Alta do trigo ainda não chegou ao pão

Os preços do trigo voltaram a subir no mercado internacional nesta semana. As cotações do cereal para dezembro aumentaram 7%, impulsionadas pela decisão da Rússia de realizar “referendos” em províncias ucranianas separatistas – o que pode sinalizar que o país não renovará o acordo do “corredor de grãos”, que libera a produção dos países em guerra.
“As notícias que vêm da Bolsa de Chicago, que fixa o preço do trigo, são de que haverá uma forte alta”, afirma o presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), Winícius Segantine Dantas, que também responde pela presidência da Câmara da Indústria de Alimentos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Ele ressalva, porém, que a variação ainda não chegou à saca de farinha. Além disso, vários motivos indicam que o momento não é propício para uma alta no Brasil. “Temos muito trigo no mercado, inclusive brasileiro, já que acabamos de sair da entressafra”, explica Dantas.
De acordo com o empresário, outro fator que sustenta o equilíbrio dos preços – este sazonal – é que o verão está chegando e, com ele, o calor que reduz o consumo. “Mas se a situação se agravar na zona de guerra, isso pode mudar”, alerta o dirigente.
Deflação
O presidente da Amipão observa que as deflações dos últimos dois meses no Brasil não aliviaram os custos da panificação, o que poderia reduzir o preço dos produtos. “O trigo e o óleo de soja ficaram estáveis, mas custos como os de aluguel ou de vale-transporte não foram reduzidos. E estamos às voltas com novos aumentos nas embalagens, que devem ter alta de 7% a partir do dia 1º”, ressalta.
Para Dantas, os fatores que provocaram a queda da inflação não trazem segurança para o setor. “É tudo muito inseguro, inclusive o período eleitoral, que não traz certezas sobre como o mercado vai reagir, dependendo do resultado. A inflação pode subir, assim como o dólar e aí não dá para prever nada”, pondera o empresário.
Ele acredita, porém, que boas notícias, como o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, alavancado pelo café e pela mineração, podem amansar o mercado, neutralizando variações da inflação provocadas pela incerteza.
“Quando a economia do Estado vai bem, os olhos se voltam para nós e começam a chegar os investimentos, que geram renda e emprego e, consequentemente, aquecem a economia”, argumenta.
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