Aneel anuncia reajuste em bandeira nível 2 por crise

São Paulo – O valor cobrado na bandeira tarifária patamar 2 subirá para refletir o maior custo com a geração termelétrica, após o País registrar uma severa seca que afeta as hidrelétricas, disse ontem o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone.
“Hoje temos custo R$ 6,24 a cada 100 kWh consumidos. E a gente está fazendo neste momento cálculos, e certamente digo que será bem maior do que os R$ 6,24 “, afirmou ele, sobre o valor que está sendo cobrado atualmente pela bandeira vermelha patamar 2, que aliás está em vigor em junho.
O novo valor está sendo calculado e deverá ser definido em breve, sinalizou.
O custo da eletricidade tem sido um dos fatores a impulsionar a inflação. No mês de maio, houve alta de 5,37% no item energia elétrica do IPCA, com a bandeira tarifária vermelha patamar 1.
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O diretor-geral da Aneel ainda negou, em audiência na Câmara, que a agência pretenda criar um novo patamar mais caro para as bandeiras tarifárias, mas explicou que, diante da situação hidrelétrica, o valor desse instrumento que sinaliza para o consumidor o custo de geração terá de subir.
“Tem esta especulação que será criado um outro patamar (de bandeira). Digo que não existe esta discussão, não existe esta discussão no governo e na Agência Nacional”, destacou.
Atualmente, a bandeira verde não tem custo adicional ao consumidor; na amarela é cobrado R$ 1,343 a cada 100 kWh consumidos; vermelha patamar 1, R$ 4,169; e na vermelha patamar 2, R$ 6,243 a cada 100 kWh consumidos.
“O que acontece é que todo ano, após o período úmido encerrado em abril, a Aneel discute qual o valor de cada patamar…”, destacou, lembrando que este ano, como é sabido, a crise hídrica exige o acionamento de térmicas mais caras.
“Temos condições de atender o consumidor, entretanto, a energia está mais cara, pelo fato de ser atendida pelas termelétricas”.
Para atender ao aumento da geração térmica, a Petrobras está maximizando a produção de gás natural e elevando as importações, do energético da Bolívia ou por meio de cargas de GNL, disse a estatal à Reuters ontem.
Já o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, disse na mesma audiência em que participou Pepitone que mudanças nas vazões dos reservatórios de hidrelétricas e o uso de energia termelétrica deverão permitir que o Brasil passe pela crise hidrelétrica de forma “segura”, afastando riscos de abastecimento de eletricidade. (Reuters)
Petrobras adota medidas para elevar oferta de gás
Rio de Janeiro – Em momento de alta demanda por termelétricas devido à crise hídrica, a Petrobras está tomando medidas com potencial de elevar em 36% a oferta de gás natural na comparação com a demanda registrada no primeiro trimestre deste ano, com maior importação e maximização de produção de algumas unidades.
Ao ser questionada sobre medidas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que exigem maior disponibilidade de gás natural para despacho termelétrico, a Petrobras afirmou à Reuters que a oferta poderia subir para 110 milhões de metros cúbicos diários, com a produção local atualmente maximizada a mais de 46 milhões de m³/dia e a importação de gás natural boliviano elevada ao limite de 20 milhões de m³/dia.
Além disso, a importação de Gás Natural Liquefeito (GNL) em alguns meses deste ano alcançou 14 cargas por mês, mais do que o dobro do visto em tempos recentes, enquanto a empresa também está ampliando a capacidade do terminal de regaseificação na Baía de Guanabara em 50% com autorização da reguladora ANP.
“O esforço ocorre em momento de demanda em ascensão, devido ao incremento do despacho termelétrico determinado pelo ONS no quarto trimestre de 2020 e à aceleração da atividade econômica”, disse a Petrobras ao ser questionada sobre informação de fonte do setor elétrico relativa a medidas para aumentar a oferta de gás.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, disse ontem em audiência na Câmara para debater a crise hídrica que mudanças nas vazões dos reservatórios de hidrelétricas e o uso de energia termelétrica deverão permitir que o Brasil passe pela crise hidrelétrica de forma “segura”, afastando riscos de abastecimento de eletricidade.
Ainda sobre a importação de gás boliviano, a Petrobras disse que busca a celebração de contrato interruptível com a estatal YPFB, “de forma a aumentar a oferta oriunda daquele país”.
A petroleira afirmou também que posicionou seus dois navios regaseificadores afretados nos Terminais de Regaseificação de GNL, possibilitando uma injeção total de 34 milhões de m³/dia.
Esse volume de injeção de gás natural oriunda dos terminais deve subir para até 44 milhões de m³/dia, com a ampliação do terminal de regaseificação do Rio de Janeiro de 20 milhões para 30 milhões de m³/dia.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) está autorizando a expansão, disse o diretor-geral da autarquia, Rodolfo Saboia, na mesma audiência na Câmara.
GNL fundamental – A Petrobras disse que a oferta de GNL é fundamental para o atendimento das termelétricas, cuja demanda está em torno de 37 milhões de m³/dia.
Dessa forma, o total já adquirido pela Petrobras em 2021 para entrega até setembro é de 67 cargas de GNL, ante 43 e 33 nos anos de 2019 e 2020, respectivamente, segundo informação obtida na empresa, após consulta.
A maior importação de GNL também ocorre diante da parada programada de 30 dias da plataforma do campo de Mexilhão e do gasoduto Rota 1, a partir de 15 de agosto, para manutenção.
O gasoduto Rota 1 escoa o gás natural produzido em Mexilhão – que respondeu por quase 10% da produção do País em abril -, e em outras plataformas do pré-sal e pós-sal da Bacia de Santos para consumo termelétrico.
A esse respeito, a Petrobras disse que está atuando para conciliar a manutenção da plataforma de Mexilhão e do gasoduto Rota 1 às paradas programadas de usinas termelétricas próprias e de terceiros, reduzindo, assim, a demanda por gás natural dessas térmicas no período, “em cronograma articulado antecipadamente com o ONS, buscando o mínimo impacto possível ao setor”. (Reuters)
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