Atlas é selecionada para integrar iniciativa global de investimentos verdes

A Atlas Agro, empresa que atuará na fabricação de amônia e fertilizantes, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, com o projeto inédito de construção da primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde no Brasil, foi selecionada para ingressar na plataforma Aceleradora de Transição Industrial, a ITA, na sigla em inglês.
A seleção significa que a empresa passa a fazer parte do escopo de projetos da iniciativa global ITA para alavancar investimentos verdes em áreas críticas e estratégicas ao redor do mundo, explica o diretor de operações da Atlas Agro, Rodrigo Santana.
“Eles vão trabalhar juntos com estes projetos, dando suporte e apoio e vão identificar quais são os principais desafios que precisam ser endereçados para que o projeto acelere suas construções e habilidades. Basicamente, conectando financiadores nacionais e internacionais que possuem interesse em financiar projetos de descarbonização”, explica.
O programa de aceleração também dá aos parceiros visibilidade mundial e identifica políticas públicas para acelerar esses tipos de ações. Uma equipe dedicada do ITA é escalada para trabalhar juntos aos governos locais e para conectar stakeholders interessados em financiamentos ou no produto final.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Conforme Santana, a grande maioria dos projetos de hidrogênio verde no Brasil existentes hoje é focada na exportação. “O nosso é o único projeto anunciado de hidrogênio verde que avança para o produto final que é o fertilizante hidrogenado e que estará focado no mercado doméstico”, afirma.
Características que, na opinião do gestor, se transformaram em um dos principais motivos para o projeto se tornar interessante para o governo federal, o governo de Minas Gerais e para as instituições com viés ambiental. “O projeto resolve um dos problemas críticos do Brasil que é não ter produção de fertilizantes nitrogenados. Hoje importamos grande quantidade deles”, prosseguiu.
A nova fábrica é vista no mercado internacional como uma das iniciativas mais relevantes na promoção de segurança alimentar. O alerta da importância de reduzir a dependência de insumos importados acendeu após os conflitos entre Rússia e Ucrânia. Os maiores fornecedores estão concentrados exatamente em locais de conflitos e guerras.
“Em 2022, houve um receio muito grande de faltar fertilizantes no Brasil. Faltar fertilizantes por aqui significa quebra na safra brasileira e redução de produtividade. A redução da produção de alimentos gera a insegurança alimentar não só no Brasil, mas no mundo, já que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos mundiais”, alertou Santana.
Outro fator relevante da fábrica é o fornecimento de alimentos com baixa pegada de carbono em seus processos produtivos. O executivo da Atlas Agro pontua que o principal problema da produção atual de fertilizantes do mundo é que ela utiliza combustíveis fósseis como fonte de hidrogênio, fazendo a indústria de fertilizantes grandes poluidoras do meio ambiente.
“Eles utilizam o carvão ou o gás natural, que são hidrocarbonetos e que despejam grande quantidade de carbono na atmosfera tornando esta indústria uma das mais poluentes. Nós usaremos o hidrogênio verde que advém da molécula da água que é quebrada e renovada, não havendo emissão de carbono”, explicou o executivo.
A fábrica de Uberaba está sendo construída com investimentos que devem girar em torno de R$ 5 bilhões e, recentemente, terminou a fase de pré-engenharia. Agora, se prepara para iniciar o projeto executivo. A planta está prevista para entrar em operação em 2028.
ITA acelerá outros projetos n Brasil
A plataforma Aceleradora da Transição Industrial (ITA) é uma iniciativa global de múltiplas partes interessadas para avançar com a descarbonização dos setores industriais e de transporte, responsáveis por altas emissões.
Lançado em dezembro de 2023, durante a Cúpula Mundial de Ação Climática da COP28, pela presidência da COP28, a ONU Mudanças Climáticas e a Bloomberg Philanthropies, o ITA reúne líderes globais de todos os setores, instituições financeiras e governos para liberar investimentos em grande escala para a rápida implantação de soluções de descarbonização. O ITA é financiado pela Bloomberg Philanthropies e pelos Emirados Árabes Unidos.
Em julho, o Brasil se tornou o primeiro país parceiro do ITA. Nacionalmente, o programa irá auxiliar no aprimoramento dos portfólios de projetos industriais verdes do País, abordando as necessidades em políticas regulatórias, criando cadeias de valor de baixas emissões, estimulando a demanda por produtos verdes e identificando mecanismos para reduzir o risco do investimento nos projetos.
O Programa ITA Brasil também trabalhará com a Plataforma de Transição Climática do País, que está sendo desenvolvida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) para financiar projetos alinhados aos planos de transição climática do governo.
Ouça a rádio de Minas