Economia

AEB estima recorde no superávit da balança comercial brasileira em 2023

Previsão é da Associação de Comércio Exterior do Brasil; da pauta, minério é único que esboça reação nos preços
AEB estima recorde no superávit da balança comercial brasileira em 2023
Dos principais produtos primários da pauta exportadora, somente minério de ferro está tendo algumas reações de preços | Crédito: Reuters/Rodolfo Buhrer

A balança comercial brasileira pode ter um superávit recorde em 2023, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O resultado positivo de US$ 71,9 bilhões poderá ser provocado por um menor volume tanto de exportações quanto de importações. As estimativas da entidade também dão conta de uma continuidade da dependência do comércio exterior brasileiro por commodities agrícolas e minerais e da consequente exposição a uma maior volatilidade de preços.

Dos principais produtos primários da pauta exportadora do País, soja, minério e petróleo, apenas o insumo siderúrgico tem esboçado alguma reação nos preços para o ano que vem. E, ainda assim, diante do menor crescimento chinês, não é garantido que vá se materializar. É o que explica o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

Por isso, segundo ele, o Brasil precisa continuar insistindo em aprovar as reformas estruturantes, o que chamou de condição básica para um impacto positivo no chamado custo Brasil e gerar maior competitividade nas exportações de produtos manufaturados.

“O Brasil é um grande fornecedor de commodity e a demanda global está se retraindo, com os cenários econômicos adversos de Estados Unidos, Europa e da própria China. Precisamos, mais do que nunca, aprovar as reformas. Esta é a única forma de nos livrarmos dessa dependência”, avalia.

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Manufaturados perdem espaço na balança comercial

Dados da AEB indicam que os produtos manufaturados representarão, em 2022, apenas 28% da pauta de exportação do País, quando em 2000 respondiam por 59%. A importância de aprovação dessas reformas também pode ser medida pelo recorde negativo de US$125 bilhões previsto para a balança comercial de manufaturados neste exercício. “Isso é resultado da falta de competitividade dos produtos brasileiros, e que custa ao Brasil cerca de 4 milhões de empregos qualificados”, completa.

As estimativas da associação ainda dão conta de que as exportações brasileiras deverão somar US$ 325,162 bilhões no próximo ano. Caso o resultado se confirme, representará queda de 2,3% em relação aos US$ 332,825 bilhões esperados para 2022. 

as importações estão previstas em US$ 253,229 bilhões para 2023, queda de 6,2% em relação aos US$ 269,900 bilhões estimados para este exercício. Assim, o superávit comercial chegaria ao recorde de US$ 71,933 bilhões, aumento de 14,3% em relação aos US$ 62,925 bilhões previstos para 2022.

“Mas isso não é bom para a economia, não gera atividade econômica”, diz Castro. Isso porque representa, na verdade,  uma diminuição do comércio exterior brasileiro e é consequência das quedas das exportações e das importações. Sendo o resultado das compras junto a outros países maior que o das vendas.

Desaceleração econômica mundial

Sobre os fatores que levarão a esse cenário, o dirigente cita a desaceleração da economia mundial no ano que se aproxima.China crescendo menos, EUA e Europa elevando a taxa de juros, a guerra entre Rússia e Ucrânia ainda gerando incertezas. Para o Brasil, isso é ruim porque ainda somos muito dependentes da venda de nossas commodities, e com um cenário como esse não deve haver valorização nos preços dos produtos“, explica.

Especificamente sobre Minas Gerais, ele afirma que não será muito diferente da média do País. A única ressalva diz respeito ao líder da pauta mineira, o minério, por estar esboçando alguma recuperação nos preços.

Sobre 2022, a entidade reforça as projeções revisadas no fim de julho para US$ 319,471 bilhões nas exportações, US$ 265,345 bilhões nas importações e US$ 54,126 bilhões no superávit.

O último balanço divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia mostrou que, apenas em novembro, o comércio exterior brasileiro registrou superávit de US$ 6,675 bilhões. E no acumulado de 2022 até o mês passado, as exportações totalizam US$ 308,82 bilhões e as importações, US$ 250,795 bilhões, com saldo positivo de US$ 58,025 bilhões.

Em Minas, o superávit do comércio exterior encerrou os 11 meses em US$ 20,8 bilhões, contra US$ 23,8 bilhões em igual período de 2021 – queda de 11,8%. 

As exportações mineiras movimentaram US$ 37,093 bilhões de janeiro a novembro. O montante ficou 5% maior que os US$ 35,3 bilhões apurados na mesma época de 2021. Já as importações feitas por Minas Gerais somaram US$ 16,2 bilhões, superando em 38,2% o valor registrado no mesmo período um ano antes.

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