Economia

Moradia mais cara: aluguel em Belo Horizonte sobe 4,52% em 2025

Aumento da renda e menor oferta de crédito impulsionam segmento; Região Centro-Sul concentra maiores elevações de preço
Moradia mais cara: aluguel em Belo Horizonte sobe 4,52% em 2025
Foto: Alessandro Carvalho/Diário do Comércio

A alta demanda, em contraponto à falta de estoque do setor imobiliário, levou o preço do aluguel a avançar 4,52% em apenas três meses em Belo Horizonte. No período, a locação de imóveis residenciais na capital mineira registrou avanço superior à média nacional (3,22%), além de superar cidades como São Paulo (3,28%) e Rio de Janeiro (4,03%).

No último mês, o aluguel de imóveis apresentou aumento de 1,64% na cidade, enquanto nos últimos 12 meses a variação acumulada soma 15,79%. Os dados fazem parte dos últimos resultados do Índice FipeZAP, divulgados nesta terça-feira (15).

De acordo com a vice-presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Flávia Vieira, desde 2022 o setor segue se recuperando e passa atualmente por um período de ajustes em contratos. “Uma parte desse avanço é uma recomposição de preços e não necessariamente um aumento real”, destaca.

Ainda assim, a dirigente acredita que a elevação dos custos segue ocorrendo em virtude da falta de estoque de imóveis em Belo Horizonte. “As residências vêm alavancando o mercado e observamos, já a algum tempo, uma maior procura por andares comerciais – que melhorou muito e também vem se recuperando”, completa.

Novos empreendimentos na região Centro-Sul alavancam preços

Com os recentes avanços, o preço médio do aluguel por metro quadrado (m²) chegou a R$ 45,10 na cidade, com destaque para a região Centro-Sul. Santo Agostinho (R$ 64,20/m²), Savassi (R$ 63,70/m²) e Belvedere (R$ 61,50/m²) estiveram entre os bairros com os maiores custos registrados no mês.

Em crescimento, Santa Lúcia foi o bairro com a maior variação percentual no valor do aluguel registrada em Belo Horizonte, com aumento de 42,3%. Logo depois, Santo Agostinho e Sion completam o ranking dos bairros com as maiores altas no preço, de 36,6% e 24,3% respectivamente.

Para Flávia Vieira, os preços de locação de imóveis nesses bairros são afetados, principalmente, por novos empreendimentos que ficaram prontos. “Bairros como Sion e Santa Lúcia, apesar de possuírem imóveis antigos e bem valorizados, continuam lançando novos empreendimentos, o que consequentemente alavanca os preços”, pontua.

Além dos preços, as profundas mudanças nos últimos anos readequaram os perfis e as necessidades de moradia de diferentes públicos. Desde o fim da pandemia, o segmento de aluguel segue atraindo cada vez mais jovens, recém-casados e profissionais que chegam à Belo Horizonte em busca de oportunidades.

A localização dos imóveis é um dos principais fatores de decisão para esse público na hora de alugar um imóvel. Além disso, imóveis com atributos robustos de infraestrutura, como academia e área de lazer, ganham vantagem em detrimento aos tradicionais.

Aumento dos juros impulsionam mercado de locação

Ao comparar os resultados em Belo Horizonte com o desempenho nacional, a economista do DataZAP Paula Reis aponta que a capital mineira está em linha com as demais capitais do Sudeste, que experimentam uma aceleração na taxa acumulada em 12 meses. O avanço é justificado pelo bom desempenho previsto para o mercado de trabalho e ao desaquecimento do mercado de vendas.

“O primeiro fator indica que potenciais locatários têm renda e capacidade de absorver os repasses de preço pedidos pelos proprietários. O segundo é reflexo do aumento dos juros e da menor oferta de crédito, o que pode levar mais famílias a optarem pelo aluguel em vez da compra de imóveis”, destaca a economista.

Além disso, o aumento da Taxa Básica de Juros (Selic) e a redução dos recursos da poupança criaram um ambiente menos favorável para o financiamento imobiliário, impulsionando o mercado de locação. Segundo Paula Reis, com o crédito mais caro e restrito, a procura por imóveis à venda tende a diminuir, enquanto a demanda por aluguel pode crescer, elevando os preços, especialmente em regiões com oferta limitada, como Belo Horizonte.

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