Agropecuária cresce 15,1% e bate recorde no PIB em 2023; veja outras análises

Rio de Janeiro e São Paulo – A agropecuária registrou crescimento de 15,1% e bateu recorde no acumulado do ano de 2023 no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O setor de serviços, por sua vez, teve alta de 2,4% no ano passado, enquanto a indústria avançou 1,6% . Os três setores compõem o PIB pelo lado da oferta de bens e serviços.
Em 2023, a economia nacional teve impulso do aumento da safra de grãos, cujo efeito no PIB está mais localizado no início do ano.
Segundo analistas, o desempenho positivo da agropecuária também espalhou estímulos para outras atividades, como os serviços de transportes.
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Em 2024, projeções indicam que a safra não deve alcançar o mesmo patamar do ano passado, já que o Brasil viveu fenômenos climáticos extremos nos últimos meses, como ondas de calor, seca e tempestades em regiões produtoras.
No caso dos serviços, fatores como a abertura de empregos, a melhora da renda e a trégua da inflação beneficiaram o consumo no segmento em 2023.
O setor representa o principal componente do PIB pela ótica da oferta, com peso de cerca de 70% no indicador. Os serviços envolvem negócios diversos, desde transportes, atividades financeiras e de educação até comércios, bares, restaurantes e hotéis.
A indústria, por sua vez, também contou com a melhora do mercado de trabalho como estímulo em 2023, mas ainda sofreu com o nível elevado dos juros. As altas taxas encareceram o consumo de bens, principalmente os de maior valor agregado.
Em uma tentativa de incentivar a indústria, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou neste ano um plano de estímulos para o setor.
Uma ala de economistas, entretanto, criticou a iniciativa, por enxergar o retorno de práticas já adotadas sem sucesso em gestões anteriores do PT.
PIB fecha 2023 com alta de 2,9%
A economia brasileira fechou o ano de 2023 com crescimento acumulado de 2,9%, revelam também os dados do PIB coletados pelo IBGE.
Na mediana, analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 3% para o período de 12 meses.
Considerando somente o quarto trimestre de 2023, o PIB ficou estagnado (0%) em relação aos três meses imediatamente anteriores, disse o IBGE. Nesse recorte, a expectativa mediana de analistas era de variação de 0,1%, conforme a Bloomberg.
Para o PIB de 2024, a expectativa, por ora, é de desaceleração. Analistas do mercado projetam um avanço de 1,75%, segundo a mediana da edição mais recente do Focus, publicada na terça (27) pelo BC.
As estimativas, contudo, vêm subindo. Ao final de 2023, por exemplo, o mercado esperava um crescimento de 1,52% para o PIB de 2024.
Neste ano, a atividade econômica não deve contar com o mesmo impulso da agropecuária, já que fenômenos climáticos extremos jogam contra a produção no campo. O Brasil viveu episódios como ondas de calor, seca e tempestades em regiões produtoras nos últimos meses.
Os juros, por outro lado, estão em ciclo de queda. O corte é visto como possível estímulo para o consumo em 2024, incluindo o de bens de maior valor agregado, dependentes de financiamentos.
Consumo das famílias cai e puxa PIB para baixo no quarto trimestre
O consumo das famílias brasileiras fechou o ano de 2023 com crescimento acumulado de 3,1% ,e em 2022, o indicador havia crescido 4,1%. No quarto trimestre do ano passado, porém, houve queda de 0,2%, primeiro resultado negativo desde o segundo trimestre de 2021, durante a pandemia.
O consumo é considerado o motor do PIB pela ótica da demanda, ou seja, dos gastos com bens e serviços. Responde por cerca de 60% do indicador.
No ano, o resultado foi puxado pelo aumento da massa salarial real, pela queda da inflação e pelos programas governamentais de transferência de renda, segundo o IBGE.
O ano de 2023 foi marcado pela melhora de indicadores de emprego e renda e pela trégua da inflação. A combinação desses fatores beneficiou o consumo no país, de acordo com economistas.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também apostou na volta do Bolsa Família, que substituiu o Auxílio Brasil, em uma tentativa de garantir poder de compra para camadas mais pobres da população.
O nível alto dos juros também foi apontado, ao longo do ano, como um obstáculo para a ampliação dos investimentos produtivos na economia brasileira.
Os aportes, medidos pelo indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), caíram 3% no acumulado de 2023, segundo os dados divulgados nesta sexta pelo IBGE. Foi o pior resultado desde 2016 (-12%), durante a recessão do governo Dilma Rousseff.
Entre os componentes, destaca-se a queda no consumo de máquinas e equipamentos (-9,4%).
A taxa de investimento em 2023 foi de 16,5% do PIB. Em 2022, estava em 17,8%. (Eduardo Cucolo e Leonardo Viceli)
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