Economia

Aumento nos custos onera transporte de cargas em MG

Somente o diesel subiu 50% este ano
Aumento nos custos onera transporte de cargas em MG
Crédito: Arquivo DC

Os primeiros meses de 2022 têm sido desafiadores para o setor de transporte de cargas, a começar pelos aumentos: só o preço do diesel subiu mais de 50% este ano. “Temos também o aumento do IPCA, que é determinante para a recomposição salarial, e fechou em 31 de abril com um índice de 12,47%”, aponta o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato.

Além disso, acrescenta Lobato, as transportadoras tiveram problemas de abastecimento e continuam enfrentando a escassez de componentes, que já tinha pressionado o setor em 2021, quando faltaram no mercado ou aumentaram muito de preço equipamentos, pneus e até veículos.

“Estamos tendo sim o problema da falta de insumos. Escassez de pneu e quanto às peças de reposição, difíceis de achar e a entrega chega a ter quatro meses de atraso. O diesel faltou no primeiro semestre e está prevista a falta também no segundo semestre”, alerta o dirigente.  

O setor é muito segmentado e, como tal, algumas demandas, que estavam reprimidas, cresceram em 2022, quando comparadas à retração de 2020 e 2021. Nos piores momentos da pandemia, as transportadoras que atendem à siderurgia chegaram a ficar paradas por meses, quando as montadoras e fábricas de linha branca reduziram ou interromperam a produção.  Em compensação, quem carregava para a indústria farmacêutica ou para os supermercados rodou muito e cresceu ao atender às necessidades da pandemia.  

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Como sempre, o transporte de cargas continua sendo um dos termômetros da economia, ao refletir o escoamento da produção industrial do País e do Estado. “Em 2022, o consumo não aumentou exponencialmente, então o setor de transportes e logística vem crescendo a partir do que o mercado está pedindo. Dentro de Minas, os setores que mais cresceram foram os de transporte de minério, material siderúrgico e, em terceiro ou quarto lugar, o agronegócio, cujo transporte aqui não é tão representativo quanto no restante do País”, informa Lobato, sem citar números.  

Com tantos aumentos, a reposição de preços é um problema para a atividade. “Nenhum embarcador quer repor os custos, mas nós temos que repassar. Não tem outra alternativa, já que nossa margem para negociar é pequena. Quatro ou cinco itens respondem por 80% do custo do transporte e nós não temos controle sobre eles, como é o caso das peças, dos caminhões, da mão de obra e do combustível”, diz o presidente do Setcemg, que representa 150 empresas do setor de logística e transporte de carga em Minas Gerais.  

Esforço para reduzir tributos sobre os combustíveis mostra “um governo desesperado” | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Redução do ICMS sobre o diesel é ineficaz

Rio de Janeiro – A Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) afirmou ontem que a redução do ICMS sobre o diesel é ineficaz e que, diante da perspectiva de novo aumento de preços, uma greve “é o mais provável e não demora muito”.

Em nota, a associação liderada pelo caminhoneiro Wallace Landim, conhecido como Chorão, reforça críticas sobre a condução da crise pelo governo, que vem anunciando “medidas tabajaras” de olho na reeleição, em vez de focar em mudanças na política de preços da Petrobras.

“Qualquer percentual, de qualquer produto, que se anuncie retirar do preço do combustível será ineficaz para sua efetiva redução”, diz o texto divulgado ontem, com comentários sobre a aprovação pelo Senado, na segunda (13), de projeto que estabelece teto para o ICMS sobre os combustíveis.

A Abrava argumenta que os impactos da medida serão temporários, já que o mercado espera novos reajustes nas refinarias para acompanhar a alta das cotações internacionais do petróleo e da desvalorização cambial.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço médio do diesel nas refinarias brasileiras está hoje R$ 0,99 por litro abaixo da paridade de importação, conceito usado pela Petrobras em sua política de preços.

É o quinto dia seguido com defasagem acima de R$ 0,90 por litro no preço do diesel, produto hoje escasso no mercado global devido a cortes na produção russa e ao maior uso em térmicas. Na gasolina, ainda segundo estimativa da Abicom, a diferença é de R$ 0,73 por litro.

“Ora, não é preciso ser um economista para chegar à conclusão que dois ou três aumentos consumirão toda a redução que se pretende fazer por meio dos tributos, correndo risco do litro desses combustíveis ficarem ainda mais caros do que hoje”, diz a Abrava.

Para a associação, o esforço para reduzir tributos sobre os combustíveis mostra “um governo desesperado”. Além de mudanças na Petrobras, a entidade pede que o diesel seja custeado pelos contratantes do transporte, como ocorre com o pedágio.

“Essa despesa de viagem precisa ser integralmente ressarcida, ficando o profissional autônomo com seu frete livre de despesas de viagem”, sugere, pedindo apoio ao projeto de lei do senador Lucas Barreto (PSD-AP) que estabelece ressarcimento com os gastos com combustível.

“A verdade é que, de uma forma ou de outra, mantendo essa política cruel de preços da Petrobras, sem garantia de que o caminhoneiro tenha suas despesas de viagem integralmente ressarcidas, a categoria vai parar”, afirma a Abrava.

“Se não for por greve, vai ser pelo fato de se pagar para trabalhar. A greve é o mais provável e não demora muito”, conclui. (Folhapress)

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