Economia

Aeroportos mineiros não foram impactados por anúncio de tarifaço dos EUA

Pequeno volume de voos diretos ajuda a explicar repercussão no Estado
Aeroportos mineiros não foram impactados por anúncio de tarifaço dos EUA
No BH Airport, em Confins, na RMBH, aumento de exportações de carga em julho frente ao mês anterior não pode ser atribuído ao tarifaço e tem fator sazonal | Foto: Divulgação BH Airport

Diferentemente do que foi percebido no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a movimentação de cargas para os Estados Unidos às vésperas de entrada em vigor da nova tarifa imposta pelo presidente Donald Trump, de 50% ao Brasil, não refletiu significativamente no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte (BH Airport), em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ou nos principais aeroportos de Minas Gerais. 

Apesar de a BH Airport, concessionária responsável pelo maior aeroporto do Estado, informar que houve aumento de 11% nas exportações de carga em julho se comparadas às do mês imediatamente anterior, o aumento não pode ser atribuído ao tarifaço de Trump. De acordo com a concessionária, o crescimento deve-se ao fator sazonal e à “evolução consistente da infraestrutura logística do BH Airport”.

De acordo com a concessionária, as exportações do BH Airport para o mercado americano são compostas, em sua maioria, por pedras ornamentais e frutas. No caso das frutas, por serem perecíveis, os embarques seguem o fluxo natural, sem grandes possibilidades de antecipação. Já o aumento no envio de pedras ornamentais, “é um movimento esperado neste período, em função da preparação para a feira internacional JOGS Tucson Gem & Mineral Show – Fall, que acontece em agosto, nos EUA”, disse em nota. 

Desde a sexta-feira (25), a GRU Airport, concessionária que opera em Guarulhos (SP), havia detectado “um aumento expressivo” nos envios e pedidos de agendamento para despacho de cargas para os EUA. Sendo os principais produtos exportados os seguintes: calçados, material de construção e carne enlatada, originários de localidades como Franca (SP), Bahia e Espírito Santo.

Segundo o especialista em comércio exterior, Jackson Campos, o motivo de BH Airport não apresentar impacto nas exportações para os Estados Unidos pode estar ligado ao pequeno volume de voos diretos. Diferentemente de aeroportos como Guarulhos (SP), Viracopos (SP), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC) ou Porto Alegre (RS), Confins possui apenas cinco voos por semana, o que considera pouco para uma conectividade efetiva. “Na prática, boa parte das cargas mineiras acaba sendo redirecionada para São Paulo, de onde seguem para o exterior. Isso pode explicar porque o impacto por aqui é menor em comparação a outros estados”, alega.

O professor de administração da Newton Paiva Wyden, Franz Petricelli, acredita que é muito cedo para afirmar que o tarifaço tenha gerado impactos menores nos transportes de cargas originados de Minas Gerais. Segundo ele, tradicionalmente, Minas Gerais é dominada por commodities de baixo valor agregado e altos volumes, como o minério de ferro, os grãos e os produtos agrícolas. “Em Minas, essas commodities se beneficiam de outros modais, como o marítimo. Por sua vez, São Paulo, inclui uma parcela muito maior de produtos manufaturados, de alto valor agregado, tecnologia e  bens que demandam agilidade e segurança”, afirmou.

Procurada pela reportagem, a concessionária Movimenta, do grupo CCR, que opera o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, mais conhecido como Aeroporto da Pampulha, na Capital, alegou que o aeroporto não faz transporte de cargas originadas da capital mineira. E mesmo em aeroportos relevantes em que opera como Curitiba, no Paraná, e Navegantes, em Santa Catarina, não foram observados aumento nos envios.

Já a concessionária Aena, que administra os aeroportos de Uberlândia e Uberaba, na região do Triângulo Mineiro, afirmou não ter o levantamento dessas informações.

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