Artefatos de borracha: indústria em MG aposta em retomada em 2021

Em Minas Gerais, as indústrias de artefatos de borracha esperam obter bons resultados em 2021. Após enfrentar perdas em alguns segmentos em 2020, devido à crise provocada pela pandemia da Covid-19, o setor crê em uma recuperação da economia e aumento da demanda nas indústrias. No ano passado, o segmento da indústria de borracha mais afetado foi o voltado para o setor automobilístico, que encerrou o ano com queda. Já o segmento direcionado ao setor da mineração registrou bom desempenho, superando as perdas e encerrando o exercício com estabilidade ou pequena alta frente a 2019.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Borracha no Estado de Minas Gerais (Sinborminas), Roland Von Urban, explica que o segmento atendido pelas indústrias do setor abrange várias cadeias industriais, como a de autopeças, automobilística, mineração, indústria de base, siderurgia, pneus e portos e área naval.
“Em 2020, com a crise provocada pela pandemia e a suspensão de diversas atividades econômicas, o segmento que mais sofreu foi o de autopeças e automobilístico. No nosso sindicato, tivemos grandes associados que dispensaram muita mão de obra por queda da demanda. Foi um ano atípico pela Covid-19 e, claro, nossa perspectiva é de melhora desse segmento para 2021”.
Já as empresas que atendem ao setor de mineração, principalmente, tiveram um desempenho melhor, segundo Von Urban. A estimativa é que esse segmento tenha encerrado o ano com resultados iguais ou superiores aos registrados em 2019.
Custos de produção – Ainda em relação ao ano anterior, um dos principais desafios enfrentados pelas indústrias de artefatos de borracha foi o aumento dos custos de produção. A menor oferta de matéria-prima aliada à desvalorização do real frente ao dólar alavancaram os preços de importantes insumos, o que causou prejuízos e redução das margens das empresas.
De acordo com Von Urban, o aumento dos custos com a matéria-prima, principalmente a borracha, em 2020, ficou superior a 35%.
“O dólar valorizado influenciou nos custos, porque muito da nossa matéria-prima é importada. Até 1906, o Brasil era o maior produtor de borracha do mundo e, hoje, mesmo com todo o território e potencial que temos, o volume disponível no mercado interno abastece apenas 50% do que consumimos. Os demais 50% são importados da Malásia, Vietnã e outros países”.
Outro insumo cujo preço subiu e impactou o desempenho do setor foram as chapas de aço. “O valor das chapas subiu assustadoramente, ficando entre 30% e 40% maior. Isso fez com que o lucro diminuísse nas empresas, já que não foi possível repassar esse aumento de custo para nossos compradores de grande porte, que não aceitaram o reajuste”, explicou.
Demissões – Ainda segundo Von Urban, a redução do faturamento das empresas é prejudicial e pode levar ao aumento de demissões. Acreditando em uma retomada da economia em 2021, principalmente, após o início da vacinação contra a Covid-19, muitas indústrias do setor estão segurando a mão de obra.
“Dispensar o pessoal é uma das últimas alternativas, já que o treinamento para esse tipo de operador é longo e oneroso”.
Para este ano, a estimativa é de retomada da economia e de crescimento das indústrias de artefatos de borracha. Porém, além do controle da pandemia, será necessária a aprovação da reforma tributária para que os empresários tenham maior fôlego e possam investir em tecnologia e inovação, fazendo com que a indústria se fortaleça e possa ganhar mais competitividade nos mercados.
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