Economia

Amig cria grupo de trabalho para propor soluções para a infraestrutura da BR-040

Entidade vai apresentar à concessionária da rodovia e à ANTT projetos para trevos, passagens de subnível e viadutos
Amig cria grupo de trabalho para propor soluções para a infraestrutura da BR-040
Foi feito estudo durante dois anos no trecho entre Alphaville e Congonhas, que constatou 56 mortes em 54 km | Crédito: Divulgação

Diante da falta de segurança, aumento dos acidentes e do fluxo cada vez maior de caminhões na BR-040, carregados principalmente com minério de ferro, a Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) criou um grupo de trabalho que tem a meta de debater e buscar soluções que aprimorem a infraestrutura no modal rodoviário a fim de reduzir o índice de acidentes e mortes na rodovia. O grupo também irá trabalhar junto aos diversos atores, inclusive com as mineradoras, em busca de solução para desafogar o trânsito de caminhões.

O presidente da Amig e prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira, explica que a criação do grupo tem o objetivo de articular soluções para a BR-040. 

“Nosso objetivo é buscar soluções para os problemas da rodovia – que é considerada, hoje, a rodovia da morte em Minas Gerais – e para o tráfego de carretas que ocorre, principalmente pela mineração, que é muito intensa na região. O grupo reúne os prefeitos que são diretamente afetados pela rodovia. Vamos ter todo um planejamento de ações para construir caminhos e resolver esse problema que mata vidas todos os dias”.

Ao longo de dois anos – entre dezembro de 2020 e dezembro de 2022 -, o engenheiro civil Herzio Geraldo Bottrel Mansur desenvolveu um  estudo que motivou a criação do grupo de trabalho.

O estudo detalhado sobre a BR-040, entre os trechos do Alphaville a Congonhas, levantou dados sobre o fluxo de veículos, número de vítimas fatais, de sinistros e de problemas e falta de infraestrutura na rodovia. Entre os gargalos, foram observados falta de balanças, longos trechos sem acostamento, deficiências de limpeza, de sinalização, pavimentação precária, entre outros. 

O objetivo do levantamento foi sensibilizar as autoridades públicas sobre a falta de infraestrutura, os descuidos e os pontos da via que trazem maior risco para a segurança dos usuários e também os números de sinistros e mortes ocorridos nos últimos anos.

Segundo Mansur, em dois anos, foram constatados 53 óbitos locais em 54 quilômetros de rodovia. O número total pode ser o triplo dos 53, uma vez que as mortes de pessoas acidentadas na via e ocorridas ao longo do transporte de socorro ou nos hospitais não foram contabilizadas.

“Certamente os sinistros nos 54 quilômetros provocaram mais de uma morte a cada quilômetro. Se nenhuma medida for tomada, as mortes vão continuar acontecendo e aumentando, já que o tráfego de caminhões é crescente”, explicou. 

Ainda segundo o estudo, a participação de carretas nos sinistros é elevada, representando quase metade dos acidentes. No período da pesquisa, dos 272 sinistros registrados, 127 ou 46,7%, tiveram uma carreta envolvida. Dos 127 sinistros envolvendo caminhões, foram 23 mortes locais ou 52% de um total de 53 mortes.

Mesmo com o número de acidentes elevado, o presidente da Amig ressalta que não há ação efetiva, seja do governo federal, do Dnit, da concessionária que administra a via e nem das empresas mineradoras para solucionar um problema que se agrava a cada dia. 

“A BR-040 é um problema que, se não encontrarmos soluções, a previsão é drástica não só do ponto de vista de vidas perdidas, mas também do desenvolvimento econômico dessas cidades que são afetadas e prejudicadas, inclusive, no turismo, como vem acontecendo em Ouro Preto. Antes, levávamos uma hora de Belo Horizonte e agora são pelo menos duas horas, se chegarmos. A BR-040 passou a ser prioridade máxima da Amig junto aos prefeitos filiados e afetados e junto com a população dessas cidades”.

O presidente do grupo de trabalho da Amig e prefeito de Congonhas, Cláudio Antônio de Souza, explica que o grupo dará um passo muito importante em relação ao trajeto da BR-040. 

“Ao longo dos últimos anos, observamos o aumento do tráfego pesado, principalmente, pela logística pelas mineradoras. Temos assistido a muitos acidentes fatais, que não têm recebido a devida atenção. Infelizmente, são mais de 20 anos que estamos aguardando soluções, projetos e propostas. A concessão da rodovia não trouxe as soluções que esperávamos. Então, com o grupo de trabalho vamos discutir e propor soluções para os problemas do tráfego perigoso”.     

Os participantes já iniciaram os trabalhos. De acordo com Souza, já foram feitas visitas à concessionária que administra a BR-040 e à ANTT, que são as principais e que irão tomar as decisões de acatar e aprovar os projetos que estão sendo encaminhados.

“Estamos encaminhando projetos para trevos, passagens de subnível, de sobre nível, viadutos e, principalmente, as questões das duplicações dos territórios”.

O grupo de trabalho também está buscando apoio junto às mineradoras, que estão favoráveis.

“Nós começamos a conversar com algumas mineradoras. Muitas delas já se colocaram favoráveis a participar do projeto, algumas com material e outras até com recursos financeiros. As mineradoras envolvidas no trevo de Moeda, por exemplo, estão muito proativas no sentido da solução do trevo. Já tem recursos disponibilizados por elas e os projetos estão em andamento para aprovação. Demos um grande passo e a partir daí a gente acha que este diálogo passa a percorrer com as demais mineradoras do trajeto”, explicou o presidente do grupo de trabalho da Amig e prefeito de Congonhas, Cláudio Antônio de Souza.

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