Economia

Atividade industrial tem alta de 7,4% em Minas Gerais; veja os motivos

Transferências de renda em níveis historicamente elevados, pagamento de precatórios e mercado de trabalho aquecido contribuíram para o crescimento
Atividade industrial tem alta de 7,4% em Minas Gerais; veja os motivos
Foto: Rob Lambert / Unsplash

A atividade industrial em Minas Gerais apresentou crescimento em junho. A Pesquisa Indicadores Industriais (Index) realizada pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e divulgada nesta segunda-feira (5), mostra que houve uma alta de 7,4% no faturamento da indústria em relação a maio no Estado.

No acumulado dos últimos 12 meses o crescimento foi de 1,3%, e no acumulado do ano, 0,8%. De acordo com a economista da Fiemg responsável pelo estudo, Ellen Araújo, o crescimento foi puxado principalmente pelas indústrias de transformação e extrativa, e também por maior quantidade de pedidos em carteira.

As horas trabalhadas na produção também apresentaram crescimento de 2%, influenciado pelo segmento extrativo, de acordo com Ellen Araújo. De acordo com a economista, a utilização da capacidade instalada aumentou 0,9 ponto percentual, passando de 81,3% em maio para 82,2% em junho.

Com relação aos índices do mercado de trabalho, a economista da Fiemg explica que o rendimento médio real do trabalhador cresceu apenas 0,2%, bem próximo à estabilidade. “O índice é resultado do pequeno recuo de 0,2% do emprego, puxado pelo segmento de transformação e somado à estabilidade da massa salarial”, analisou.

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Indústria mineira cresceu 0,8% no primeiro semestre

Analisando o primeiro semestre de 2024, Ellen Araújo também ressalta resultados positivos para a indústria mineira. Enquanto nos seis primeiros meses do ano a indústria registrou alta de 0,8%, no acumulado dos 12 últimos meses o acréscimo foi de 1,3% no faturamento real.

Os motivos apontados pela economista da Fiemg são:

  • as transferências de renda em níveis historicamente elevados,
  • o pagamento de precatórios que somou um grande montante no primeiro semestre do ano,
  • o mercado de trabalho aquecido
  • e o aumento da proporção de reajustes salariais superiores à inflação.

“Esses aumentos contribuem para sustentar o consumo das famílias, favorecendo a atividade industrial do Estado. A título de exemplo, em junho de 2024, mais de 80% dos reajustes salariais ficaram acima da inflação de acordo com os dados do Ministério do Trabalho”, afirmou Ellen Araújo.

Crescimento nos próximos meses deve ser mais moderado

A continuidade do mercado de trabalho aquecido e a manutenção das transferências governamentais de renda são características que devem afetar positivamente a indústria nos próximos meses, de acordo com a economista da Fiemg, Ellen Araújo.

“Esses fatores devem contribuir para aumentar o poder de compra e estimular o consumo de bens e serviços nos próximos meses”, afirmou.

Entretanto, a especialista pondera que o crescimento será moderado se comparado ao mesmo período de 2023. “No ano passado, a agropecuária teve um desempenho muito grande que permitiu à indústria ‘performar’ bem, principalmente, o setor de máquinas e o de logística. E este ano o crescimento esperado é menos robusto”, avaliou.

Para os próximos meses, Ellen Araújo também pondera que a valorização do dólar ante o real eleva o preço dos insumos industriais, que podem ser repassados para o consumidor, contribuindo para o aumento da inflação e afetando negativamente o poder de compra das famílias. 

“Além disso, a manutenção da taxa Selic em patamar elevado restringe a aquisição de bens mais dependentes de financiamento e limita a capacidade da indústria de realizar novos investimentos”, avalia.

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