Atividade econômica do País cresce 0,86% em outubro

São Paulo – A atividade econômica brasileira apresentou crescimento em outubro, mas o ritmo de recuperação dos efeitos da pandemia de coronavírus perdeu força no início do quarto trimestre, de acordo com dados do Banco Central.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,86% em outubro na comparação com o mês anterior, segundo dado dessazonalizado divulgado ontem.
O resultado foi o sexto em território positivo e ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,9% no mês.
Entretanto, o ritmo de expansão da atividade desacelerou depois de uma alta de 1,7% em setembro sobre agosto, em dado revisado pelo BC após divulgação anterior de avanço de 1,29%.
“O resultado reforça a expectativa de outra forte expansão do PIB neste quarto trimestre, ainda que em ritmo menor do que o verificado entre julho e setembro”, avaliou o Bradesco em nota.
Na comparação com outubro de 2019, o IBC-Br registrou queda de 2,61% e, no acumulado em 12 meses, teve recuo de 3,93%, segundo números observados.
Após o ápice das medidas de isolamento para conter o coronavírus em março e abril, a economia brasileira vem mostrando recuperação amparada em medidas de auxílio do governo ao mesmo tempo em que as restrições foram relaxadas.
No terceiro trimestre, o PIB brasileiro cresceu 7,7% na comparação com os três meses anteriores, em uma expansão recorde que entretanto ainda não foi suficiente para recuperar as perdas vistas no auge da pandemia de coronavírus no País.
O setor de serviços, que tem o maior peso na economia, conteve a expansão do PIB entre julho e setembro, tendo sido o mais afetado pelo isolamento social e apresentado as maiores dificuldades para retornar ao nível pré-pandemia.
Entretanto, o setor iniciou o quarto trimestre com alta no volume pelo quinto mês seguido e acima do esperado, de 1,7%, mas segue abaixo do nível pré-pandemia.
Por sua vez, a produção industrial subiu 1,1% em outubro sobre o mês anterior, apresentando crescimento pelo sexto mês seguido, enquanto as vendas varejistas surpreenderam e cresceram em outubro 0,9%.
A pandemia permanece no radar, com esperanças de uma vacina no ano que vem, mas as atenções também se voltam para a situação fiscal do País e para as esperadas reformas, destacadamente a tributária e administrativa.
O governo estima que o PIB irá contrair 4,5% neste ano e projeta em 2021 crescimento de 3,2%.
Já o mercado calcula uma queda da economia em 2020 de 4,41%, passando a expandir 3,50% no ano que vem, segundo a pesquisa Focus divulgada pelo BC ontem. (Reuters)
Inflação não é fruto de incerteza fiscal, aponta SPE
Brasília – A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia descartou ontem que a deterioração da inflação no País seja fruto da incerteza em relação à solvência fiscal, em meio a sucessivos ajustes para cima que têm sido feitos para o IPCA.
Em nota sobre a importância do equilíbrio das contas públicas para a trajetória de inflação, a secretaria reconheceu que um processo desinflacionário ocorreu no início da pandemia de coronavírus, ao passo que nos últimos meses deste ano tem havido elevação dos preços ao consumidor.
Mas a SPE afastou a possibilidade de o desarranjo fiscal por conta dos volumosos gastos com o surto de Covid-19 estar afetando expectativas de inflação para 2021.
“Os resultados dos modelos teóricos mostram que a elevação do risco de insolvência da dívida pública afeta as expectativas futuras de inflação, podendo, em até alguns casos, impactar os preços correntes”, disse.
“No entanto, não há respaldo teórico em relacionar a piora da situação fiscal com deterioração dos preços correntes, mantendo as expectativas longas de inflação ancoradas”, completou a SPE, argumentando que, a despeito das revisões para cima para o IPCA este ano, as projeções para 2021 “têm se reduzido”.
No boletim Focus de ontem, feito pelo BC junto a uma centena de economistas, a estimativa para o IPCA em 2020 subiu pela décima semana seguida, a 4,35%, acima do centro da meta de 4%, que tem margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Em 4 de junho, lembrou a própria SPE, a perspectiva para o IPCA chegou a ficar em um aumento de apenas 1,5% neste ano. (Reuters)
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