Minas Gerais aumenta exportação de itens de alta tecnologia em 2025, mas pode sofrer com tarifaço de Trump

Minas Gerais registrou crescimento nas exportações de produtos de alta e média alta tecnologia no primeiro semestre de 2025. Segundo informações da Fundação João Pinheiro (FJP), houve um aumento de 32,7% nas exportações mineiras de alta tecnologia em comparação ao mesmo período de 2024. Os dados foram levantados com base na classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e em informações da plataforma Comex Stat.
A coordenadora da área de Análise Insumo-Produto da FJP, Carla Aguilar, detalha o que motivou o aumento nas exportações dos itens de alta tecnologia. “O crescimento de 32,7% foi puxado pelos três grupos de alta tecnologia, principalmente pelo de aeronaves (45%), que acrescentou o maior valor, farmacêuticos (21,4%) e informática (45,8%)”, comenta.
A participação mineira nas exportações brasileiras de alta tecnologia também cresceu, com um aumento de 5,1% para 6,7%. Conforme o informativo da FJP, os principais destinos desses produtos foram os Estados Unidos (23,2%), a Dinamarca (16%) e a França (11,9%).
No entanto, apesar do crescimento, as mercadorias de alta tecnologia representaram somente 1% das vendas externas de Minas Gerais
Setor de Média Alta Tecnologia
No grupo de média alta tecnologia, as exportações mineiras representaram 7,6% do total estadual — o que significa uma alta de 1,5% no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Os destaques foram: veículos automotores (50,8% do grupo), produtos químicos (24,7%) e máquinas e equipamentos elétricos (13%). Argentina (37,6%) e Estados Unidos (18%) lideraram os destinos desses produtos.
A balança comercial de alta e média alta tecnologia, no entanto, segue deficitária. O que é visto por Aguilar como uma situação estrutural do cenário mineiro. “O valor importado dessas categorias é muito superior ao das exportações. O saldo é estruturalmente negativo em Minas Gerais”, comenta a especialista. Assim, mesmo com o aumento na exportação de itens de alta e media alta tecnologia, nos seis primeiros meses de 2025, o déficit da balança comercial de alta tecnologia aumentou 0,2% em relação a 2024.
O que chega à Minas Gerais
As importações mineiras continuam fortemente concentradas em produtos com maior intensidade tecnológica: 68,4% do total vieram das categorias de alta e média alta. Os itens de alta tecnologia mais comprados foram:
- farmacêuticos (41,6%),
- eletrônicos e produtos ópticos (40%)
- e aeronaves e componentes (18,4%).
Os principais fornecedores foram China (23,4%), Estados Unidos (22,3%) e Índia (8,9%).
Já nas importações de média alta tecnologia, os produtos mais adquiridos foram:
- produtos químicos (32%),
- veículos e autopeças (26,2%)
- e máquinas e equipamentos mecânicos (24,2%).
A China respondeu por quase um terço das compras do estado nessa faixa tecnológica.
Impacto das novas tarifas dos EUA
O informativo da FJP foi divulgado em meio à expectativa de impactos das novas tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos, medida que, conforme a especialista, pode afetar diretamente o desempenho de Minas Gerais no comércio de bens tecnológicos.
“Como a participação dos Estados Unidos nas operações de alta tecnologia de Minas Gerais foi de 23,2% no primeiro semestre de 2025 e 24,8% no mesmo semestre de 2024, pode sim haver um impacto nas exportações desses bens, principalmente no segmento de farmacêuticos, no qual o país participou com cerca de 40%”, pondera.
Segundo Aguilar, nas exportações gerais, os Estados Unidos representaram 11,6% das vendas de Minas Gerais no primeiro semestre de 2025. “Também pode haver impacto nas categorias de média alta, média e baixa intensidade tecnológica, o de país teve participações de 18%, 21,7% e 13,3%, respectivamente”, detalha.
As exportações de manufaturados também devem sentir os efeitos das tarifas. “A participação dos Estados Unidos nas exportações de manufaturados de Minas foi de 17,1% em 2025, acima dos 16% registrados no mesmo semestre de 2024. Portanto, o impacto pode ser considerável”, afirma.
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