Economia

Atividade industrial no Brasil fecha 2021 em alta após dois anos consecutivos de quedas

Atividade industrial no Brasil fecha 2021 em alta após dois anos consecutivos de quedas
A produção industrial brasileira cresceu 2,9% em dezembro na comparação com novembro | Crédito: Amanda Perobelli/Reuters

São Paulo/Rio de Janeiro – A indústria brasileira encerrou 2021 com crescimento depois de dois anos seguidos de quedas, após resultado acima do esperado em dezembro, mas ainda ficou abaixo do patamar pré-pandemia em meio ao desabastecimento e aumento dos custos de produção que dificultam uma retomada mais sólida.

Em dezembro, a produção industrial brasileira cresceu 2,9% sobre novembro – primeiro dado positivo desde maio – e teve queda na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os resultados foram melhores do que as expectativas em pesquisa da Reuters de avanço de 1,5% na comparação mensal e de queda de 6,0% na base anual.

Com o resultado do último mês do ano, o setor terminou 2021 com ganho acumulado de 3,9%, depois de contrações de 1,1% em 2019 e de 4,5% em 2020. O quarto trimestre fechou com estagnação na comparação com os três meses anteriores, e a indústria ficou 0,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, antes da pandemia.

A indústria brasileira enfrentou um ano de disrupções na cadeia de oferta global e falta de matéria-prima, bem como de inflação e desemprego elevados em um ambiente de taxas de juros altas.

“Em 2021, houve uma característica decrescente ao longo do ano, uma vez que houve ganho acumulado de 13% no primeiro semestre e, posteriormente, o setor industrial mostrou redução de fôlego”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo, explicando que os ganhos dos primeiros meses do ano tiveram relação com a base baixa de comparação de 2020.

“Há os reflexos da pandemia no processo produtivo, como o encarecimento dos custos de produção e falta de matérias-primas, e também, pelo lado da demanda doméstica, inflação em patamares mais elevados e o mercado de trabalho (com muitos desempregados)”, completou ele.

Para 2022, há expectativas de alívio gradual nos gargalos de oferta, bem como um movimento de reabastecimento de estoques, embora a retomada ainda deva ser fraca diante da demanda doméstica reduzida com a perspectiva de mais aperto da política monetária.

Veículos – No mês de dezembro, a maior influência veio de veículos automotores, reboques e carrocerias, com alta de 12,2% da produção em comparação com o mês anterior, no quarto mês consecutivo de crescimento do setor.

Também se destacou o aumento de 2,9% da fabricação de produtos alimentícios, embora em desaceleração após taxa de 7,1% em novembro, ajudado pela produção do açúcar e pelo retorno da exportação da carne bovina para a China, segundo o IBGE.

“Podemos dizer que é uma interrupção de uma trajetória descendente (da indústria em dezembro), mas não dá para dizer que é o início de uma nova trajetória”, disse Macedo.

No ano, o destaque também foi veículos automotores, reboques e carrocerias, com ganho de 20,3% depois de despencar 27,9% em 2020, bem como máquinas e equipamentos (24,1%) e metalurgia (15,4%).

Negociações de veículos novos recuam

São Paulo – Os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil em janeiro recuaram 38,9% na comparação com dezembro e despencaram 26,1% sobre o primeiro mês de 2021, para 126,49 mil unidades, informou a associação de concessionários Fenabrave.

“O resultado é conjuntural e acontece, principalmente, em função dos baixos estoques das concessionárias, em dezembro, e da persistente falta de produtos, ainda provocada pela escassez de insumos e componentes”, afirmou o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Jr., em comunicado à imprensa. Ele citou ainda dificuldades geradas pela alta dos juros dos financiamentos.

Em janeiro, todos os segmentos acompanhados pela Fenabrave apresentaram queda nas vendas contra dezembro e na relação anual apenas caminhões, ônibus e motos mostraram avanços de 17,3%, 3,3% e 4,5%, respectivamente.

A Fenabrave também citou como motivos para a queda do mercado em janeiro as fortes chuvas que vêm ocorrendo em várias localidades do País, assim como o aumento do contágio das pessoas pela variante Ômicron do coronavírus, que têm provocado queda na visitação de lojas por clientes.

A entidade espera que as vendas de carros e comerciais leves em 2022 cresçam 4,4%, para 2,06 milhões de unidades. A expectativa para caminhões é de expansão de 7,3%, para 136,6 mil veículos, e para ônibus a Fenabrave espera aumento de 8% nos licenciamentos, para 19.180 unidades. (Reuters)

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