Economia

América Futebol Clube e SaveCerrado realizam ação de conscientização em Dia Nacional do Cerrado

América Futebol Clube e SaveCerrado realizam ação de conscientização em Dia Nacional do Cerrado
Rio São Francisco está inserido em região do Cerrado - Crédito: Pixabay

O Dia Nacional do Cerrado, celebrado em 11 de setembro, é o marco para as reflexões acerca da importância da preservação do segundo maior bioma do Brasil e da América do Sul — atrás apenas da Amazônia em extensão territorial, conforme informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em estudo intitulado “Biomas e Sistema Costeiro-Marinho do Brasil”

De acordo com o relatório do IBGE, publicado em 2019, o Cerrado está presente em todas as regiões do país, sendo que as maiores áreas estão concentradas no Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, além do Distrito Federal e Tocantins, que têm seus territórios inseridos majoritariamente no bioma. Em todo o solo brasileiro, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Cerrado está presente em uma área de 2.036.448 km², o que significa 22%  da superfície nacional. 

Ainda segundo dados do MMA, já foram catalogadas mais de 11 mil espécies de plantas, de 199 mamíferos e de 837 aves no bioma. A região abriga, ainda, as três maiores bacias hidrográficas do continente sul-americano, representadas pelas bacias Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata. 

Tamanduá-bandeira é espécie nativa do Cerrado e sofre risco de extinção – Crédito: Pixabay

A savana brasileira, como é conhecida a vegetação do Cerrado, é o maior bioma de Minas Gerais, já que ocupa 54 % da área do Estado, conforme aponta a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável com base nos dados do Mapa de Biomas do Brasil, do IBGE. As áreas estão localizadas, principalmente, nas bacias do Rio São Francisco e Jequitinhonha. 

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SaveCerrado em benefício da preservação

Diante do constante desmatamento do bioma, a Organização Não Governamental (Ong) SaveCerrado nasceu, em 2017, com objetivo de identificar áreas do Cerrado que estão próximas às unidades de conservação, mas em propriedades privadas. É a partir da análise prévia do local e do entendimento sobre nível de preservação desse lugares que a organização começa a agir, conforme explica o fundador da ONG, Paulo Belonia. 

“Nós fazemos acordo com proprietários de terras inseridas no Cerrado para que eles mantenham a área preservada. Para isso, parte do recurso captado pela ONG é repassado para eles, conforme é previsto na Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (Lei 14.119). Esse é o mecanismo que encontramos, porque há legislação que permite a exploração de 80% de áreas de cerrado para o uso do agronegócio. Quando não remuneramos, as áreas ficam vulneráveis para exploração”, explana Belonia. 

A partir dessa parceria com proprietários e a arrecadação de recursos junto a empresas e sociedade civil, a ONG monitora a área, envolve a comunidade local, leva educação ambiental corporativa e denuncia as ameaças do desmatamento. Hoje, a SaveCerrado representa cerca de 100 empresas que apoiam financeiramente a instituição e, em contrapartida, reduzem a pegada de carbono dos seus negócios

Ainda segundo Belonia, a ONG atua com valores acessíveis para adoção de áreas do Cerrado para que não só grandes empresas estejam engajadas com a preservação ambiental, mas para que negócios de pequeno e médio porte e pessoas físicas possam participar do movimento. Para pessoas físicas, a adoção de uma área de 10 m², por exemplo, custa R$ 30,00. Já as empresas podem começar com planos de 10 mil m², que têm valor equivalente a R$ 450,00. 

América alerta sobre desmatamento do Cerrado

Neste sábado, no Dia Nacional do Cerrado, o América Futebol Clube entra em campo para disseminar a importância do Cerrado para o futuro do planeta. Em 2018, o clube iniciou seu apoio à SaveCerrado e realizou um inventário para entender a média das emissões de carbono emitidas em seus jogos no Independência enquanto mandante com base em metodologia de cálculo da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Após o inventário, o América adotou uma área de 80 mil m², na Região Mosaico Vereda do Peruaçu, em Bonito de Minas, para equilibrar as emissões de carbono, consciência que o time busca ampliar para os torcedores no jogo que coincide com o dia do Cerrado. “O futebol não pode ser uma bolha em que as pessoas ficam distantes do que acontece no mundo. E os clubes precisam usar essa influência junto aos torcedores para engajá-los”, afirma Luiz Martini, coordenador de comunicação do clube. 

Especificamente no jogo que coincide com o Dia Nacional do Cerrado, o time irá jogar com camisas que levam frases de reflexão sobre o desmatamento no bioma, além de programar conteúdos especiais para torcedores e visitantes das redes sociais durante o mês de setembro. 

Movimento Minas 2032

Ainda neste mês, o clube realiza uma homenagem ao Movimento Minas 2032, do qual o América e a SaveCerrado fazem parte. A iniciativa foi criada pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO com o objetivo de fomentar, na sociedade mineira, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e diálogos sobre o desenvolvimento socioambiental e o futuro do Estado

Segundo a presidente e diretora editorial do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Adriana Muls, o apoio do Jornal à SaveCerrado faz parte do entendimento da importância do bioma e da corresponsabilidade com a Agenda 2030.

“Nós somos todos responsáveis pela sustentabilidade. O cerrado está aqui, em nosso Estado, mas a gente fala pouco ainda. E nós entendemos que essa é uma causa importante, e vimos muito sentido nessa bandeira que também está ligada à escassez da água, por exemplo. É uma visão sistêmica: perceber que fazemos parte de tudo e que precisamos olhar para o bem-estar do planeta”, afirma Muls.  

Desmatamento do Cerrado

Apesar da riqueza de espécies do bioma e da sua importância para os cursos d’água localizados no território onde a vegetação está, vale ressaltar que somente em 2017 e 2018 o país registrou taxas de desmatamento de 7.474 km² e 6.657 km² na área ocupada pelo Cerrado, segundo levantamento feito pelo MMA por meio Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Projeto de Monitoramento Cerrado (Prodes Cerrado).  

No entanto, a queda observada em 2018 não foi mantida: em 2020, o Cerrado teve uma área total suprimida de 7.340 km², 13% maior do que em 2019, quando o Inpe e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) registraram desmatamento de área equivalente a 6.484 km² — os períodos considerados pelos órgãos estão entre agosto, do ano de referência, e julho do ano subsequente. 

Conforme figuram os dados, a maior região suprimida está no território da Bahia, e Minas Gerais contribui com 8,69% do total do desmatamento do bioma no país. Em números absolutos, o território mineiro saltou de 496,71 km² de área desmatada em 2019 para 637,91 km² em 2020, um acréscimo de 28,43 % no comparativo com o ano anterior. 

Historicamente, no acumulado de 2001 a 2021, Minas Gerais ocupa a 3ª posição no que é chamado de “incrementos de desmatamentos”. Os números disponíveis na plataforma TerraBrasilis, também desenvolvida pelo Inpe, revelam que no período o Estado já teve área de 45.461,22 km² suprimida. 

Em relação ao ano atual, entre os municípios mineiros que representam a maior taxa de desmatamento do bioma estão Januária, Arinos e João Pinheiro. Já no que diz respeito às áreas desflorestadas em áreas de proteção estão a Carste de Lagoa Santa e o Parque Nacional Grande Sertão Veredas — até o fechamento desta matéria a Semad não retornou à reportagem sobre ações de preservação no estado e áreas recuperadas.

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