Produção de veículos no País recua 0,5% em outubro, revela Anfavea
São Paulo – A indústria brasileira de veículos registrou alta de 1,8% na produção em outubro sobre setembro, montando 247,8 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Na comparação com outubro do ano passado, porém, a produção recuou 0,5%, pressionada em parte pela paralisação da Toyota, que teve uma fábrica de motores destruída por tempestade no interior de São Paulo no final de setembro. A empresa só começou a retomar a produção este mês.
No acumulado de janeiro ao fim do mês passado, a produção de veículos no Brasil mostra avanço de 5,2%, a 2,23 milhões de unidades, afirmou a entidade.
Já as vendas tiveram comportamento semelhante, com crescimento na comparação mensal, mas com queda ante o outubro de 2024. Os licenciamentos do mês passado somaram 260,7 mil veículos, alta de 7,2% ante setembro e recuo de 1,6% sobre outubro do ano passado.
Com isso, os emplacamentos acumularam nos dez meses do ano até outubro alta de 2,2% sobre o mesmo período de 2024, a 2,17 milhões de veículos.
Em outubro, as exportações caíram 6,8% na comparação com um ano antes, para 40,6 mil veículos montados. A venda de veículos importados cresceu 9,4% na relação mensal e caiu 1,3% na anual, para 46,4 mil unidades, acumulando no ano alta de 8,9%.
Caminhões
O presidente da Anfavea, Igor Calvet, afirmou a jornalistas que o segmento de caminhões pesados está próximo do “colapso” e que as vendas desses veículos continuarão em tendência de queda, diante da pressão dos juros elevados para financiamentos e investimentos.
“Não tem recuperação prevista nos próximos meses. Estamos em iminente colapso”, afirmou.
As vendas de caminhões pesados acumulam queda de 20% no ano até o final de outubro, mês em que os emplacamentos desabaram 16,3% sobre um ano antes.
Segundo o executivo, as montadoras têm adotado medidas para evitarem demissões em meio à queda nas vendas, mas “não dá para descartar impactos sobre emprego”.
Calvet defendeu medidas de apoio do governo para o setor, como redução da incidência do impacto do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tanto sobre os financiamentos aos clientes quanto sobre os financiamentos das montadoras aos concessionários, corte nos juros do programa Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e reativação de programa de incentivo à renovação de frota.
O presidente da Anfavea evitou fazer projeções sobre as vendas de veículos novos no próximo ano, mas afirmou que 2026 “não será um ano fácil”, uma vez que o patamar de juros seguirá elevado.
Por outro lado, ele citou que pode haver uma tendência de redução de importações de veículos diante da finalização de investimentos em fábricas de novas marcas chinesas no País.
Segundo Calvet, o estoque atual de veículos importados no Brasil é suficiente para cerca de cinco meses de vendas, alcançando 195,2 mil unidades em outubro.
De janeiro a outubro, enquanto as vendas de importados no varejo cresceram quase 18% sobre o mesmo período de 2024, para 195 mil veículos, as de nacionais caíram 8,3%, para 650 mil, segundo a Anfavea.
O presidente da entidade comentou ainda que a queda de 22,7% nas exportações de veículos montados em outubro ante setembro foi influenciada pelo fim do acordo automotivo do Brasil com a Colômbia em setembro. Mas ele citou que, na semana passada, o acordo foi renovado por mais 12 meses após negociações entre os governos dos dois países.
Reportagem distribuída pela Reuters
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