Economia

Apesar da desconfiança dos consumidores, Black Friday deve ter alta nas vendas

Especialista afirma que acessos aos sites de e-commerce aumentam no período
Apesar da desconfiança dos consumidores, Black Friday deve ter alta nas vendas
Foto: Reprodução Adobe Stock

Apesar da desconfiança dos consumidores com os descontos oferecidos, as vendas na Black Friday devem subir pela maior disposição das pessoas para compras, devido ao pagamento do 13º salário e a proximidade do Natal, afirma a professora da área de Gestão do Centro Universitário UNA, Priscilla Gomes.

Já alguns setores da indústria mostram que são afetados de forma diferente por essa que se mostrou uma das datas mais importantes para o comércio varejista. Especialista em marketing e economia criativa, Priscilla Gomes aponta que, do ponto de vista do consumidor, há uma perda na crença de que vão realmente ocorrer descontos na Black Friday.

“O que é que é publicizado? ‘No Brasil não tem Black Friday, é Black Fraude’, mas no final das contas, os acessos aos sites de e-commerce aumentam sim nesse período. Realmente é momento de mais acesso, mais visita às lojas e mais disposição para a compra”, explica Gomes.

O pagamento do 13º salário aumenta a disposição das pessoas para compras pela maior disponibilidade de renda nesta época, além das festividades tradicionais. “Há o espírito natalino, a vontade de comprar presentes e aquela vontade do consumidor, que às vezes quer fazer uma reforma ou renovar o visual para a virada do ano”, observa.

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Ela ressalta a necessidade de melhor comunicação e estratégia dos lojistas para vencer a desconfiança com a data e conquistar o consumidor com ofertas reais de economia.

O presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest-MG), Rogério Vasconcellos, explica que a indústria do vestuário não é impactada pela data comemorativa, já que tem sua produção focada para o lançamento de coleções relacionadas às estações do ano, não em datas comemorativas.

Além disso, as roupas não são os artigos mais procurados na Black Friday. “Aumenta o volume de vendas no final do ano? Sim, no varejo com certeza aumenta. Mas não é um produto que é muito procurado na Black Friday, o pessoal procura mais eletrônicos e eletrodomésticos”, diz.

De fato, um relatório da Nodus, grupo empresarial especializado em automação comercial para o varejo, mostra que, este ano, 54% dos consumidores desejam comprar eletrônicos na Black Friday, 53% buscam eletrodomésticos e apenas 36% procuram produtos de moda, saúde e beleza, percentual à frente somente dos 27% com pretensão de adquirir alimentos.

Mesmo com alta dos pedidos na Black Friday, setor teme impacto das apostas

Já o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Ronaldo Lacerda, aponta que os pedidos do comércio varejista para este ano são recebidos pelo polo calçadista até setembro, com entrega prevista para novembro e dezembro.

A produção, focada inicialmente para o Natal, pode ser consumida também na Black Friday. “Para o consumidor final e na mídia aparece muita Black Friday, mas para as indústrias esse movimento acaba se confundindo com a venda de final de ano também”, explica. Ele ressalta que a data pode antecipar uma parte da compra da época natalina.

O polo calçadista de Nova Serrana ganhou mais eficiência nas vendas para os lojistas, o que fez as fábricas cumprirem o plano de produção com mais rapidez. A demanda de pedidos para o final do ano foi 5% superior ao ano anterior.

Por isso, Lacerda considera o ano de 2024 mais positivo para o setor do que 2023, mas receia com o impacto da febre dos sites de apostas no comércio. “Efetivamente no varejo, não sei como vai ser. O receio nosso é que o consumidor da classe C, às vezes, classe D tem direcionado parte da renda dele para apostas”, diz.

Segundo pesquisa da Haus, empresa do Grupo Stefanini, o gasto médio na Black Friday será em torno de R$ 650, uma queda de 4% em comparação ao ano anterior. Mesmo assim, a estimativa é que a edição deste ano alcance R$ 7,6 bilhões em vendas, 10% a mais do que 2023. O número de pedidos deve subir 14%, para 11,7 milhões.

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