Economia

ArcelorMittal teria demitido 50 funcionários em escritório de Belo Horizonte

Fonte que preferiu anonimato confirmou cortes no setor administrativo; CEO e vice-presidente da operação no Brasil, Everton Negresiolo não confirmou nem negou a informação
ArcelorMittal teria demitido 50 funcionários em escritório de Belo Horizonte
Foto: Reprodução Google Street View

A ArcelorMittal teria demitido em torno de 50 funcionários do escritório administrativo da companhia, localizado no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, conforme uma fonte que preferiu não ser identificada. Os cortes teriam ocorrido em razão do cenário negativo que o setor siderúrgico enfrenta com as importações de aço e com o “tarifaço” do governo dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras ao mercado norte-americano.

Questionado a respeito das demissões na Capital, o CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam e vice-presidente da operação no Brasil, Everton Negresiolo, não confirmou nem negou a informação. Entretanto, afirmou que é natural ocorrerem contratações e desligamentos em uma siderúrgica que emprega milhares de pessoas.

“A empresa tem mais de 20 mil funcionários próprios no País, e é natural do processo [haver] entradas e saídas. Inclusive, tem pessoas que decidem sair por conta própria; outras saem por performance […]”, declarou o executivo em entrevista ao Diário do Comércio, durante o Congresso Aço Brasil, realizado nesta semana, em São Paulo.

“Não existiu, até o momento, nenhum movimento direto de redução do quadro de funcionários. Estamos, sim, muito pressionados. Os nossos resultados, assim como os de toda a indústria siderúrgica, estão muito desafiadores, mas temos trabalhado arduamente para sustentar o nosso nível de emprego. As saídas que ocorrem são naturais do processo de uma companhia que possui uma complexidade operacional como a nossa”, complementou.

Empresa está deixando de empregar mais devido à situação atual, diz CEO

Conforme Negresiolo, a ArcelorMittal tem conseguido sustentar uma boa taxa de utilização da capacidade das unidades, o que permite à companhia manter certa estabilidade operacional e preservar o nível de empregabilidade dos últimos anos. No entanto, segundo ele, a empresa poderia gerar mais empregos no Brasil, não fosse a situação atual.

De acordo com o executivo, a empresa está deixando de empregar mais no País por não utilizar a capacidade nominal das plantas. O CEO pontuou que uma das principais razões para a companhia não ter um volume maior de produção é a quantidade de produtos que entram no território brasileiro de forma desleal.

Decisão de novos investimentos da ArcelorMittal no Brasil segue em estudo

Além dos empregos, o cenário enfrentado pela siderurgia brasileira também coloca em risco investimentos da ArcelorMittal no País. Em maio, Negresiolo afirmou que a empresa estudava um ciclo de aportes no Brasil no valor de R$ 10 bilhões – cerca de R$ 3 bilhões destinados a Minas Gerais –, mas condicionou as inversões a uma decisão do governo federal sobre o mecanismo de defesa comercial do setor. Em junho, o sistema de cota-tarifa foi renovado por mais 12 meses, no entanto, com poucas mudanças.

Everton Negresiolo
No Congresso AçoBrasil realizado em SP, Negresiolo conversou com Diário do Comércio | Foto: Divulgação RicardoMatsukawa

Questionado sobre o tema, o CEO destacou que a inclusão de novos produtos no mecanismo foi um bom indicativo da disposição do governo federal em apoiar a siderurgia. Entretanto, considerou a medida insuficiente, defendendo a adoção de ações mais robustas. Ele afirmou que a companhia mantém o interesse em investir no mercado brasileiro, mas que a decisão dependerá da evolução das políticas de defesa comercial nos próximos meses.

“Os projetos continuam em fase de estudo e discussão, mas ainda não têm aprovação final. Isso ocorre tanto pelo desenvolvimento dos projetos quanto pela necessidade de vermos demonstrações claras e medidas mais robustas em relação à defesa comercial”, disse.

Negresiolo reiterou, contudo, que o atual ciclo de investimentos da ArcelorMittal no Brasil, de R$ 25 bilhões, não será afetado. Segundo ele, a empresa concluirá os aportes no próximo ano. Entre os projetos em andamento está a nova planta da Mina de Serra Azul, que, de acordo com o executivo, entrará em operação neste trimestre.

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