Sobretaxa do aço: ArcelorMittal aposta em negociação de cotas com Estados Unidos

O presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, Jefferson De Paula, que também é membro do Instituto Aço Brasil, acredita que o governo brasileiro conseguirá chegar a um acordo com os Estados Unidos a respeito da taxação das importações de aço em 25%.
“A ArcelorMittal acredita que o Brasil tem um potencial gigantesco de crescimento nos próximos 20, 30, 50 anos. Nunca faríamos um investimento estratégico pensando no próximo ano”, disse a jornalistas na solenidade de inauguração de expansão da usina de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), nesta sexta-feira (14), quando questionado a respeito do cenário de incertezas para o setor siderúrgico.
O executivo tem participado de conversas entre representantes do setor siderúrgico e o governo federal e relacionou o otimismo ao ocorrido na primeira gestão de Trump, quando também foi imposta taxa sobre importação do aço e o governo negociou cotas para o embarque de aço brasileiro para os EUA. “Em 2018 foi a mesma coisa e o governo negociou. Estamos mostrando para o governo que os Estados Unidos precisa importar semiacabados, porque lá faltam placas. Os Estados Unidos importaram, no ano passado, 5,6 milhões de toneladas de placas e o Brasil exportou 3,5 milhões de toneladas desse total. Os Estados Unidos precisam comprar. Por isso, acreditamos que vamos acabar chegando a um acordo”, afirmou.
O consenso na época foi o estabelecimento de cotas de exportação e, segundo De Paula, é o que tenta novamente o governo brasileiro, sob orientação das siderúrgicas. Na prática, o País poderia exportar até 3,5 milhões de toneladas de placa mais 680 mil toneladas de produto.
Zema cobra proteção à indústria nacional
Já o governador Romeu Zema (Novo), quando questionado sobre o tema, afirmou que este é um assunto nacional e que o setor precisa de uma revisão das tarifas de importação. “Todos os países tributam o aço subsidiado que vem da Ásia em 25%. Aqui no Brasil, chega uma boa parte do aço, praticamente pagando uma tributação muito menor. Nós queremos que o Brasil simplesmente siga aquilo que outros países fazem”, disse.
E voltou a criticar o governo federal – já que vem tendo embates permanentes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Parece que aqui estamos querendo reinventar a roda e isso é muito triste; alguém achar que ele sabe mais do que o resto do mundo. Temos, em alguns momentos, um governo que pensa dessa maneira e ficamos cometendo erros eternamente. O Brasil precisa primeiro ver essa questão do aço asiático, que tem tomado o mercado das nossas empresas”, argumentou.
Zema também frisou que o aço asiático é um dos mais sujos do mundo, o que mais emite carbono e enalteceu a produção nacional e mineira. “Aqui temos um dos aços mais verdes do Brasil, já que fazemos uso de carvão vegetal e nossa eletricidade é praticamente toda renovável. Isso é mais um motivo para darmos um voto de confiança ao aço nacional”, completou.
Também presente na solenidade, o CEO da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga, endossou que esta é uma pauta federal e que o papel do Executivo mineiro está no diálogo com as empresas, uma vez que a maior parte da produção nacional sai de Minas Gerais.
“Não é algo fácil. Tarifas naturalmente encarecem os preços de toda uma cadeia. Mas isso faz parte da dinâmica econômica mundial e o governo precisa estar preparado para lidar. Enquanto isso, as empresas estão em movimento e investindo, porque num cenário onde cada vez mais há pressão de custo, só vai conseguir oferecer um produto adequado quem investir em competitividade e sustentabilidade”, opinou.
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