Economia

Aperam mantém investimento no Vale do Aço congelado

Volume de aço importado pelo País não para de crescer
Aperam mantém investimento no Vale do Aço congelado
Credito: divulgação/ Elvira Nascimento

A Aperam South America não pretende dar início a nova rodada de investimentos que faria na Usina de Timóteo, no Vale do Aço, neste momento. A justificativa para manter congelado o projeto – que incluiria a instalação de um novo laminador a frio de bobinas de alta produtividade e automação – é a mesma de quando o adiamento foi anunciado, há quase um ano e meio: o volume de aço importado pelo Brasil, que não para de crescer.

Os frutos do último ciclo de investimentos, no qual ocorreu a modernização da laminação a quente da planta industrial, já estão sendo colhidos. A etapa posterior estava no planejamento porque a empresa acreditava em um crescimento do mercado. O diretor-presidente da siderúrgica, Frederico Ayres Lima, tem convicção de que os aportes ainda serão realizados, mas pondera que não será por agora, em razão do cenário de importações.

Conforme o executivo, olhando dos “muros para dentro”, a Aperam tem apresentado bons resultados de segurança e produção. Entretanto, ao analisar o contexto global, a China tem um excesso de capacidade produtiva e precisa direcionar os produtos para outros mercados, como o brasileiro, enquanto os Estados Unidos se fecham e a Europa possui salvaguardas.

“O que vivemos no Brasil é uma pressão muito forte. O aumento das importações diminui a utilização da capacidade instalada do setor e nos forçam a ter que produzir menos, porque não temos como alocar tudo isso no mercado”, afirma ao Diário do Comércio.

Siderúrgica poderia estar produzindo mais inoxidáveis, mas importações atrapalham

Lima afirma que para a siderurgia ser produtiva, rentável e competitiva, é preciso ter uma ocupação alta, acima de 80%; contudo, o setor tem trabalhado abaixo dos 70%. A Aperam, que opera no Brasil com uma capacidade de cerca de 800 mil a 900 mil toneladas de aço líquido por ano, está garantindo um percentual de ocupação positivo por razões específicas, de acordo com o diretor-presidente. Ele ressalta, porém, que a produção poderia ser maior.

“Nós produzimos aço inoxidável, aço elétrico e aço carbono. Então, conseguimos ajustar e manter o nível de ocupação alto. Mas, se olharmos, poderíamos estar produzindo mais inoxidáveis, só que as importações de aço chinês nos atrapalham”, frisa.

Segundo o executivo, o sistema de cota-tarifa, implementado pelo governo federal para tentar conter as importações, não inclui nenhum tipo de aço inoxidável.

‘Tarifaço’ dos Estados Unidos afetam indiretamente a Aperam

Com uma política protecionista, os Estados Unidos estabeleceram, recentemente, uma tarifa de 25% sobre as importações de aço do Brasil. Os norte-americanos também elevaram para 245% a alíquota sobre quaisquer produtos chineses, e chegaram a anunciar taxas recíprocas maiores que 10% para outros países, mas voltaram atrás, anunciando uma pausa de 90 dias.

O diretor-presidente da Aperam sublinha que é difícil prever impactos da situação, visto que o cenário pode mudar a qualquer momento. Apesar da ponderação, o executivo avalia que, diretamente, a siderúrgica será pouco impactada, pois não depende do mercado norte-americano. A empresa do Vale do Aço envia cerca de 20% da produção para o exterior.

“A nossa pauta é bem diversificada, mas os principais compradores são os países mais próximos. Temos vantagem logística e parceiros de longa data na América Latina, onde temos uma penetração maior. Mas exportamos para o mundo inteiro. Até para a China”, diz.

Por outro lado, de forma indireta, a situação afeta a Aperam, conforme ele. A razão para isso é justamente a produção de aço chinesa que poderá ser redirecionada para o Brasil.

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