Economia

Importações de aços planos caem 16,6% em setembro com expectativa de antidumping contra a China

Segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), incertezas sobre a aplicação das medidas e fraqueza do mercado reduziram os desembarques no mês
Atualizado em 23 de outubro de 2025 • 17:46
Importações de aços planos caem 16,6% em setembro com expectativa de antidumping contra a China
Crédito: Divulgação/Aço Brasil

Assim como havia ocorrido em agosto, as importações de aços planos caíram 16,6% em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, para 241,4 mil toneladas, conforme dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) divulgados nesta quinta-feira (23). Além de o mercado estar mais fraco, a expectativa de implementação de um antidumping contra a China também influenciou o resultado, de acordo com o presidente-executivo da entidade, Carlos Jorge Loureiro.

Segundo ele, a expectativa é que o Brasil anuncie, entre dezembro e fevereiro, a adoção de medidas antidumping contra laminados a frio e revestidos provenientes da China. Com isso, os produtos comprados agora estariam sujeitos à aplicação do mecanismo, devido ao tempo de transporte entre os países.

“Isso tem feito com que os importadores se retraiam um pouco em relação ao fechamento de novos negócios, enquanto não ficar devidamente esclarecido se teremos ou não o antidumping”, afirmou Loureiro ao apresentar os dados do setor no mês.

O executivo avalia que, sem a implementação do antidumping, as importações de aços planos poderão voltar a subir, ainda que em volumes menores que os registrados anteriormente. Ele acredita que os desembarques não serão “zerados”, pois há produtos que o país consome em quantidade superior à que produz, tornando a importação necessária.

“O galvalume, por exemplo, é um produto cujo consumo brasileiro gira em torno de 80 mil toneladas por mês, enquanto a produção nacional é de cerca de 45 mil toneladas. Ele continuará sendo importado, independentemente de qualquer medida antidumping”, ressaltou.

“É claro que, se houver um antidumping contra a China, o galvalume passará a ser importado não mais dos chineses, mas de outros países, como a Coreia do Sul. O que pode ocorrer é uma mudança na origem das importações, para nações que também praticam preços competitivos, embora não em níveis de dumping”, explicou.

Conforme Loureiro, também está prevista a implementação de medidas antidumping contra laminados a quente provenientes da China. A medida, porém, deve ser adotada apenas em meados de maio ou junho de 2026.

No acumulado de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano passado, as importações de aços planos subiram 25,9%, para 2,6 milhões de toneladas. No entanto, o ritmo de crescimento dos desembarques diminuiu consideravelmente em comparação ao pico alcançado no primeiro semestre (46,5%).

Tarifa dos Estados Unidos não trouxe impacto às exportações

De acordo com o Inda, as exportações de aços planos no nono mês de 2025 totalizaram 667,3 mil toneladas. O volume de produtos acabados para o mercado externo foi baixo: do total vendido, 576,4 mil toneladas foram de placas, com os Estados Unidos (EUA) comprando 457,4 mil toneladas.

Para o presidente-executivo do instituto, o resultado mostra que o “tarifaço” dos EUA contra o Brasil não afetou as negociações. “O problema da tarifa dos Estados Unidos não está diminuindo a exportação de placas, devido a necessidade que eles têm, com a ausência de produção local”, esclareceu.

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