Australiana St. George planeja agregar valor à produção em Minas Gerais

Após assinar memorando de entendimento com o governo mineiro para investimentos de R$ 2 bilhões em Araxá, no Alto Paranaíba, a australiana St. George Mining Limited segue de olho nos potenciais do Estado para além da extração mineral. A começar pelas próprias operações de nióbio e terras-raras (ETR) para onde serão direcionadas as primeiras cifras anunciadas pela empresa.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Comércio, o executive chairman da mineradora australiana, John Prineas, revelou a intenção da companhia de não se restringir apenas à extração mineral em solo mineiro, mas também de agregar valor aos insumos e somente depois enviá-los ao mercado internacional.
“Nossa estratégia não é só exportar o minério, mas também agregar valor. Com o nióbio, especialmente, isso é muito claro, por meio da fabricação de ferronióbio ou óxido de nióbio de alta pureza já prontos para aplicação no mercado de baterias ou similares. E no caso de terras-raras, já temos tratativas com o governo para o desenvolvimento de tecnologia em Minas Gerais e em breve assinaremos mais um memorando de entendimentos, desta vez, também trazendo e agregando o conhecimento que a empresa já tem”, disse em primeira mão à reportagem.
E não para por aí. Questionando sobre outros projetos e/ou outras áreas no Brasil e mais especificamente em Minas Gerais que os pudesse interessar, Prineas falou sobre a aposta da empresa no protagonismo do País na transição energética mundial.
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“O Brasil está muito bem posicionado para ser um grande fornecedor de minerais críticos nesse cenário. A St. George já tem projetos de lítio, cobre e níquel na Austrália e tem todo o interesse de criar novas possibilidades e novos projetos do tipo no País e em Minas Gerais, para contribuir com esse protagonismo diante dessa necessidade que é mundial”, afirmou.
Especificamente sobre os investimentos pretendidos para o Projeto Araxá, os quais o Diário do Comércio antecipou, há uma semana, o executivo explicou que neste primeiro momento serão dedicados ao atendimento às normas Jorc – um padrão internacional exigido na Austrália para dar transparência e segurança a acordos e relatórios públicos, como este, de uma empresa listada na bolsa daquele país.
Conforme Prineas, na prática, isso significa que, mesmo tendo adquirido a área de Araxá de empresas que já haviam feito todo o trabalho de prospecção mineral e viabilidade econômica, a empresa precisa fazer sua própria mensuração desses potenciais e apresentar os resultados ao mercado e a possíveis investidores.
“Estamos no início desses estudos de viabilidade, que contam com uma ou outra metodologia diferente e vamos confirmar o que já havia nos passado a Itafos Inc. – americana produtora de fosfato e fertilizantes especiais -, quando da realização do negócio. Estudaremos as mesmas perfurações e também outras, e com essa ampliação da área, por exemplo, esperamos pelo menos dobrar a estimativa inicial de 20 anos de vida útil da mina”, explicou.
Depois disso, a estimava é que em 2026 a companhia inicie os trabalhos de engenharia e construção e será nesta fase onde ocorrerá a maior parte dos investimentos. Somente depois ocorrerá propriamente a produção e, como consequência, a grande geração de empregos diretos – que estão estimados em todo o projeto em 400. Já os indiretos podem chegar a mil. Daí a importância, segundo ele, de confirmar os potenciais econômicos do ativo, já que a maioria dos investidores se interessou pelo projeto a partir dessas informações preliminares. “Já fomos contatados por bancos que gostariam de financiar essa construção”, contou.
Práticas sustentáveis nortearão trabalhos da St. George em Minas Gerais
Tudo isso, conforme o executivo, ancorados por práticas sustentáveis, uma vez que, cada vez mais, até mesmo as instituições financeiras têm estabelecido critérios verdes para aprovação de crédito. Neste sentido, o diretor de ESG do Projeto Araxá, Thiago Amaral, chamou atenção para ações que a St George já adota em seus empreendimentos e prometeu replicá-los no Alto Paranaíba.
“Vamos ter aqui em Araxá um modelo de negócio alinhado com as demandas dos mercados e das sociedades para com as melhores práticas sustentáveis. Na governança, contamos com processo e fluxos de tomadas de decisões ágeis”, resumiu.
E na esfera ambiental, de acordo com ele, conjugar uma operação de nióbio e terras-raras já é uma forma de potencializar ao máximo o uso dos minérios da mina. “Focamos em um planejamento visando à redução de rejeitos e minimizando os impactos ambientais. E queremos buscar as melhores soluções em conjunto com a própria sociedade. Para isso, vamos nos inspirar em algumas práticas já adotadas na Austrália. Uma delas, por exemplo, é que os uniformes serão desenhados em conjunto com comunidade e artistas locais”.
Acordo de compra e venda do Projeto Araxá
Ontem a St. George emitiu comunicado aos acionistas, informando que a conclusão da aquisição do Projeto Araxá deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2025. Isso porque a australiana e a Itafos concordaram em uma extensão do prazo para conclusão da transação.
Segundo o documento, a St George vai adquirir 100% do capital social da Itafos Araxá Mineração E Fertilizantes S.A (Itafos Araxá), subsidiária da Itafos que detém 100% do projeto e as empresas estão em processo de negociação de algumas alterações no contrato. A expectativa da St. George, no entanto, é que os principais termos do acordo permaneçam inalterados.
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