Alvo de promessas, aeroporto de Itajubá não sai do papel; entenda

O aeroporto de Itajubá segue com obras de construção paradas há quase uma década. O aeródromo é considerado essencial para que a cidade da região Sul, dona de um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de Minas Gerais, se desenvolva ainda mais.
Sonho antigo do município, o empreendimento é objeto de discussões desde os anos 2000, quando já havia promessas de edificação que só foram iniciadas na década seguinte. Em julho de 2013, o governo estadual assinou ordem de serviço autorizando o começo das intervenções, com previsão de entrega para o primeiro semestre de 2015. À época, disseram que o investimento final, somando obra e ações complementares, seria de R$ 79,06 milhões.
De fato, as intervenções começaram, mas nunca foram finalizadas. Questionada, a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) disse, em nota, que a construção do aeródromo foi dividida em duas etapas. A primeira terminou em 2016, com aportes de R$ 64,17 milhões, aplicados em obras de drenagem e parte do aterro do terreno.
Já a última fase do projeto carece de dinheiro, que o Executivo mineiro ainda tenta providenciar. “O Estado busca recursos para viabilizar a conclusão da segunda etapa, que visa finalizar a obra – incluindo, entre outros serviços, a pavimentação da pista de pouso e decolagem, obras civis e a construção do terminal de passageiros”, afirmou.
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Aeródromo foi citado como destino de R$ 100 milhões de fundo nacional
Conforme a Seinfra, o aeroporto de Itajubá foi delegado pela União ao governo de Minas Gerais, por meio de convênio assinado em 2018. Apesar disso, o aeródromo foi citado como possível destino de recursos do governo federal em junho de 2023, durante uma agenda do ex-ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, em Belo Horizonte.
Na ocasião, França destacou a intenção do governo federal em investir, por meio do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), em, pelo menos, quatro aeroportos mineiros. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), que acompanhava o ex-ministro na visita, informou que deveriam ser aportados até R$ 500 milhões e mencionou aeródromos que possivelmente seriam contemplados, incluindo o de Itajubá, que receberia R$ 100 milhões.
O valor, contudo, nunca foi aportado. Procurado, o Ministério de Portos e Aeroportos disse que estão previstos R$ 1,16 bilhão em investimentos públicos e privados para 13 aeroportos de Minas Gerais, mas nenhum deles é o de Itajubá. Ainda segundo a pasta, não há previsão de repasse de recursos do Fnac para obras em terminais mineiros, com exceção da instalação do Indicador de Trajetória de Aproximação de Precisão (Papi) em Varginha.
Especificamente sobre o aeroporto de Itajubá, o ministério ressaltou que a infraestrutura está sob responsabilidade do Estado. “Cabe ao governo estadual conduzir as ações de gestão, operação e eventual retomada das obras no local. Até o momento, não há previsão de investimentos federais diretos para conclusão das obras do terminal”, pontuou.
Por sua vez, Viana esclareceu que o aeroporto de Itajubá precisa de um novo projeto, porque o antigo desapareceu. Segundo o senador, o plano que já está sendo elaborado em conjunto pelo Ministério de Portos e Aeroportos, prefeitura local e iniciativa privada. “Só se pode falar em liberação de verbas depois que toda a documentação tiver em ordem e os convênios assinados. Acredito que, em breve, teremos boas notícias”, ressaltou.
Presença da Helibras aumenta a necessidade de Itajubá pelo aeroporto
É válido lembrar que a única fabricante de helicópteros a turbina do Hemisfério Sul, a Helibras, está instalada na cidade de Itajubá, justamente ao lado do terreno onde o aeroporto começou a ser construído. A presença da empresa, inclusive, aumenta a necessidade de que o aeródromo saia de uma vez por todas do papel e comece a operar.
De acordo com o prefeito de Itajubá, Rodrigo Riera (PSD), o município está buscando investimentos e tem feito aportes em infraestrutura para continuar com um dos melhores IDHs de Minas Gerais e ter um ambiente de trabalho digno de outras multinacionais como a Helibras. No entanto, é fundamental que o aeroporto seja concluído.
“Não tem sentido mais uma cidade ter uma empresa de aeronaves sem ter um aeroporto. Os testes das aeronaves estão sendo feitos no aeroporto Campo de Marte ou no de Atibaia. Estamos no limite com São Paulo, mas isso tem que ser feito em Itajubá. Creio eu que falta muito pouco: é uma obra que não demora mais do que seis meses para ser finalizada”, disse.
“Essa obra está suspensa há mais de oito anos por falta de recursos do governo de Minas, mas agora chegou o grande momento de Itajubá receber esse presente, que é o término desta obra, seja pelo governo federal ou do Estado. Tenho certeza que, com o aeroporto, a Helibras poderá crescer muito frente ao que já é hoje”, enfatizou.
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