Economia

Vendas da ArcelorMittal crescem em 2023 e lucro da companhia vai a R$ 4,1 bilhões

Ao todo, 14,4 milhões de toneladas de aço foram comercializadas pela siderúrgica no acumulado do ano passado
Atualizado em 30 de abril de 2024 • 00:36
Vendas da ArcelorMittal crescem em 2023 e lucro da companhia vai a R$ 4,1 bilhões
Crédito Divulgação ArcelorMittal

A ArcelorMittal Brasil apurou, em 2023, lucro líquido de R$ 4,1 bilhões, o que representa queda de 54,5%, ante 2022. A empresa disse que o resultado foi acima das expectativas para um ano marcado por adversidades e por um mercado interno impactado pela alta das importações de aço. Por outro lado, companhia registrou crescimento tanto na produção quanto nas vendas no período.

Um segundo semestre mais fraco, com menores vendas de aço no Brasil e no mundo, deprimindo globalmente os preços das commodities metálicas, contribuiu para o recuo, segundo a companhia. 

Além disso, a receita líquida da siderúrgica atingiu R$ 69,8 bilhões, uma leve retração de 2,6%. Já o Ebitda (resultado operacional consolidado) chegou a R$ 9,2 bilhões, indicando baixa de 38%, mas que, de acordo com o grupo, foi suficiente para registrar uma margem Ebitda de 13%. 

Por outro lado, apesar da pressão imposta pela importação de aço e do baixo crescimento do consumo interno, a ArcelorMittal reportou aumento na produção no ano passado. Dessa forma, a empresa se firmou como a maior produtora de aço do Brasil e da América Latina. 

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Conforme o balanço divulgado na segunda-feira (29), 14,8 milhões de toneladas de aço foram produzidas pela empresa em 2023, avanço de 16,5% em relação ao ano anterior. O volume engloba tanto as operações da companhia no País quanto na Argentina e Costa Rica.

O bom desempenho no âmbito produtivo foi atribuído a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará, em março do ano passado. E a performance operacional das outras unidades do grupo, com foco em produtos exclusivos e de alto valor agregado, estabelecimento de sinergias e redução de custos também foram importantes para elevar os números de fabricação.

Adicionalmente, o volume de vendas da ArcelorMittal subiu 15,9% no último exercício. Foram, no total, 14,4 milhões de toneladas comercializadas pela siderúrgica entre janeiro e dezembro.

“A administração da ArcelorMittal Brasil considera os resultados do ano de 2023 sólidos e excelentes”, destacou o vice-presidente corporativo de Finanças e Tecnologia da Informação da ArcelorMittal Brasil, Alexandre Barcelos, em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO.

Ele explica que os números seriam inferiores sem os nove meses de resultados da nova operação – ArcelorMittal Pecém, responsável por produzir em torno de 2,4 milhões de toneladas. E ressalta que é preciso levar em consideração a alta base de comparação, visto que no primeiro semestre de 2022, ainda em ressaca positiva da pandemia, a siderurgia registrou números extraordinários.

Investimentos

O maior programa de investimentos em expansão no setor siderúrgico brasileiro também foi mantido pela ArcelorMittal. Até 2026, o grupo pretende aportar cerca de R$ 25 bilhões no País.

Os R$ 11,2 bilhões investidos na aquisição da unidade de Pecém estão incluso no plano. Além da incorporação, a empresa está aportando R$ 9,3 bilhões em expansões das unidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina e R$ 4,2 bilhões na construção de um parque eólico na Bahia, a partir de uma joint venture formalizada com a Casa dos Ventos. 

A planta de geração de energia eólica terá capacidade de produção de 553,5 megawatts (MW) e abastecerá 40% do consumo elétrico da ArcelorMittal no Brasil. O investimento faz parte dos esforços da companhia para reduzir as emissões em 25% até 2030 e ser carbono neutra até 2050.

Em solo catarinense, na unidade de Vega, R$ 1,9 bilhão está sendo destinado a uma nova linha combinada de produção de aços laminados a frio e revestidos. A capacidade produtiva da operação passará de 1,6 milhão de toneladas por ano para 2,2 milhões de toneladas.

Já em território fluminense, na usina de Barra Mansa, os aportes somam R$ 1,3 bilhão. O projeto visa aumentar a produção anual do empreendimento em 500 mil toneladas com ampliação do portfólio de produtos e soluções voltadas aos mercados automotivo, de energia e construção civil.

Companhia investe R$ 6,1 bi em Minas

Dentro do robusto programa de investimentos da ArcelorMittal no Brasil, iniciado em 2022, aproximadamente R$ 6,1 bilhões serão destinados para as operações da empresa em Minas Gerais. 
Em João Monlevade, a siderúrgica está investindo em torno de R$ 4 bilhões para quase duplicar a capacidade de produção da usina. O projeto, que compreende expansão da sinterização, alto-forno e aciaria, está previsto para ser concluído no segundo semestre de 2026, segundo a empresa.

Anteriormente, a estimativa de recursos para o empreendimento era de cerca de R$ 2,5 bilhões. Contudo, o grupo revisou o valor em razão de mudanças relacionadas a mais automação, atualização de equipamentos e obras civis mais complexas (50%) e efeito da inflação (50%). 

“A usina de João Monlevade faz aço e produz fio-máquina de alto valor agregado, bastante utilizado na indústria nacional, mas também produzido para exportação. O investimento visa aumentar a produção de 1,2 milhões de toneladas por ano para 2,2 milhões”, disse o vice-presidente corporativo de Finanças e Tecnologia da Informação da ArcelorMittal Brasil, Alexandre Barcelos.

Na Mina do Andrade, fornecedora de minério de ferro para a planta, a produção crescerá de 1,5 milhão para 3,5 milhões de toneladas anuais. O empreendimento já tem capacidade suficiente para atender a demanda futura da usina e receberá recursos apenas para aquisição de equipamentos móveis já considerados no montante a ser destinado em João Monlevade.

Já na Mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu, uma nova planta de pellet feed será instalada com aporte de R$ 2 bilhões. Com o projeto, a capacidade produtiva da operação passará de 1,6 milhão de toneladas de minério de ferro ao ano para 4,5 milhões. A conclusão está prevista para 2024.

Enquanto na unidade de Sabará, a ArcelorMittal está investindo R$ 144 milhões para aumentar a capacidade em 35% de trefilados e oferecer soluções de alto valor agregado, especialmente para o setor automotivo. Este projeto também está estimado para ser concluído neste ano.

Grupo está otimista, porém com o “pé no chão”

Na última semana, o governo federal decidiu estabelecer cotas de importação de aço mais imposto de 25% sobre o excedente de 11 produtos siderúrgicos. A medida, que entrará em vigor no dia 1º de junho e terá validade de 12 meses, atende a antigo pleito da siderurgia nacional que desde o ano passado vinha frisando problemas relacionados ao excesso de aço importado.

O vice-presidente corporativo de Finanças e TI da ArcelorMittal Brasil, Alexandre Barcelos, disse que o anúncio foi um marco positivo e uma sinalização de que o País não é “terra de ninguém”, ou seja, tem regras e protege a indústria brasileira contra práticas predatórias. A expectativa da empresa, segundo ele, é de que, no segundo semestre, as importações fiquem mais comportadas e o volume não cresça.

“Tanto as cotas dos importados quanto a reforma tributária são sinais importantes que vemos para o futuro. Não é imediato para o segundo semestre, talvez para 2025 ou até mais pra frente, mas são sinalizações que o Brasil mostra um futuro mais atrativo e isso corrobora com a nossa política de investimentos pensando no crescimento dos mercados no longo prazo”, ponderou o executivo.

Analisando o curtíssimo prazo, Barcelos diz que há uma preocupação da ArcelorMittal com a tendência de queda dos juros. Isso porque boa parte do mercado consumidor da empresa depende de financiamentos e, por outro lado, quando as taxas caem, projetos costumam ser destravados.
“Continuamos otimistas com o futuro, mas com o pé no chão”, resumiu o executivo.

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