Alta do arroz impulsiona inflação na capital mineira em setembro

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte apresentou um avanço de 0,64% em setembro na comparação com agosto. O dado foi divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG).
Os maiores destaques em relação à variação positiva foram os alimentos elaboração primária (6,74%), alimentos industrializados (2,15%) e artigos para residência (1,40%). Já do lado das quedas, a maior foi verificada em alimentos in natura (5,79%).
Conforme explica a coordenadora de pesquisa da entidade, Thaíze Martins, a elevação nos preços dos alimentos elaboração primária está bastante relacionada aos valores do arroz, que apresentaram um avanço de 17% em setembro e de 44% no ano.
“O arroz tem interferência de vários fatores. Um deles é a valorização do dólar, que acabou proporcionando aos produtores mais negociações em relação às exportações. Com isso, gera-se um desabastecimento interno”, pontua.
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Além disso, o fato de as pessoas estarem mais em casa por causa das medidas de isolamento social, o aumento do home office e o fato de crianças e adolescentes estarem sem aulas também têm gerado um aumento da demanda interna por alimentos, influenciando nos preços.
Com tudo isso, pela primeira vez em 2020, a inflação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 4,15%, acima da meta de 4% definida pelo Conselho Monetário Nacional. No ano, o avanço é de 2,4%.
Diante de todo o cenário atual, segundo Thaíze Martins, não existe previsão de queda de preços em curto prazo. A tendência em todo fim de ano, aliás, é o aumento da inflação. No entanto, dadas as circunstâncias atuais, é preciso aguardar o comportamento dos consumidores para verificar se essa inclinação vai se confirmar mais uma vez.
“Quando acompanhamos a sazonalidade da inflação, observamos um aumento no fim do ano, por causa da proximidade de festividades como o Natal. Neste ano, ainda não sabemos como serão realizados esses encontros”, ressalta ela.
Cesta básica – O custo da cesta básica também apresentou uma variação positiva em setembro em relação a agosto, de 2,48%. O valor da cesta no último mês foi de R$ 490,74, ou seja, 46,96% do salário mínimo.
O maior destaque positivo do mês foi o óleo de soja (29,98%). “O óleo de soja também sofre interferência da valorização do dólar”, salienta Thaíze Martins. O item foi seguido pelo arroz (17,12%), Tomate Santa Cruz (7,31%) e leite pasteurizado (6,34%). A chã de dentro, por sua vez, apresentou um incremento de 2,37%.
De acordo com Thaíze Martins, esses aumentos também estão relacionados ao fato de as pessoas estarem mais em casa, além da sazonalidade dos produtos e período de entressafra. As carnes voltam a subir no fim do ano. “O tomate oscila muito também. Às vezes está em destaque em queda, outras em alta”, pontua ela.
Intenção de compras é o menor em 5 anos
Os dados divulgados pela Ipead/UFMG também revelam que o número de pessoas que pretende presentear as crianças neste ano é o menor nos últimos cinco anos. Em 2020, menos da metade dos entrevistados (40,95%) afirmaram que pretendem presentear os pequenos no dia 12 de outubro.
De acordo com a coordenadora de pesquisa da entidade, Thaíze Martins, o resultado está dentro do esperado, tendo em vista os números relacionados às datas comemorativas deste ano após a pandemia de Covid-19 ter se instaurado no País. “Há uma redução na intenção de presentear”, frisa.
No entanto, apesar da redução do número de pessoas que pretende dar presentes no Dia das Crianças em 2020, o preço das lembranças deverá ser maior neste ano, passando de R$ 45,50 para R$ 61,59. Trata-se do valor mais elevado desde 2017.
Contudo, apesar do incremento verificado, 70,93% das pessoas que pretendem comprar presentes para o 12 de outubro disseram que esperam investir um valor menor ou igual ao do ano passado. Por outro lado, 16,28% afirmaram que pretendem gastar mais do que em 2019.
Índice de confiança tem melhora
Mesmo diante das incertezas provocadas pela pandemia da Covid-19 e da oscilação dos preços, os consumidores de Belo Horizonte estão um pouco mais confiantes. Isso é o que mostra o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que apresentou um aumento de 0,48% em setembro na comparação com agosto, atingindo os 36,44 pontos. No entanto, ainda permanece abaixo dos 50 pontos, limite entre o otimismo e o pessimismo.
O ICC é de grande importância, pois, conforme a coordenadora da pesquisa, Thaíze Martins, é “um termômetro do que o consumidor está sentindo e pensando a respeito da economia”, explica ela. Com isso, os empresários conseguem ter um melhor planejamento.
O crescimento no ICC, segundo a coordenadora de pesquisa da Ipead/UFMG, é um reflexo de tudo o que está ocorrendo, como o processo de reabertura da cidade e o fato de comércio e serviços terem permanecido funcionando.
Com isso, o Índice de Expectativa Financeira (IEF) apresentou em setembro um avanço de 2,52% em relação ao mês de agosto. O item Pretensão de Compra foi o que mais contribuiu para o incremento, registrando um crescimento de 4,48%. Os itens que os consumidores mais pretendem adquirir nos próximos três meses são vestuário e calçados (13,81%), outros (9,52%), móveis (6,19%) e informática/telefonia (5,24%).
No entanto, o Índice de Expectativa Econômica (IEE) registrou uma retração de 2,62% em setembro em relação a agosto, sob a influência da piora na percepção das pessoas acerca da inflação (-17,61%).
Taxa de juros – Em relação à taxa de juros, as taxas médias praticadas para pessoa física, em sua maior parte, apresentaram retração em setembro na comparação com agosto. No entanto, as da construção civil tiveram altas significativas no mês passado, principalmente por estarem atreladas ao IGP-M. A maior foi em construção civil imóveis na planta (248,57%).
Já em relação às taxas para pessoa jurídica, elas ficaram divididas igualmente em avanço e retração, sendo a maior alta em capital de giro (5,79%) e a maior queda em antecipação de faturas de cartão de crédito (-12,86%).
As taxas de captação, por sua vez, apresentaram queda ou estagnação em setembro em relação a agosto.
Dia das Crianças: vendas devem cair 4,8%
Rio – A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta uma retração de 4,8% nas vendas para o Dia das Crianças, comemorado na próxima segunda-feira (12). Segundo os dados da pesquisa divulgada ontem pela entidade, esta é a primeira retração depois de quatro anos, mas não é a pior já registrada, pois a queda em 2016 foi de 8,1%.
De acordo com a CNC, a data é a terceira mais importante para o varejo nacional, atrás apenas do Natal e do Dia das Mães. A expectativa é movimentar R$ 6,2 bilhões neste ano. Em maio, a entidade projetou queda de 60% nas vendas para o Dia das Mães, momento em que as curvas de contágios por Covid-19 estavam em crescimento acelerado no País e o comércio estava fechado por causa das medidas de isolamento social para conter a pandemia.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, dificuldades enfrentadas no mercado de trabalho, que registra desemprego em alta, aumento da informalidade e subutilização da força de trabalho, prejudicam as vendas deste ano.
“Este é um desafio para o setor não apenas para esta data comemorativa, mas também para as demais que estão por vir. A redução do valor do auxílio emergencial, a partir de setembro, também deverá dificultar a retomada das vendas, mesmo em um cenário de inflação e juros baixos.”
O único setor com expectativa de crescimento para a data é o de hiper e supermercados, na comparação com o mesmo período de 2019, e devem movimentar R$ 4,4 bilhões, uma alta 3,2%. O segmento de brinquedo e eletroeletrônicos deve registrar queda de 2,5% ou R$ 1,3 bilhão; as livrarias e papelarias devem diminuir as vendas em 9,9% ou R$ 48,1 milhões; e lojas de vestuário e calçados esperam ter uma perda de 22,1% ou R$ 489 milhões.
A pesquisa da CNC aponta que dos 11 itens relacionados ao Dia das Crianças avaliados, cinco devem estar mais baratos do que no ano passado: os brinquedos (-7,5%), sapato infantil (-5,8%), tênis (-3,1%), roupa infantil (-2,6%) e cinema, teatro e concertos (-0,2%).
Já os serviços de lanches deverão estar 10,2% mais caros que em 2019 e os livros 7%. Na média, os itens relacionados à data estão 3,4% mais caros. (ABr)
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