Economia

Apesar de inadimplência, comércio continua otimista para o fim de ano em Belo Horizonte

O otimismo também vem de uma sequência positiva das datas comemorativas em comparação com os mesmos períodos em 2024
Apesar de inadimplência, comércio continua otimista para o fim de ano em Belo Horizonte
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Nem as pesquisas que apontam para um crescimento no número de inadimplentes em Minas Gerais e no Brasil, afetam a expectativa positiva que a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) para as vendas de final do ano, principalmente para o Natal, uma das épocas mais esperadas pelos comércio.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de outubro, divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), indica que, de agosto a outubro, o número de belo-horizontinos que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 19,8% para 23,4%.

“Não acredito que as pessoas vão deixar de presentear, mas elas vão ter um cuidado, por toda essa questão do endividamento, comprando produtos de um valor mais baixo”, comentou o vice-presidente da CDL/BH, Fernando Cardoso.

O otimismo também vem de uma sequência de resultados positivos nas datas comemorativas em comparação com os mesmos períodos em 2024. Principalmente no chamado “Super Trimestre” que tem o Dia das Crianças, em outubro; a Black Friday, em novembro; e o Natal, em dezembro, considerado como o ponto alto para os lojistas.

“A gente vê um resultado das datas comemorativas como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças e a Black Friday, que vêm apresentando um resultado em 2025 sempre melhor do que em 2024”, justificou Cardoso.

Planejamento financeiro é essencial para evitar a inadimplência

A inadimplência, que também tem atingido números históricos no Brasil, chegando a 30,5% em outubro, mesmo valor de setembro, preocupa especialistas e economistas, que alertam sobre a importância de planejar financiamentos e evitar que os gastos mensais possam comprometer as finanças familiares em um período mais longo.

“De cada dez famílias, cinco estão com complicações financeiras para pagarem as suas dívidas sem ficarem inadimplentes. Grande parte dessas famílias não vislumbra a questão de longo prazo, elas fazem um financiamento no calor da emoção, passam em mais parcelas e no decorrer do prazo isso vai se acumulando”, alertou o professor de Ciências Contábeis da Faculdade Estácio, Alisson Batista.

A avaliação é compartilhada pelo especialista em saúde financeira do Serasa, Lucas Tosati, que afirma que o cenário é fruto do tipo de dívida, quase majoritariamente com bancos, como cartões de crédito, cheque especial e outros modelos de empréstimos sem garantia, que essas pessoas acabam contraindo.

Ainda assim, os dois também endossam a expectativa da CDL/BH, de que abonos natalinos, gratificações de final de ano e o pagamento do 13º salário vão garantir que o final de ano seja movimentado.

“Estamos com uma economia bem rápida, com bastante consumo, com mínima histórica da taxa de desemprego e a renda do trabalhador subiu bastante comparado ao mesmo período do ano passado. Provavelmente teremos um dos melhores natais dos últimos anos para o comércio. Muito por conta dessa diminuição da taxa de desemprego, mas é importante continuar atento a esses gastos para que eles não superem o quanto se ganha”, afirmou Tosati.

Aos consumidores, os especialistas aconselham cautela antes de fazer parcelamentos de longo prazo ou usar recursos que são de emergência. Para os que já estão inadimplentes, o conselho é buscar iniciativas, como o Feirão Limpa Nome, para buscar equacionar as dívidas.

“Ninguém está tão fundo no buraco que não consiga sair. Aqueles que estiverem inadimplentes devem procurar ajuda e os que não conseguirem cuidar das próprias finanças podem procurar opções para sair dessa complicação”, aconselhou Alisson Batista.

Endividamento e inadimplência em outubro

Segundo dados da Peic de outubro, 36,9% das pessoas que já têm dívidas atrasadas acreditam que não terão como honrar seus compromissos em novembro, assim como 23,4% das famílias da capital mineira.

O estudo também apontou que entre as famílias que possuem alguma conta pendente, 42,3% apontam que já estão com essas dívidas há mais de 90 dias; 29,7% de 30 a 90 dias; e que 27,9% afirmam que o pagamento está atrasado há menos de um mês.

A maioria dos belo-horizontinos, 60% dos entrevistados, alegam que suas dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda mensal. Enquanto 23,7% alegam que os gastos são superiores aos seus rendimentos, e apenas 16,3% afirmaram que os valores são inferiores a 10%.

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