Economia

Agro: sustentáculo da economia brasileira?

Agro: sustentáculo da economia brasileira?
Crédito: Divulgação / AgroBeloni

Muito se tem falado sobre o agronegócio brasileiro. Setor fundamental da nossa economia, contribui também para a segurança alimentar mundial, com uma tecnologia inovadora, alta eficiência e produtividade.

Se é importante destacar seus pontos positivos, importante também é conhecer os pontos negativos, para que se possa corrigi-los, aumentando a eficácia e a rentabilidade do setor, também na defesa do meio ambiente e da sustentabilidade.

Como se sabe, o agronegócio tem múltiplas faces: vai desde a produção de grãos (soja, milho, feijão), passando pela pecuária de corte e leiteira, pelo reflorestamento, aquacultura, biocombustíveis, têxteis (vestuários, artigos de cama, mesa e banho), madeira (celulose, móveis, papel, construção civil) e calçados. Cada um desses setores exige insumos diferentes, desde sementes, fertilizantes, defensivos químicos, até equipamentos apropriados e ultramodernos. Precisa ainda dos serviços de distribuição, o que implica outra série de setores: empacotamento, frigoríficos, transporte, supermercados, ou seja, ramos empresariais diversos, nos quais se incluem ainda o sistema bancário e os financiadores. Tudo isso, tentando assegurar os princípios básicos da proteção ambiental, das relações sociais respeitosas entre os participantes da rede, assim como uma governança integra, ética e transparente, respeitando-se os princípios ESG.

O Brasil é um dos maiores produtores de grãos, carnes e alimentos. Segundo a Conab, a safra de 22/23 ocupou uma área de 78,5 milhões de hectares, com uma produção de 322,8 milhões de toneladas de grãos, cereais e oleaginosas.

O setor é composto por grandes produtores, com alto potencial para os investimentos necessários, traduzidos em equipamentos ultramodernos, tecnologia de ponta e produção em grande escala. Considerado o 3º produtor de alimentos do mundo, entre as maiores empresas brasileiras de agronegócio estão a JBS, a Raízen Energia, a Cosan, a Ambev, a Marfrig e a Global Foods. Em Minas Gerais, a cidade de Unaí, no Noroeste do Estado, ocupa o primeiro lugar entre os municípios do agronegócio, com uma alta produção de soja, milho, feijão, pecuária de corte e leiteira. Seguem-se Uberaba, Paracatu, Perdizes e Sacramento.

Se o agronegócio tem enorme importância na economia brasileira e um papel de destaque no fornecimento da alimentação mundial, não podemos esquecer, todavia, os seus aspectos negativos, para podermos corrigi-los e assegurar a força do setor.

Vejamos então: o primeiro deles tem a ver com a sustentabilidade e a biodiversidade. O desmatamento para as pastagens e para a produção agrícola fica muito além do desejável e do razoável, levando à redução de chuvas, à degradação, erosão e empobrecimento dos solos, à poluição das águas e, por último, mas não em menor importância, à perda da biodiversidade. Por outro lado, o uso de agrotóxicos prejudica enormemente não só o solo, mas também o produto em si e a atmosfera, causando o aumento da emissão gás de efeito estufa (mais de 70% das emissões vêm da agropecuária e do desmatamento).

Outro efeito negativo são as disputas fundiárias, pois o agro vai se estabelecendo em áreas até então ocupadas por outros segmentos e outros fins (terras indígenas, por exemplo), violando os direitos estabelecidos, inclusive direitos humanos e produzindo conflitos de grandes dimensões. Em consequência, a concentração da renda, a violência, o êxodo rural e as desigualdades sociais ficam cada vez maiores. Sobretudo porque as bancadas ruralistas, com grande representação no Congresso, têm grande força de pressão na defesa de seus interesses.

Se o agronegócio se tornou fundamental na economia mundial e na economia brasileira, urge fortalecer as práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva e distribuidora. E é importante lembrar que, tendo em vista a COP28 a ser realizada em Dubai ainda neste mês, o setor agropecuário, através da CNA, se comprometeu a lutar por uma matriz de emissão de gases de efeito estufa mais eficiente e menos desastrosa; a garantir a segurança alimentar, a eficiência energética e a segurança climática; a combater o desmatamento ilegal e, ainda, a defender mecanismos de financiamento que possam fortalecer não só a política de desenvolvimento regional e a eficiência produtiva do setor do agronegócio ─ com atenção contínua na inovação, no conhecimento científico, na tecnologia ─, como também a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade. Sem esquecer a defesa do setor diante das pressões do mercado internacional.

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