Economia

Atento à taxa de juros, setor de máquinas e equipamentos espera recuperação em 2025

Demanda vinda de segmentos como infraestrutura e indústria extrativa, além de perspectiva de bom desempenho do agronegócio, que espera por uma safra recorde, devem ajudar atividade em 2025
Atento à taxa de juros, setor de máquinas e equipamentos espera recuperação em 2025
A manutenção do patamar elevado da Selic preocupa o setor, já que restringe investimentos realizados no maquinário das empresas | Crédito: Diário do Comércio / Juliana Gontijo

Em Minas Gerais, o setor de máquinas e equipamentos deve se recuperar em 2025. A estimativa é calcada primeiramente em cima de uma base de comparação baixa em relação ao ano anterior, bem como à boa demanda vinda de setores menos dependentes da taxa básica de juros (Selic), como infraestrutura e indústria extrativa, ou com a perspectiva de bom desempenho, como é o caso do agronegócio, que espera por uma safra recorde este ano.

A manutenção do patamar elevado da Selic preocupa o setor, já que a política monetária mais apertada do Banco Central restringe investimentos realizados no maquinário das empresas.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) espera que o setor mantenha a recuperação iniciada no segundo semestre do ano passado e feche 2025 com um crescimento de 3,7% na receita total de vendas, após três anos consecutivos de queda. “O desempenho positivo se trata de uma recuperação e não um crescimento propriamente dito”, afirma a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.

Ela aponta que a perspectiva de grandes projetos como na área de infraestrutura, setor muito financiado por debêntures, capital próprio ou externo, alternativas ao crédito atrelado à Selic, geram otimismo para a recuperação no setor, principalmente em Minas Gerais.

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“Mesmo o setor agrícola, toda a parte de aquisição de máquinas depende de taxa de juros mais baixa. Mas tem outros fatores que são determinantes para o investimento. Então, se tiver um bom resultado, ainda que a taxa de juros seja elevada, permite ampliar o investimento”, diz Cristina Zanella.

A safra de grãos projetada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2025 deve alcançar o recorde de 325,3 milhões de toneladas, 11,1% superior à safra de 2024.

A receita líquida total do setor de máquinas e equipamentos do País cresceu 19,5% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, alta de 7,5% ante dezembro, no desempenho ajustado, e somou R$ 20,5 bilhões. Os dados são da Abimaq.

O resultado foi impulsionado pelo avanço do mercado doméstico, com uma receita líquida interna da ordem de R$ 15,5 bilhões, 32,3% superior ao registrado em janeiro de 2024 e 5,8% maior que o obtido no mês anterior. O consumo aparente no mês alcançou R$ 33 bilhões, aumento de 37,6% na comparação ano a ano e 3,3% em relação a dezembro.

O nível de ocupação da capacidade instalada do setor ficou estável, enquanto o número de empregados aumentou 0,4% em relação a dezembro de 2024, com 400,2 mil trabalhadores.

À espera de Trump, exportações para EUA caem e importações da China aumentam

O presidente do Sindicato da Indústria da Mecânica de Minas Gerais (Sindimec), Daniel Junqueira, afirma que a taxa de juros elevada é hoje um dos principais entraves para o desempenho do setor no Estado, juntamente com a menor confiança dos empresários.

“A gente está com uma expectativa boa, mas preocupado por causa disso. Quando coloca uma taxa de juros alta, qualquer investimento que você vai fazer aumenta o payback consideravelmente”, diz. “A gente tem que esperar o resultado de fevereiro para ver o reflexo dessa virada de ano com ‘olhos mais claros’”, completa Junqueira.

Ele aponta que a Selic alta pode estar impactando, inclusive, a importação de máquinas e equipamentos, que podem tornar mais competitivo o maquinário de países como a China.

O levantamento da Abimaq mostra que, em janeiro, as importações de máquinas e equipamentos aumentaram 19,3% na comparação anual e atingiram US$ 2,7 bilhões, o maior volume já registrado para o mês. A China se consolidou como principal fornecedora do País, responsável por 36% das máquinas importadas.

Já as exportações do setor sofreram uma retração significativa, com queda de 22,3% em relação a janeiro de 2024 e somaram US$ 818 milhões. Um dos fatores determinantes foi a redução dos embarques para Estados Unidos, Singapura e México.

Cristina Zanella pontua que ainda não é possível verificar uma relação da diminuição das exportações para os Estados Unidos por conta da política tarifária do presidente da potência americana, Donald Trump, tendo o resultado sido impactado por fatores outros e sendo necessário observar os próximos meses e as próximas medidas do mandatário norte-americano.

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