Inverno ameno afeta desempenho do setor de vestuário em Minas Gerais

O inverno deste ano começou no último dia 20 de junho e assim como estava previsto, está sendo marcado pelo tempo seco, poucas chuvas e temperaturas acima da média. O “inverno tardio” é o motivo principal para a queda de 20% da demanda, na avaliação do representante do Sindicato das Indústrias Têxteis de Malhas do Estado de Minas Gerais, o Sindimalhas.
Atrelado a esse motivo, o diretor do Sindimalhas, Gilberto Mairinques, cita o bom desempenho do setor no ano passado, que ainda vivia resquícios do fim da pandemia. “A queda está dentro do que esperávamos e houve muita movimentação dos importados com relação às roupas de inverno. O que não esperávamos era o desempenho do ano passado. Foi superior às nossas expectativas e é um dos motivos que proporciona essa baixa maior agora”, afirmou.
Gilberto Mairinques explica que os clientes costumam fazer uma compra entre janeiro e fevereiro, que é retomada em maio. “E este ano, essa segunda compra, próximo às festas regionais, não aconteceu. Ou pelo desaceleramento da economia ou pela falta de frio mesmo, que foi o que mais impactou”, avaliou.
O impacto é ainda maior na percepção do presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Minas Gerais, o Sindivest, Rogério Vasconcelos. De acordo com ele, a queda na demanda no inverno deste ano foi de 25%. E os motivos, ele atribui ao cenário econômico e à concorrência com os importados.
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“As plataformas atrapalham o comércio como um todo, toda a cadeia econômica. O empresário não estando bem, ele não compra também. Tudo se vende nas plataformas hoje em dia e estamos numa cadeia, afeta diretamente e indiretamente”, afirma o presidente.
De acordo com ele, a incerteza do cenário econômico também afeta muito. “Cada hora o governo fala uma coisa. Toda a polêmica da taxação dos importados, a desoneração da folha, a reforma tributária. Tudo isso causa muita insegurança”, diz. A União espera que a taxação dos importados melhore o cenário. “Porém, ela não sai”, afirmou.
Outro ponto que o presidente do Sindivest levanta é o desastre no Rio Grande do Sul. “Afetou muito as coleções de inverno, porque o Sul é um grande consumidor de roupa de frio e prejudicou todo o mercado, não só emocionalmente, mas economicamente também”, alegou.
Já Gilberto Mairinques, do Sindimalhas, acredita que a questão do Rio Grande do Sul “virou uma oportunidade”. “Eles (os gaúchos) precisam voltar a rodar a economia. E para o verão, existe uma tendência de compra da parte deles de insumos e produtos para abastecer as indústrias de lá como a calçadista, por exemplo”, opinou.
Mairinques diz trabalhar mais com produtos para o verão e a esperança é que o momento não positivo do inverno seja recuperado no verão. “Trabalhamos muito com produtos sustentáveis: algodão, linho, viscose. Temos a esperança que isso vá acelerar nossas vendas daqui para frente”, disse.
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