Economia

Anglo American pode ser oportunidade para Vale, diz especialista

Avaliação é de fonte ouvida pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, sob anonimato
Anglo American pode ser oportunidade para Vale, diz especialista
Vale “não deixaria concorrentes ganharem mercado brasileiro” | Crédito: Ronaldo Buimarães / Anglo American

Adquirir a Anglo American seria uma chance para a Vale não deixar suas principais concorrentes ganharem participação no mercado brasileiro, sobretudo em minério de ferro, avaliou um experiente especialista do setor mineral. Conforme ele, a mineradora brasileira, assim como a anglo-australiana Rio Tinto, não deveria ficar de fora da disputa pela empresa anglo-sul-africana. 

Preferindo manter sua identidade em sigilo, a fonte também disse à reportagem que a Anglo está ficando nas “cordas” e, em breve, não terá como recusar uma nova proposta. 

Na segunda-feira (13), a BHP – única a oficializar o interesse até o momento – anunciou que a Anglo American recusou uma oferta de US$ 42,7 bilhões. Essa foi a segunda negativa recebida pela empresa em menos de um mês, visto que em abril recebeu uma recusa por US$ 39 bilhões

Em comunicado, a CEO da BHP, Mike Henry, afirmou que estão desapontados com a nova rejeição. Ele acreditava que a oferta revisada seria um “ganha-ganha” para as mineradoras. 

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A Anglo American, por sua vez, explicou, em nota, que seu conselho analisou e concluiu que a última proposta continua “a subestimar” significativamente a empresa e suas perspectivas futuras. O presidente Stuart Chambers reiterou ainda que a estrutura da oferta segue pouco atrativa.

Para o especialista, existe uma fragilidade na proposta da BHP que vem dificultando o acordo: a exigência de que a Anglo distribua para os acionistas as participações de dois ativos na África do Sul. Na avaliação dele, essas operações deveriam ser mantidas na oferta e depois envolvidas em um spin-off – companhia criada a partir de outra – para serem repassadas aos sócios ou vendidas. 

A fonte analisa que a BHP pode, sim, acabar desistindo de comprar a Anglo American caso as negociações alcancem cifras ou condições indesejadas e que não agreguem valor à mineradora. 

Ele pondera, entretanto, que a morosidade para a tomada de decisão cria uma insegurança nas ações da Anglo. Além disso, de acordo com o especialista, a “publicidade” das tratativas não é bem-vista internamente, pois os executivos ficam sem saber se serão incorporados ou não. 

Rio Tinto avalia enviar proposta para a Anglo American

Ao adquirir a Anglo American, a Vale impediria ganho de participação da concorrência, enquanto a BHP se beneficiaria, justamente, de uma expansão dos negócios, avançando sobre as concorrentes. Pelo mesmo motivo, a Rio Tinto teria de entrar na disputa, observou a fonte.

A imprensa da Austrália noticiou, na última semana, que a Rio Tinto também estaria avaliando a possibilidade de enviar uma proposta para comprar a Anglo. Os noticiários dizem que a mineradora estaria monitorando de perto a situação e analisando os prós e contras do negócio. 

Para o coordenador de Ciências Contábeis da Estácio Venda Nova, Alisson Batista, por ser uma das maiores empresas de mineração do mundo, acompanhar o movimento da BHP é importante para a Rio Tinto. Ele também avalia que um possível acordo poderia ser interessante para a companhia anglo-australiana, que tem foco e já realiza investimentos na produção de cobre. 

Batista diz que se a Rio Tinto entrar nas negociações, provavelmente haverá uma disputa de valores, o que seria benéfico para a Anglo American. Contudo, ele acredita que isso não vai acontecer e, possivelmente, a mineradora anglo-australiana não comprará a anglo-sul-africana. 

Sobre a Vale, o coordenador observa que a empresa vem acompanhando as tratativas, mas não demonstra interesse de mudar suas estratégias. Com relação à BHP, ele afirma o movimento de negativas por parte da Anglo por impactar na desistência da empresa em adquiri-la, “todavia, é um movimento comum dentro do mercado de fusões e aquisições”. Batista crê em novos desdobramentos e diz que a “a BHP, certamente não vai descartar, de fato, essa possibilidade”.

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