Economia

Atlas pode dobrar aportes em fábrica de fertilizantes no Estado

Para produzir o insumo verde em Uberaba, empresa deverá aportar outros R$ 5 bilhões em um parque gerador de energia solar fotovoltaica
Atlas pode dobrar aportes em fábrica de fertilizantes no Estado
Expectativa é que sejam produzidos no local cerca de 500 mil toneladas do insumo por ano | Crédito: Prefeitura de Uberaba/Divulgação

A Atlas Agro pode dobrar os investimentos para viabilizar as operações da planta de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde que implantará em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Após anunciar que vai investir cerca de R$ 5 bilhões na instalação do complexo, o grupo informou que também deve investir aproximadamente o mesmo valor em um parque gerador de energia solar fotovoltaica para atender exclusivamente a unidade.

Essa será a primeira fábrica desse tipo no Hemisfério Sul e a segunda no mundo, uma vez que a empresa tem outro projeto robusto nos Estados Unidos. A expectativa é que sejam produzidos no local algo em torno de 500 mil toneladas de fertilizantes por ano. A previsão é que a construção do empreendimento tenha início no segundo semestre de 2024 e seja concluída em 2027, sendo que serão empregados dois mil funcionários durante as obras e 540 na operação da planta. 

A indústria de fertilizante nitrogenado é uma das maiores emissoras de carbono na atmosfera, porém, estima-se que, anualmente, um milhão de toneladas de carbono deixarão de ser emitidos com o processo inovador e sustentável da unidade. Isso porque a Atlas não vai produzir fertilizante nitrogenado a partir de fontes fósseis, como o carvão, muito utilizado em vários países. A companhia vai utilizar energia renovável na produção, tornando o produto 100% verde. 

Para abastecer seu processo produtivo, a empresa terá que investir mais R$ 5 bilhões em energia limpa, seja na construção de um parque próprio de energia solar ou na contratação da energia de terceiros. Conforme o diretor de operações da Atlas, Rodrigo Santana, essa decisão ainda não está tomada. Ele também afirma que não se sabe de qual local a energia será fornecida, pois dependerá de estudos e do parceiro, mas que há grandes possibilidades de que seja gerada em Minas Gerais.

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Redução da dependência da importação de fertilizantes

Santana ressalta que o Brasil hoje importa cerca de 96% do fertilizante nitrogenado que utiliza, mesmo sendo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o que ocasiona em grande dependência externa. Ele salienta que isso ficou “escancarado” com o alto risco de faltar abastecimento do produto no País durante a guerra entre a Rússia e Ucrânia, países responsáveis por boa parte da produção de fertilizantes, o que seria desastroso para o agronegócio brasileiro.

“Então essa fábrica, além de promover um desenvolvimento econômico e social muito grande para Minas Gerais, vai ajudar o Brasil a reduzir a dependência de fertilizantes do exterior. Isso será um ponto positivo que dará muita credibilidade, garantia de fornecimento e de competitividade para os produtores brasileiros”, destacou o diretor de operações da Atlas. 

“E esse é um ponto também bem importante de ressaltar: os nossos fertilizantes vão ser 100% sustentáveis e vão ser competitivos, porque muitas pessoas têm a impressão de que, por ele ser verde, será um produto mais caro, mas não será. Vai ser competitivo com o que agricultor paga hoje do fertilizante importado derivado do fóssil”, garantiu. 

Investimento revolucionário 

O CEO da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas), João Paulo Braga, também se mostrou otimista com o projeto. Para ele, esse investimento que a Atlas fará no município de Uberaba é revolucionário e tem potencial de transformar o Brasil, levando o País a uma nova era em termos de fertilizantes. 

“Esse investimento é revolucionário. Ele muda a perspectiva da produção de fertilizante nitrogenado num direcionamento de fertilizante verde. Ou seja, ele não só permitirá que o Brasil reduza sua dependência de fertilizante nitrogenado importado, que hoje responde por 96% dos fertilizantes consumidos, como inaugura uma nova era de fertilizante verde no País”, frisou.

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