Alta da gasolina impacta todo o setor produtivo

A reação à alta do preço da gasolina está evidente nos números e também na rotina de comerciantes e prestadores de serviços, que precisam adequar os negócios para reduzir impactos. Levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP) indica que a venda de gasolina caiu 13% no País, de janeiro a julho, enquanto o consumo do etanol cresceu 40,54%. Em Minas, os números são mais acentuados: nesse mesmo período, a retração na venda de gasolina foi de 21%, enquanto a de etanol subiu 88,8%.
A queda no volume de venda da gasolina coincide com o aumento acentuado no preço. De janeiro a julho, a gasolina acumulou alta de 16,42% nos valores, em Belo Horizonte, enquanto o preço do etanol avançou 3,15%, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais, vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG).
De acordo com o relatório da ANP, o cenário de aumento do consumo do etanol e queda na gasolina dá-se em razão dos preços do biocombustível, que o tornam mais competitivo em relação a gasolina.
Para quem atua no comércio ou na prestação do serviço, não houve como fugir do impacto. Exemplo é o Centerpet, no bairro Castelo, região da Pampulha, na Capital. Segundo o proprietário do comércio, Thiago Miranda, a alta do combustível onera bastante o serviço de transporte de animais. Ele informou que precisou aumentar o preço dessa atividade duas vezes devido à alta dos combustíveis. O resultado é que alguns clientes passaram a levar o animal até o local em carro próprio. Ele também relata que houve elevação no preço de vários produtos. “Alguns aumentos a gente repassa, enquanto outros a gente segura”, diz. Para tentar minimizar os impactos, o comércio vem utilizando o etanol em seus veículos.
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Na Padaria Bom Pão, na Capital, o impacto foi indireto. Segundo o funcionário Marcos Carvalho, houve alta no preço da matéria-prima, sendo necessário fazer o repasse para os produtos. Além disso, o combustível passou a ter maior peso no orçamento das famílias, sobrando menos dinheiro. Com esses fatores, houve redução no consumo. No caso das entregas, não houve problema, já que são feitas a pé.
Já aqueles comércios que não têm como dispensar o veículo na hora da entrega, o efeito é mais intenso. Gerente do comércio Rei das Esquadrias, Luiz Carlos Peixoto relata que, devido à alta dos combustíveis, sua tabela de preços foi reajustada em 6% há duas semanas. “A alta dos combustíveis também leva ao aumento de outros produtos”, diz. Com isso, o comércio sente o impacto duplamente: na hora de adquirir os produtos e no momento da prestação do serviço, devido aos deslocamentos. “Utilizamos o carro para fazer as compras, as entregas e os orçamentos”, diz. A loja fica na região Oeste da Capital.
No caso dos motoboys, as queixas são constantes. Auxiliar administrativo da Classe A, que presta esse serviço, Washington Alves explica que a empresa trabalha por meio de aplicativos e que o custo do combustível fica por conta do condutor. Mas, segundo ele, é bastante comum ouvir os motoboys reclamando dos preços.
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