “ganha-ganha” na relação entre o Estado e o bloco europeu, com avanço tanto nas exportações quanto importações. Ele disse que ainda não é possível identificar quais os segmentos industriais que serão mais beneficiados com a parceria entre os blocos, uma vez que todos aqueles que não têm fluxo comercial poderão criar e os que possuem terão a possibilidade de expandir os volumes.
“Mas temos certeza que os produtos industrializados vão ter um empurrão razoável nesse acordo, já que muitos esbarram hoje em um impacto tarifário”, salientou.
Assim como a embaixadora da União Europeia no Brasil, Roscoe também afirmou para jornalistas que a UE é uma grande parceira de investimentos do País. E destacou que os aportes, em ambas as direções, tendem a ser intensificados com o tratado de livre comércio.
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