Projeto de usina solar em Paracatu é concluído e ArcelorMittal assume fatia da Atlas Renewable Energy
A ArcelorMittal assume, nesta sexta-feira (12), a participação da Atlas Renewable Energy na usina fotovoltaica desenvolvida pela joint venture das duas empresas, no complexo solar Luiz Carlos, localizado em Paracatu, no Noroeste de Minas Gerais. Trata-se da primeira planta solar da produtora de aço no Brasil, com capacidade instalada de 315 megawatts-pico (MWp) e geração estimada de 74 megawatts-médios (MW) por ano.
Fruto de um contrato BOT (do inglês Build, Operate and Transfer), o empreendimento foi desenvolvido pela empresa de energia, que também ficou responsável por colocá-lo em funcionamento e, posteriormente, transferir sua parte à siderúrgica. Entregue com 90 dias de antecedência, o parque, energizado em agosto, alcançou a operação comercial em novembro.
O projeto recebeu R$ 895 milhões em investimentos, valor que integra o plano da ArcelorMittal de aportar R$ 5,8 bilhões em energia renovável no País em dois anos. Dentro desse planejamento, a companhia investiu R$ 4,2 bilhões em um parque eólico na Bahia, operacional desde o mês passado, e R$ 700 milhões em uma usina solar no mesmo estado, prevista para entrar em operação neste mês, em acordos com a Casa dos Ventos.
Avanços na estratégia de autogeração e descarbonização
Com o empreendimento em Paracatu, a ArcelorMittal se beneficia do ponto de vista econômico e ambiental. Junto com os outros dois ativos desenvolvidos, o do Noroeste mineiro permite que a companhia amplie a autogeração e descarbonize as operações.
A produção de aço é uma das atividades que mais geram gases de efeito estufa (GEE). Além disso, a siderúrgica ocupa um lugar na lista das cinco empresas que mais consomem energia no Brasil. O custo do insumo representa de 3% a 8% do custo total das aciarias elétricas da empresa no país, como a de Juiz de Fora, na Zona da Mata.
“A gente passa a ter um nível maior de autogeração, com uma energia que conhecemos tanto a geração quanto o custo no longo prazo, o que traz previsibilidade para a nossa matriz de custos. É uma energia com custo de geração bastante competitivo em relação ao do sistema, e por isso, economicamente, o projeto traz retorno ao investimento”, destacou o CEO da ArcelorMittal Aços Longos Latam, Everton Negresiolo, ao Diário do Comércio.
“E essa iniciativa está alinhada à nossa estratégia de descarbonização, porque estamos conectando o nosso consumo de energia à geração de energia renovável”, ressaltou.
Conforme o presidente da Atlas Renewable Energy no Brasil, Fábio Bortoluzo, o principal objetivo da empresa é justamente apoiar eletrointensivos a descarbonizar as operações da maneira mais eficiente e economicamente viável. Para isso, é preciso que os projetos sejam competitivos e que os contratos atendam às necessidades dos clientes, segundo ele.
Operação com 100% de energia própria não está nos planos
Atualmente, cerca de 61% do consumo de energia do segmento de longos da ArcelorMittal é proveniente de autogeração e, com os projetos em Minas Gerais e na Bahia, a siderúrgica avança para alcançar, até 2030, entre 80% e 85%. No momento, não está nos planos da companhia operar com 100% de energia própria nem desenvolver novos ativos na área.
Negresiolo explicou que alguns problemas do setor elétrico brasileiro, sobretudo o curtailment – termo utilizado para os cortes, parciais ou totais, na geração de energia, por limitações da rede de transmissão ou outros motivos –, trazem riscos à previsibilidade e ao retorno sobre o investimento. Ele sublinhou que a usina solar em Paracatu, por exemplo, chegou a registrar 60% de corte, percentual que inviabilizaria qualquer projeto do tipo.
“Não temos nenhum novo projeto sendo discutido para implementação. Isso dependerá dos resultados desses três projetos, de comprovar, na prática, o retorno previsto, e também do endereçamento dessas questões, especialmente do curtailment”, afirmou. “As oportunidades que analisamos superficialmente não estão se mostrando projetos viáveis”, enfatizou.
Ouça a rádio de Minas