Ampliação do Minha Casa, Minha Vida deve fomentar construção em Minas

O setor de construção em Minas Gerais deverá ser fomentado pela ampliação do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), após a criação da Faixa 4 voltada à classe média, que começa a ser operacionalizada no próximo mês. O Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) vê a medida como uma oportunidade concreta de retomada do crescimento, geração de empregos e estímulo à produção habitacional no Estado.
A iniciativa, que passa a contemplar famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, possibilita a aquisição de imóveis de até R$ 500 mil e amplia o escopo de atuação do programa. O cenário é de novas perspectivas para o mercado imobiliário, especialmente nos segmentos de médio padrão.
Segundo o presidente do Sinduscon-MG, Raphael Lafetá, a readequação do Minha Casa Minha Vida e a criação da Faixa 4 trazem expectativas positivas, pois ampliam o atendimento a uma parte da população que estava desassistida dos programas habitacionais.
“Entendemos que a criação do Faixa 4 no programa Minha Casa Minha Vida, bem como o aumento dos valores de teto do imóvel, vieram para beneficiar, incrementar e aquecer o mercado habitacional também em Minas Gerais. A criação dessa faixa proporcionará que a classe média possa acessar imóveis de até R$ 500 mil, o que estaria fora do MCMV anteriormente, com uma taxa de juros bem atraente. Estão falando de 10,5% ao ano, podendo favorecer uma porção muito grande da classe média”, avalia.
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Estímulo à geração de empregos
Além de alavancar o segmento, o programa ainda vai inserir um percentual da população que estava hoje desassistida em função da falta de dinheiro no mercado para atender essa faixa de renda, que até então vinha exclusivamente da poupança. “Também será possível proporcionar a essa pessoa usar o recurso do FGTS na aquisição de imóveis até R$ 500 mil. Realmente a expectativa é que isso vai gerar um crescimento e um boom nesse mercado de até R$ 500 mil muito grande ainda no segundo semestre de 2025”, projeta.
Lafetá também estima que o estímulo do MCMV à produção habitacional terá impacto direto na criação de novos postos de trabalho para a construção civil. “Apenas em Minas Gerais, o setor emprega 351.250 pessoas com carteira assinada. Podemos ampliar esse número e para isso estamos desenvolvendo mais programas de atração, capacitação e valorização do trabalhador e seguimos promovendo melhorias nas condições de trabalho”, destaca o dirigente.
“Todas essas alterações que o governo implementou, sem dúvida, vão incrementar o mercado e proporcionar um crescimento até o final do ano. Acredito muito que, com essas medidas e a taxa de juros baixando, tornando o dinheiro mais barato inclusive para o investimento das construtoras, das incorporadoras, elas terão um ano muito importante, um ano de bons negócios para o segmento”, avalia o dirigente.
País tem déficit de mais de seis milhões de moradias
A economista da entidade, Ieda Vasconcelos, observa que a entrada da classe média no Minha Casa, Minha Vida representa um avanço relevante na política habitacional e na dinamização da cadeia produtiva da construção. Ainda segundo ela, existe um déficit de mais de seis milhões de moradias no Brasil.
“Portanto, quanto mais pessoas puderem ter acesso e oportunidade na aquisição da casa própria, melhor. A criação da Faixa 4 é um alento e um sopro de esperança para esse público, que até então era atendido pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No entanto, com os juros muito elevados, a poupança tende a continuar apresentando perda de recursos, o que pode significar melhor direcionamento de valores ao financiamento habitacional”, analisa a economista.
Esta nova configuração do programa MCMV deverá impulsionar um ciclo de desenvolvimento para o setor, gerando a expectativa que esse cenário se transforme em novas oportunidades de negócio, novos tributos, investimentos e empregos, contribuindo com o crescimento do mercado. “A cada R$ 1 milhão investido na construção civil, 13 novos postos de trabalho são gerados, considerando efeitos diretos, indiretos e induzidos”, destaca.
O MCMV conta com uma estimativa de R$ 30 bilhões em recursos destinados à nova faixa — sendo metade oriunda do FGTS e a outra metade captada por instituições financeiras habilitadas — o setor projeta uma expansão significativa da demanda e aumento da atividade construtiva já a partir do segundo semestre de 2025.
Além da criação da Faixa 4, o Conselho Curador do FGTS aprovou também reajustes nos limites de renda das demais faixas do programa, veja quais são:
- A Faixa 1 agora abrange famílias com renda de até R$ 2.850;
- a Faixa 2 foi ampliada para até R$ 4.700;
- e a Faixa 3 passa a contemplar famílias com renda de até R$ 8.600, com teto de aquisição elevado para R$ 350 mil.
As condições de financiamento também foram ajustadas, com taxas de juros reduzidas, até 1,16 ponto percentual a menos, beneficiando mais de 100 mil famílias e incluindo cerca de 20 mil novos beneficiários em programas com subsídio do FGTS.
A análise do setor é de que a ampliação do programa reforça o papel estratégico da construção civil no desenvolvimento nacional, não apenas como motor da economia, mas como agente direto de transformação social. A retomada do Minha Casa, Minha Vida, que entre 2023 e 2024 já contratou 1,3 milhão de novas unidades habitacionais com R$ 190 bilhões em investimentos, ganha agora uma dimensão ainda mais abrangente.
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