Economia

Aquisição pela Tata Motors não deve alterar fábrica da Iveco em Sete Lagoas

Sinergia da unidade na região Central de MG garantirá mesma estrutura e número de funcionários; aquisição da divisão de ônibus e caminhões já havia sido anunciada
Aquisição pela Tata Motors não deve alterar fábrica da Iveco em Sete Lagoas
Produção da unidade em Sete Lagoas segue aquecida, segundo executivo | Foto: Reprodução Iveco

O complexo industrial do Iveco Group em Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais, ao menos até o momento, não terá alterações em estrutura e número de funcionários após o grupo italiano aceitar a proposta de aquisição de sua divisão de veículos comerciais, como ônibus e caminhões, da indiana Tata Motors. Anunciada em julho, a negociação foi acertada por US$ 4,4 bilhões e a previsão é que seja concluída até setembro do próximo ano.

O diretor-geral de Customer Services para América Latina do grupo italiano, Bernardo Brandão, em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio, declarou que há um compromisso na oferta de aquisição da multinacional indiana de se manter o máximo possível das estruturas, cultura e pessoal de ambas as companhias, já que a estratégia da negociação é de sinergia e complementaridade.

“As duas empresas se complementam de maneira muito importante, do ponto de vista de portfólio, mercados onde tem atuação, etc. E hoje, querendo ou não, a Tata basicamente não tem atuação na América Latina. Então aqui, a complementaridade vai ser ainda mais forte”, disse.

Com a fusão, a expectativa é que o novo grupo automotivo venda aproximadamente 540 mil veículos por ano e tenha uma receita estimada em 22 bilhões de euros. Metade do negócio ficará na Europa, 35% na Índia e 15% nas Américas, além da atuação em mercados emergentes na Ásia e na África.

Mesmo em meio a um mercado que tem desafiado o setor de veículos pesados, devido a uma taxa básica de juros (Selic) historicamente elevada, Brandão destaca que o ano tem sido positivo para a fábrica da Iveco em Sete Lagoas. Enquanto a Selic está em 15% ao ano, o maior patamar desde julho de 2006, a montadora consolida sua participação de mercado no País nos últimos anos, ao saltar de 5% para 10% das vendas do mercado nacional.

O executivo pontua que a produção da unidade sete-lagoana está com um volume bem preenchido até pelos pedidos oriundos de licitações, como para o atendimento ao programa Caminho da Escola, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com a entrega de centenas de ônibus escolares.

“Tem sido um bom ano para a Iveco, estamos num momento muito especial da marca, de crescimento, investimentos, colhendo os frutos desse portfólio que a gente renovou 100% em 2023. Então, a gente vê com bons olhos a posição da Iveco no mercado, apesar do cenário desafiador”, analisa.

Estabilidade econômica pode destravar investimentos da Iveco

O Iveco Group fará aportes de R$ 510 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento na América Latina até 2028, em um ciclo de investimentos iniciado em 2024, como complemento da aplicação de aproximadamente R$ 1 bilhão em renovação do parque fabril, contratação de funcionários e desenvolvimento de produtos com motores Euro 6.

O grupo italiano também aportou R$ 93 milhões, recentemente, para construir um novo centro de distribuição de peças em Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais.

Para 2026, a perspectiva da montadora é de aumentar seu market share no segmento de caminhões e ônibus no País. Brandão ressalta que há diversos fatores que impactam as vendas no mercado de veículos pesados, como a já citada Selic, safras agrícolas, eleições gerais, entre outros, mas que, passada a instabilidade, é possível que a montadora opte por investir mais.

“Se a situação assenta um pouco, vamos dizer assim, começa a se ter uma visibilidade de um pouco mais de estabilidade econômica, a tendência é que os investimentos destravem. Mas ainda é um pouco cedo, precisamos ver como realmente essas variáveis todas vão se encaixar para a gente poder cravar uma previsão para o próximo ano”, finaliza o diretor da Iveco.

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