Associações negam participar de bloqueios de caminhoneiros em MG e destacam prejuízos para setor

Caminhoneiros bolsonaristas iniciaram nesta segunda-feira uma paralisação de rodovias em 11 estados do País, além do Distrito Federal. Minas Gerais foi um dos cinco primeiros estados brasileiros a iniciar as mobilizações ainda no final da manhã. A mobilização, parcialmente nacional, ocorreu em resposta à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao cargo de presidente da República, praticamente 12 anos após concluir o último mandato.
Os maiores registros de interdições pelo Brasil, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram identificados nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná. Na Grande BH, a BR-381, na altura do município de Betim, teve bloqueio total nos dois sentidos da rodovia, causando aproximadamente três quilômetros de engarrafamento.
Para bloquear as vias, os manifestantes atearam fogo em pneus e utilizaram entulhos para impedir a passagem de veículos. No Sul do Estado, nas proximidades da cidade de Pouso Alegre, a rodovia Fernão Dias teve trechos de lentidão somente na parte da manhã. Isso porque a PRF foi acionada pela Arteris Fernão Dias, administradora da rodovia, que conseguiu impedir o prolongamento das manifestações, que duraram apenas 20 minutos.
O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas e Bens do Estado de Minas Gerais (Fetac-MG), Antônio Vander Silva Reis, afirmou ao DIÁRIO DO COMÉRCIO que as manifestações não têm ligação com os caminhoneiros autônomos. Ele apontou que há pessoas se passando por caminhoneiros e pediu que a imprensa ajudassem a identificá-los.
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As paralisações foram acompanhadas em tempo integral pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), entidade que representa as empresas de transporte no País. Monitorando as ações por algumas rodovias, a entidade afirmou à nossa equipe de reportagem que se posiciona contrariamente a esse tipo de intervenção. “Respeitamos o direito de manifestação de todo cidadão, mas defendemos que ele seja exercido sem prejudicar o direito de ir e vir das pessoas”, afirmou a entidade em comunicado.
Em Minas Gerais, outras duas rodovias sob circunscrição da PRF-MG estiveram com interdições até o fim do dia – todas na Zona da Mata. Em Manhuaçu, no entroncamento da BR-116 (km 590) com a BR-262 (km 50), há paralisação de veículos de carga. Já no município de Muriaé, na BR-116 (km 702), foi sinalizada uma interdição devido a manifestações ao longo da tarde, mas que foi controlada pelos policiais durante oito horas de protesto. As informações foram divulgadas no perfil da PRF-MG no Twitter.
“A imprensa tem um papel importante de ajudar a investigar quem está paralisando, pois somente os caminhoneiros levam a culpa. Até agora não recebemos nenhuma ligação dos caminhoneiros autônomos e fica uma imagem muito ruim para os caminhoneiros que não estão presentes. Tem pessoas se passando por caminhoneiros, é o que a gente acredita. Não recebemos nenhuma ligação sequer questionando alguma ligação, nem sobre presidente”, disse.
Abastecimento
Procurado pela reportagem, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato, disse que as empresas transportadoras de cargas estão operando normalmente no Estado. Ele ressaltou que os bloqueios das rodovias prejudicam o setor e também o abastecimento à população.
“Os principais focos (de paralisação) estão em Ipatinga. Estamos tendo problemas. São movimentos de caminhoneiros autônomos, não temos participação e desconhecemos o teor das paralisações. Nós, transportadores de cargas, estamos operando normalmente e estamos sendo prejudicados”, destacou. “Essas paralisações criam tumulto. Os caminhões precisam ir e voltar, mas estão parados. Todo o abastecimento fica prejudicado, de toda a cadeia, como supermercados, por exemplo”, complementou.
O Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sindtaque-MG) também foi procurado para comentar as paralisações. O Sindtaque-MG informou que não está liderando o movimento pelas estradas do Estado. No entanto, oferece apoio à luta dos caminhoneiros, demonstrando respeito pela decisão de paralisações.
Por Thyago Henrique e Dione AS
Informações atualizadas em 01/11 às 10h17
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