Economia

Atividade econômica dos pequenos negócios de Minas Gerais sobe 1,47% em abril

Esse é o segundo mês consecutivo em que o Estado registra alta no indicador; avanço pode ser atribuído aos bons índices de geração de emprego e renda
Atividade econômica dos pequenos negócios de Minas Gerais sobe 1,47% em abril
Foto: Reprodução AdobeStock

Os pequenos negócios de Minas Gerais apresentaram avanço de 1,47% na atividade econômica em abril em relação à março. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o Estado fechou com 101,86 pontos no Índice SumUp do Microempreendedor (ISM), o que representa um crescimento de 1,68%.

O economista e head de renda fixa da Suno Research, Guilherme Almeida, avalia que esse avanço está relacionado à geração de emprego e renda, pois Minas apresentou, entre os meses de janeiro e março deste ano, uma taxa de desemprego abaixo da média nacional.

“Essa menor taxa de desemprego implica em maior renda disponível no mercado. Nós temos esse efeito no consumo e na demanda das famílias, o que acaba impulsionando as vendas dos pequenos negócios”, explica.

Já o economista e professor do Centro Universitário Uniarnaldo, Alexandre Miserani, acrescenta que esse avanço de 1,47% na atividade dos pequenos negócios vem junto com outras boas notícias para a economia brasileira, refletindo a confiança dos microempreendedores quanto ao próprio negócio.

“Apesar de o indicador de março ter crescido 2,85% e o de abril crescer, praticamente, a metade, ainda vemos uma credibilidade em montar o seu próprio negócio e tocar com perspectiva de crescimento”, diz.

Sequência de alta após forte queda em Minas Gerais

Mulher empreendedora.
Foto: Yuri Arcurs/Sebrae

A atividade econômica dos pequenos negócios em Minas vem apresentando leve recuperação nos últimos meses, após duas quedas consecutivas. Entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano, o indicador baixou de 103,63 para 97,6 pontos, um recuo de 5,82% no período. Após essa queda, os microempreendedores mineiros registraram 100,38 pontos em março, antes de atingir o patamar atual.

Para o professor da Uniarnaldo, o cenário atual demonstra que a atividade econômica continua aquecida e indica também a confiança dos microempreendedores para ingressar no mercado, com possibilidade de maior empregabilidade nesse segmento.

“O resultado reflete o espírito empreendedor brasileiro e, prioritariamente o de Minas Gerais. Além disso, devido à falta de instalações de grandes empreendimentos industriais e menor oferta de empregos de altos salários, as pessoas buscam, com base em suas habilidades, seguir na vertente do microempreendedorismo”, relata.

Miserani lembra que grande parte desses empreendedores atua no setor de serviços, um segmento que vem apresentando alta demanda nos últimos anos. Ele destaca o grupo que atua com reparos e manutenções de produtos.

“Este fator contribui para esse crescimento no índice e faz com que tenhamos esse resultado pelo segundo mês consecutivo”, completa.

Bons indicadores de emprego e renda favorecem desempenho

Já o economista e head de renda fixa da Suno Research, Guilherme Almeida, ressalta que ainda é muito cedo para falar em uma recuperação consolidada da atividade econômica, devido a questões de sazonalidade. Ele lembra que o final de ano tende a ser mais aquecido, principalmente para os setores que lidam com consumidor final, como é o caso de serviços.

Em sua avaliação, é natural que haja uma queda na passagem de dezembro para janeiro e uma continuidade desse cenário, pelo menos, no primeiro trimestre do ano.

“Vamos lembrar que as famílias já começam o ano com algumas dívidas contratadas do último trimestre do ano anterior e compromissos obrigatórios como o IPTU e o IPVA, gerando menor renda disponível para o consumo”, completa.

Para ele, o avanço entre os meses de fevereiro e abril reflete um cenário de atividade econômica ainda aquecida, puxada, principalmente, pelos bons resultados dos indicadores de emprego e renda. “Mas não acredito que seja ainda uma consolidação”, esclarece.

Inflação e custo do crédito: expectativas para os próximos meses

Empreendedorismo feminino.
Foto: Adobe Stock

Almeida observa que o cenário atual está repleto de desafios que ainda não tiveram efeitos no mercado, como é o caso da alta taxa de juros, que encarecem o custo do crédito oferecido aos consumidores. A inflação do segmento de serviços é outro ponto de preocupação mencionado pelo economista.

“Não acredito que vamos apresentar uma queda brusca na atividade econômica, mas, sim, um arrefecimento no processo de crescimento dessa atividade. O cenário é de cautela, principalmente, para as famílias que estão mais endividadas”, pontua.

De forma geral, o especialista avalia que o cenário para os próximos meses deverá seguir positivo, com as empresas registrando bons resultados na geração de fluxo de caixa, via demanda das famílias, mas com tendência de desaceleração ao longo do tempo.

Miserani também espera bons resultados para os próximos meses, com crescimento influenciado por diferentes contextos econômicos. O economista lembra que apesar dos desafios relacionados à taxa de juros e inflação, a maioria dos micro e pequenos empreendedores seguem otimistas e até planejam ampliar sua presença no comércio on-line.

“Esse é um fator que na pós-pandemia teve um crescimento vertiginoso e é uma modalidade que muitos aprenderam e já estão fazendo uso dela”, explica.

Ele esclarece que as oscilações devem acontecer naturalmente, devido às incertezas. Mas, o professor ressalta que eventos como os efeitos das decisões de Donald Trump tendem a se normalizar nos próximos meses, tendo em vista que a Suprema Corte Americana não autorizou a continuação de parte das tarifas anunciadas.

“Eu acredito que nós tenhamos uma perspectiva de crescimento, talvez não tão acentuada como foi o índice de março e talvez menor que o de abril, mas oscilando em crescimento. Acredito que, em curto prazo, nós tenhamos resultados bastante interessantes”, afirma.

Cenário nacional dos pequenos negócios

Esse movimento de recuperação apresentado pelos pequenos negócios em Minas Gerais acompanha uma tendência observada no restante do Brasil. Assim como o Estado, o ISM nacional também caiu entre os meses de dezembro do ano passado e fevereiro deste ano, avançando nos dois meses seguintes.

Os microempreendedores do País chegaram a registrar 124,71 pontos no último mês de 2024; porém, houve queda para 96,9 pontos em janeiro, e 90,62 pontos em fevereiro. Após essa forte queda de 27,34% no período, o índice nacional voltou a subir, marcando 94,51 pontos em março, e 95,16 pontos em abril.

A economista e diretora de mercado de capitais e tesouraria da SumUp para América Latina, Lilian Parola, analisa que, mesmo diante de um cenário econômico mais desafiador neste ano, os micro e pequenos negócios brasileiros têm conseguido se manter estáveis.

“Notamos um ritmo de crescimento mais contido, influenciado principalmente pela alta da inflação e das taxas de juros, que diminuem significativamente o poder de compra da população”, relata.

No entanto, a especialista pontua que o mês de abril registrou um desempenho mais favorável. Segundo ela, esse cenário positivo foi impulsionado tanto pelas vendas relacionadas à Páscoa quanto pelo movimento gerado pelo feriado prolongado.

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