Alta de setor industrial atinge maior nível em 8 meses

São Paulo – O crescimento da indústria brasileira acelerou em maio para o nível mais alto em oito meses diante do aumento das novas encomendas e da produção e apesar dos fortes aumentos tanto nos custos de insumos quanto nos preços cobrados, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da S&P Global.
O PMI, divulgado ontem, foi a 54,2 em maio de 51,8 em abril, na mais forte melhora das condições operacionais desde setembro e afastando-se da marca de 50, que separa crescimento de contração.
“O setor industrial se recuperou da desaceleração no crescimento vista no início do segundo trimestre, com o PMI melhorando para máxima de oito meses graças a aumentos mais fortes nas novas encomendas, produção e emprego”, avaliou a diretora associada de economia da S&P Markit, Pollyanna De Lima.
Em meio ao fortalecimento da demanda e lançamentos de novos produtos, as encomendas à indústria aumentaram pelo terceiro mês seguido em maio, a maior taxa desde julho de 2021.
Com o crescimento das vendas ganhando ritmo, o setor industrial brasileiro intensificou a produção, no ritmo mais forte em dez meses.
No entanto, as encomendas internacionais recuaram pelo terceiro mês seguido, com os entrevistados citando demanda fraca dos clientes na América do Sul.
Os fabricantes também citaram dificuldades para receber insumos em maio, atribuindo os atrasos ao lockdown na China, à guerra na Ucrânia e à escassez global de matérias-primas.
O desencontro entre a oferta de insumos e a demanda, bem como a volatilidade dos preços da energia e os fatores internacionais levaram a uma intensificação das pressões de custos.
Com isso os custos dos insumos subiram a uma taxa acelerada e, consequentemente, os fabricantes aumentaram seus preços de venda também com força.
Em relação ao futuro, os produtores mostraram intensa confiança na produção ao longo dos próximos 12 meses. Algumas indústrias esperam mais melhora das vendas e maiores investimentos, enquanto outras demonstraram intenção de lançar novos produtos e expandir a capacidade.
A projeção de crescimento ajudou na criação de empregos em maio, que aumentaram com a maior intensidade em sete meses.
“O sentimento predominante para o cenário de médio prazo é positivo, com quase 71% dos produtores prevendo níveis mais altos de produção nos próximos 12 meses”, disse De Lima.
Aumento em preços de insumos surpreende empresas
Brasília – Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado ontem mostra que a alta dos preços de insumos e de matérias-primas atingiu o setor industrial de modo inesperado em março. Segundo o levantamento, o aumento dos custos de insumos e matérias-primas nacionais superou as expectativas de 71% das empresas, na indústria extrativa e de transformação, e de 73% no caso específico da indústria da construção civil.
Segundo a CNI, 58% das empresas na indústria extrativa e de transformação e 68% na construção relataram aumento de preços de insumos importados acima do esperado. Para a confederação, o resultado coincide com o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que agravou a desestruturação das cadeias de suprimento. Como consequência, além dos atrasos e interrupções no fornecimento de insumos, também houve elevação de preços.
“Em cinco setores, o aumento generalizado dos preços nacionais surpreendeu mais de 80% das empresas. São eles: produtos de borracha, biocombustíveis, metalurgia e veículos automotores e produtos de limpeza. A alta de custos nos insumos importados superou as expectativas de 100% das empresas de biocombustíveis, de 94% das indústrias de produtos de borracha, de 75% do setor de impressão e 73% da indústria química”, informou a CNI.
De acordo com a pesquisa, o cenário de atrasos nas cadeias de suprimentos gerou uma reconfiguração na produção das indústrias brasileiras, especialmente nas que dependem de insumos importados, com reflexos em 40% da indústria geral (extrativa e de transformação) e 54% da indústria da construção.
Essas indústrias tiveram que mudar a estratégia de aquisição de insumos e matérias-primas e buscar fornecedores no Brasil. Entre as empresas que já compram no Brasil, 43% da indústria geral (extrativa e de transformação) e 50% da indústria da construção afirmam que buscam outros fornecedores no País.
A parcela de empresas nacionais que busca fornecedores alternativos fora do País é de 18% na indústria extrativa e de transformação e de 3% na construção civil.
O levantamento mostra que a proporção de empresas na indústria extrativa e de transformação que preveem normalização da oferta de insumos e matérias-primas, ainda em 2022, é de 39%. O percentual de empresas da indústria geral e da construção que esperam normalização apenas em 2023 é de 25%, de 36% para produtos nacionais e 31% e 45% para importados. (ABr)
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