Atividade da indústria no Brasil recua em janeiro

Rio e São Paulo – A indústria do Brasil iniciou o ano com fraqueza generalizada na produção de janeiro e o pior resultado em quatro meses, com destaque para as perdas de investimentos. A produção industrial registrou queda de 0,8% em janeiro na comparação com o mês anterior, mostraram dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa é a leitura mais fraca desde setembro do ano passado, quando a produção contraiu 1,9%, e anula o ganho de 0,2% registrado em dezembro. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo de 2,6%, pior taxa para o mês de janeiro desde 2016 (-13,4 %).
Ambos os resultados foram mais fracos do que as expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de quedas de 0,1% na variação mensal e de 1,2% na base anual.
“Apesar da mudança de governo, nada mudou para indústria. As expectativas dos empresários até melhoraram, mas isso na prática não se realizou ainda para a indústria”, disse o gerente da pesquisa no IBGE, André Macedo.
“A indústria começa 2019 praticamente inalterada em relação ao quadro de 2018”, explicou. “A crise na Argentina, o mercado de trabalho com quase 13 milhões de desempregados e uma confiança que ainda não se concretizou explicam esse quadro da indústria brasileira.”
Em 2018, a atividade industrial perdeu força ao longo de um ano marcado por incertezas em torno da eleição presidencial, greve de caminhoneiros e recuperação lenta do mercado de trabalho, além de uma crise na Argentina.
A indústria registrou contração no quarto trimestre de 0,3% sobre os três meses anteriores, pesando sobre o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no período – a economia teve expansão de apenas 0,1% sobre o terceiro trimestre.
No acumulado do ano, entretanto, a indústria mostrou avanço de 0,6 %, enquanto o PIB fechou 2018 com expansão de 1,1% sobre o ano anterior.
Entre as categorias econômicas, o destaque em janeiro foi a contração de 3,0% na produção de Bens de Capital, uma medida de investimento, sobre o mês anterior, no terceiro resultado negativo seguido.
Bens Intermediários tiveram queda de 0,1% enquanto Bens de Consumo retraíram 0,3% na comparação mensal.
Os dados do IBGE também mostraram que, entre os ramos pesquisados, 13 dos 26 apresentaram perdas. A maior influência negativa coube a produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com queda de 10,3%.
Pesquisa Focus do Banco Central mostra que a expectativa dos economistas para a indústria neste ano é de uma expansão de 2,80%, acelerando a 3% em 2020.
CNI – A produtividade do trabalho na indústria de transformação aumentou 0,9% em 2018 na comparação com 2017. Foi o quarto ano consecutivo de crescimento do indicador. O resultado, no entanto, é menor do que a expansão de 4,5% registrada no ano anterior, informa o estudo divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). “A produtividade é um dos principais determinantes da competitividade da indústria e é essencial para o crescimento do País”, afirma o gerente-executivo de Pesquisas da CNI, Renato da Fonseca.
O fraco desempenho da produtividade é resultado do aumento da incerteza e da frustração com o crescimento da demanda ao longo do ano passado.
Mesmo assim, as perspectivas para 2019 são positivas e, na avaliação da CNI, o ritmo de crescimento da produtividade será maior do que o de 2018. Isso porque a economia e a indústria devem crescer com maior vigor. “A confiança do empresário voltou a crescer e seus reflexos sobre o investimento deverá se fazer cada vez mais presente. O investimento estimulará o crescimento da produtividade”, afirma o estudo.
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