Economia

Alunos fazem protesto contra o fechamento do Aeroporto Carlos Prates

De acordo com a Associação Voa Prates, atualmente 1 mil alunos dependem do aeródromo na capital mineira
Alunos fazem protesto contra o fechamento do Aeroporto Carlos Prates
Cerca de 70 pessoas se concentram nesta tarde em frente ao MPF, em Belo Horizonte | Fred Wanderley

Um ato contra o encerramento do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste da Capital, acontece nesta quarta-feira (22), em frente ao Ministério Público Federal (MPF), em Belo Horizonte. O protesto, que conta com cerca de 70 pessoas, entre alunos, pilotos e colaboradores das cinco escolas de aviação instaladas no aeródromo, teve início às 13h. Eles reivindicam a continuidade das operações, pois, segundo eles, o fechamento vai prejudicar a formação de 1 mil jovens que sonham em atuar no setor de aeronáutica, além de desestruturar as instituições que são referências do setor no País.

Prestes a se formar no curso de Ciências Aeronáuticas, Felipe Eduardo Aguiar Vale, de 25 anos, é aluno da Faculdade Fumec, porém precisa de mais algumas horas de voo no aeródromo para concluir os estudos. Utilizando o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), ele lamenta a forma como o poder público tem descredibilizado o aeroporto.

“Eu estou concluindo agora, pois curso desde 2019. Porém, tem gente iniciando agora, querendo realizar um sonho. Vejo que é um grande retrocesso não somente para a minha formação, mas para toda a sociedade”, diz Felipe Vale.

Para o estudante, com as mudanças a cerca do futuro do aeródromo, ele prevê que a a aviação vai sofrer com a burocratização. “O Carlos Prates tem diversos meios de formação, é um facilitador para quem reside perto e precisa cursar. Não tem como resolver uma realocação de um dia para o outro. Digo isso, pois esses outros aeroportos não têm infraestrutura física e legal para as escolas atuarem”, acrescenta.

Imbróglio pode prejudicar 500 famílias e atividades econômicas

Sentindo-se prejudicados com o possível fechamento do Aeroporto Carlos Prates, centenas de estudantes, como é o caso do Felipe, estudam por meio do Fies. A incerteza que paira sobre o futuro do aeroporto, pode acarretar ainda em endividamentos.

Segundo o Ministério da Educação, quem ainda não usou a função de trancamento de matrícula, poderá optar pela suspensão de forma temporária para o semestre, até que os próximos passos sejam definidos. Ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, a pasta ressaltou em nota que “a funcionalidade pode ser utilizada em até 02 (dois) semestres consecutivos e, sem a constatação dependências financeiras. O término precisa ser formalizado na agência bancária do qual o estudante assinou o contrato”, informa.

O piloto e professor de aeronáutica, Diogo Fonseca, que atua desde 2021 na área de aviação, relata que nunca se deparou com uma situação como esta no setor. “Fiz questão de estar aqui para defender os futuros pilotos, assim como toda a classe de instrutores e demais profissionais que serão impactados. O fechamento é um impacto muito grande para a aviação. Nós temos e precisamos de investimentos nos aeroportos e não o fechamento deles”, exclama.

Segundo ele, a histórica trajetória de 80 anos do aeródromo, se fortificou com a formação de milhares de alunos. “Esses alunos não são somente do Brasil. Nós estamos falando de alunos presentes no mundo todo. O mundo inteiro tem profissionais que se formaram no Aeroporto Carlos Prates, pois são muitos anos de atividade aeronáutica”, conta.

“Agora, cerca de 500 famílias estão envolvidas nesta história e, várias atividades econômicas também. Se você não tem um aeroporto em Minas Gerais para o aprendizado de nossos estudantes, só temos a perder. Estamos aqui para pedir a permanência do Carlos Prates”, afirma o docente.

Diante da manifestação, representantes das escolas de aviação, entregaram um requerimento com as reivindicações ao Ministério Público Federal (MPF). A expectativa é que se tenha uma resposta do órgãos nos próximos dias, e que se tenha uma abertura de diálogo entre as partes. “Não se constrói nem uma casa, regulariza e mora nela em dez dias. Quem dirá um aeroporto. Não podemos ser tratados assim”, complementa o presidente da Associação Voa Prates, Estevan Velasquez.

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