Economia

Selic é reduzida para 4,5% pelo BC e atinge mínima histórica

Selic é reduzida para 4,5% pelo BC e atinge  mínima histórica
Entidade também relatou uma percepção de menos riscos baixistas para a inflação no País - Crédito: Adriano Machado/Reuters

Brasília – O Banco Central (BC) reduziu ontem a Selic em 0,5 ponto percentual pela quarta vez consecutiva, à nova mínima histórica de 4,5%, e indicou cautela em relação aos juros daqui para frente em meio a uma retomada econômica com mais ímpeto. O BC também passou a ver menos riscos baixistas para a inflação, ao passo que elevou suas projeções para o IPCA neste ano, deixando-o mais perto da meta oficial. Ainda que não tenha fechado as portas para nova redução nos juros básicos, portanto, a autoridade monetária sinalizou que o caminho não está claro como outrora.

“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária”, trouxe o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. “O Comitê enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, acrescentou.

Desde a última reunião do Copom, em outubro, o BC vinha sinalizando claramente que deveria cortar a taxa em mais 0,5 ponto em dezembro, razão pela qual todos os 30 economistas consultados pela Reuters já esperavam um corte dessa magnitude.

Agentes do mercado aguardavam com atenção o comunicado do BC em busca de pistas mais concretas sobre a continuidade ou não dos cortes, e em qual intensidade, tendo em vista fatores como a aceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a recente subida da inflação e o movimento do dólar frente ao real.

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Sobre a atividade, o BC avaliou que dados a partir do segundo trimestre indicam que o processo de retomada da economia brasileira “ganhou tração” face ao comportamento que vinha sendo visto até os três primeiros meses do ano. E adicionou ver uma recuperação seguindo em ritmo gradual.

Em outra novidade do comunicado, o BC excluiu trecho sobre o cenário externo seguir incerto, com riscos associados a uma desaceleração mais intensa. O BC, desta vez, limitou-se a dizer que “a provisão de estímulos monetários nas principais economias, em contexto de desaceleração econômica e de inflação abaixo das metas, tem sido capaz de produzir ambiente relativamente favorável para economias emergentes”.

Inflação Em seu balanço de riscos para a inflação, por sua vez, o BC retirou a menção ao risco baixista de potencial propagação da inflação corrente, por mecanismos inerciais. Em outro acréscimo, este ligado aos fatores que podem pressionar a inflação para cima, o BC voltou a dizer que o atual grau de estímulo monetário traz incertezas sobre os canais de transmissão para a economia, mas complementou que isso se dá em um “contexto de transformações na intermediação financeira”.

Desde que a autoridade monetária iniciou o ciclo de afrouxamento monetário, em julho, a taxa básica de juros caiu 2 pontos percentuais. A distensão se deu em meio à baixa inflação e lenta recuperação econômica. Mas alguns indicadores recentes da atividade têm mostrado mais força, ao passo que a inflação reagiu em novembro a um choque inflacionário.

Embalado pela maior demanda da China, o aumento no preço das carnes no País pressionou o IPCA em novembro, levando o índice ao maior patamar para o mês em quatro anos.

Ontem, o BC elevou a projeção de inflação para 2019 pelo cenário de mercado a 4,0%, sobre 3,4% em sua última previsão, feita em outubro, deixando-a com isso mais perto da meta.

Em nota, o economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima, avaliou que o BC não indicou novos cortes adiante. “Mantemos, portanto, a perspectiva de que a Selic continue no atual nível (4,50%) por vários trimestres. Não contamos com eventos relevantes do lado das reformas e concordamos com certa melhora nas condições globais”, escreveu.

Setores Em nota enviada à imprensa, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avaliou de forma positiva o mais novo corte na taxa de juros. “O ciclo de queda da taxa de juros tem sido um fator propulsor para a melhora das condições de crédito, assim como para a retomada do consumo das famílias, considerando que a expansão da renda ainda é limitada pelo alto nível de desemprego no País. Além disso, as expectativas de inflação seguem abaixo do piso da meta estabelecida pelo Banco Central para 2019, apesar de pressões pontuais no fim deste ano, com destaque para o aumento de preços da carne”, trouxe a federação no comunicado.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, a queda da Selic pode atrair mais investimentos diretos, o que contribuiria para a geração de emprego e renda. “Sabemos que, com a decisão de continuar a cortar os juros, o governo pretende incentivar o mercado, o que é benéfico para toda a cadeia produtiva. Ao diminuir a taxa Selic, a tendência é reduzir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. E para os setores de comércio e serviços é fundamental que seja criado esse ambiente mais favorável para a expansão dos negócios, a geração de emprego e renda”, afirmou o presidente da CDL-BH em nota à imprensa. (Da Redação com Reuters)

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