Pedidos de pesquisa de terras-raras em Minas Gerais somam 523

Nos últimos dois anos e oito meses, a Agência Nacional de Mineração (ANM) recebeu 523 pedidos de pesquisa mineral para elementos de terras-raras (ETRs) em Minas Gerais. Desse total, 48 requerimentos (9,2%) eram para a região de Poços de Caldas, no Sul do Estado, onde está localizada uma cratera vulcânica, considerada um “unicórnio” da mineração.
As informações são de um levantamento da autarquia federal, com dados colhidos no Sistema de Cadastro Mineiro – painel que reúne dados sobre os processos de mineração no Brasil –, que compreendem o período de 2023 até 13 de agosto deste ano. O órgão ressalta que os requerimentos protocolizados, por vezes, contemplam, além dos ETRs, outros minerais que podem estar associados a estes no mesmo ambiente geológico.
O balanço solicitado pelo Diário do Comércio mostra que, no primeiro ano do intervalo mencionado, os pedidos de pesquisa em território mineiro totalizaram 189. Já no segundo, somaram 272. Ou seja, entre um exercício e outro, o volume de requerimentos subiu 43,9%, uma expansão considerável, que reflete o “boom” do mercado de terras-raras em Minas Gerais com a chegada de empresas, sobretudo, de origem australiana, para explorá-las.
No entanto, em 2025, o resultado tende a ser diferente. No acumulado dos oito primeiros meses até a última quarta-feira (13), a ANM recebeu somente 62 solicitações, número que indica que haverá uma retração na somatória de janeiro até dezembro em comparação a 2024. A provável queda pode estar relacionada a uma escassez de áreas livres no Estado.
É válido pontuar que após algumas companhias anunciarem a descoberta de grandes quantidades de elementos de terras-raras em algumas localidades de Minas Gerais, especialmente, na região Sul, iniciou uma “corrida” pelos minerais. Com isso, diversas empresas e até mesmo profissionais autônomos pediram autorizações à autarquia, inclusive com o objetivo de realizar pesquisas iniciais e vender os direitos minerários posteriormente.
Potencial geológico do Estado vai além da região de Poços de Caldas
Estima-se que apenas cerca de 30% do potencial mineral brasileiro já foi monitorado. O desconhecimento geológico é frequentemente citado por especialistas. Apesar disso, sabe-se que o Brasil tem a segunda maior reserva global de ETRs – a China lidera –, e embora esses minerais não sejam tão raros como o nome pressupõe, visto que podem ser encontrados em várias partes do mundo e do País, Minas Gerais concentra depósitos importantes.
O Sul do Estado atraiu o interesse do mercado graças à cratera de um vulcão extinto, nomeado Complexo Alcalino de Poços de Caldas, que abrange municípios como Poços de Caldas, Caldas e Andradas, por exemplo. A região, conforme o diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Julio Nery, de fato, tem um grande potencial para produção, contudo, não é a única com essa capacidade.
“Existem outras áreas em Minas Gerais que também podem ter produção de terras-raras, por ter geologia similar à região de Poços de Caldas, como as regiões de Araxá e de Patrocínio, o que também é verdade para Goiás, na região de Mara Rosa; na Bahia, na região de Caetité”, destaca. “Existem outros diversos pontos no Brasil que têm potencial para termos reservas de terras-raras”, complementa.
Conforme Nery, há uma grande reserva de terras-raras em Araxá, porém, não há conhecimento sobre planos para produção desse material no curto prazo. Nesse sentido, a única produção de ETRs no Brasil, atualmente, acontece em Goiás. No Sul de Minas Gerais, duas empresas planejam começar a produzir nos próximos anos.
“É importante dizer que ter potencial depende da pesquisa mineral em projetos existentes e da implantação das minas para produção desse material”, ressalta.
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