Economia

Aluguel residencial em BH acumula alta superior à do País

Aluguel residencial em BH acumula alta superior à do País
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Com uma alta acumulada de 16,51% no ano até setembro, os aluguéis residenciais em Belo Horizonte estão subindo a um ritmo muito superior à média nacional, que foi de 13,64%. “Esse efeito evidencia um momento de recuperação dos preços diretamente ligado à recuperação da economia global no pós-pandemia”, explica a economista do DataZAP+, Larissa Gonçalves.  

A elevação dos preços constam no Índice FipeZAP+ de Locação Residencial, pesquisa divulgada ontem pelas empresas Fipe e ZAP+. A pesquisa mostra que, entre as capitais, Belo Horizonte tem a quinta maior elevação do Brasil, abaixo apenas de Florianópolis, com 27,17% no acumulado do ano, Goiânia, com 25,89%, Fortaleza, com 23,44%, e Curitiba, com 20,19%.

Preço médio 

Dentro de um ranking que monitora 25 cidades brasileiras, a capital mineira tem um preço médio de locação intermediário no setor imobiliário nacional. Ocupando o 12º lugar, o preço médio ficou em R$ 29,77 por metro quadrado. Em parâmetros nacionais, o preço médio de locação ficou em R$ 35,74 por metro quadrado, enquanto a lista foi liderada por Barueri, no interior paulista, com alta de 1,10% e precificação de R$ 47,16 por metro quadrado. 

No comparativo de setembro frente a agosto, quando se avalia as 11 capitais participantes do estudo, Belo Horizonte aparece em 6º lugar, com alta de 0,80%. No mesmo intervalo, o ranking é liderado pela cidade de São Paulo, com alta de 1%, e preço médio de locação de R$ 44,47, sendo o mais caro do País.

Entre os bairros de Belo Horizonte, Savassi, Belvedere e Lourdes são os mais valorizados para locação de imóveis residenciais, com precificação média em setembro de R$ 49,70, R$ 48,20 e R$ 38,30, respectivamente. Santo Agostinho aparece em quarto lugar, com preço médio de R$ 38,10 o metro quadrado. 

Na sequência, aparecem o Funcionários, com R$ 37,80, Sion, com R$ 31,10, Buritis, com R$ 31,00, Santo Antônio, com R$ 29,10, Serra, com R$ 29,80, e o Gutierrez fechando a lista de bairros mais representativos com preço médio de R$ 24,10 por metro quadrado.

“A gente vê que o índice está acelerando já há um certo tempo, com valores bem acima da inflação e são preços que vêm subindo acima da inflação, na casa dos 15%. Só que a gente tem que tomar um cuidado relativamente, pois nos dois anos da pandemia nós tivemos quedas reais do índice. Ou seja, foram quedas reais nos preços de locação, porque durante este período o mercado imobiliário em si teria ficado aquecido, mas na questão de compra e venda e não pelas locações”, avalia Larissa Gonçalves. 

“Esse cenário ocorre basicamente aqui no Brasil pela retomada gradual, e não parcial, das atividades produtivas, do comércio e serviços”, lembra a economista, destacando também que, em Belo Horizonte, por exemplo, vários bairros registraram aumento por serem extremamente importantes com o deslocamento universitário por conta da retomada das aulas presenciais.

A tendência para um longo prazo, segundo Larissa Gonçalves, é uma previsão para a estabilização dos preços. Ela enfatiza que o mercado não está tão acelerado quanto ele estava antes, mas que os preços podem continuar em elevação nos próximos meses. “Depois que passados os momentos de vacinação com a volta das pessoas às ruas, seguida de maior flexibilização e aumentando a procura por imóveis por locação, os preços aos poucos voltaram a subir, para depois se estabilizar”, aponta. 

Mercado de locação quase dobra em 12 anos

De acordo com o economista e CEO da Epar, player que oferece serviços de gestão para imobiliárias, Eduardo Luiz, o mercado de locação nos últimos 12 anos cresceu 90%. “Saímos de 7 milhões de moradias no regime de locação para quase 14 milhões de moradias. Esse dado é muito relevante, porque ele demonstra que a locação está sendo uma demanda muito bem procurada por clientes dos mais variados tipos, mas principalmente pelos millennials. E aí a gente tem que entender que os millennials, já a partir de 2022, já são maioria na força motriz do PIB brasileiro”, comenta.

Segundo o especialista, a modalidade de locação já deixou de ser uma opção, e passa a ser uma preferência. Uma referência para aqueles que gostariam de estar usando o imóvel e não ter um imóvel. “Então quando a gente fala de locação, principalmente residencial, ela tende a ter um aumento, porque na medida em que você tem uma oferta que é menor do que a procura, isso faz com que a aceleração dos imóveis fique mais alta”. 

Outro fator que também pesa nessa história, segundo Eduardo Luiz, está diretamente ligado ao “dançamento das cidades”.

“Existem estatísticas que, entre 2030 e 2040, o grau de urbanização de pessoas que vão viver em grandes centros vai crescer na proporção de 30% do que a gente tem hoje. Isso significa que o mercado imobiliário vai precisar de mais modalidades de imóveis para morar e, consequentemente, a locação tende a ser uma opção muito acessível. Esse fator pode ocorrer principalmente quando a gente fala de taxa de juros, porque toda vez que você tem uma taxa de juros elevada como referencial, você tem pouca venda ou uma venda menor. Toda vez que você tem uma taxa de juros menor, você tem uma venda maior. E aí a locação fica como opção para essa relação”, conclui o CEO da Epar.

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