Economia

Australiana St. George quer acelerar projeto de terras-raras em Araxá

Empresa estima investir R$ 2 bilhões para iniciar a construção da sua planta industrial em 2026 e começar a operar em 2027
Atualizado em 14 de maio de 2025 • 17:59
Australiana St. George quer acelerar projeto de terras-raras em Araxá
Foto: Divulgação St. George

A mineradora australiana St. George Mining sempre esteve muito focada no desenvolvimento da produção de nióbio no município de Araxá, no Alto Paranaíba. Mas o cenário atual tem feito a empresa acelerar a extração de elementos de terras-raras (ETR), antes considerada pelos australianos como um “bônus” do projeto da empresa em Minas Gerais. O nióbio sempre foi considerado pela junior mining como o produto que garantirá a viabilidade do empreendimento.

A St. George estima investir R$ 2 bilhões para iniciar a construção da sua planta industrial em 2026 e começar a operar em 2027. A produção prevista na unidade no Alto Paranaíba é de até 20 mil toneladas por ano (t/a), sendo cinco mil de nióbio e 15 mil de ETRs.

“A gente estava realmente focando muito na implantação do nióbio. E quanto a terras-raras, existia a possibilidade, mas não era uma prioridade, dados os fundamentos econômicos. Com o atual cenário, decidimos acelerar também a busca por novas tecnologias para torná-la economicamente rentável e ter uma fase de implantação mais acelerada”, disse o diretor da empresa no Brasil, Thiago Amaral.

Posição estratégica no mundo

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No mês passado, a China restringiu a exportação para os Estados Unidos de uma série de minerais críticos e terras-raras, em uma intensificação da guerra comercial deflagrada entre as duas maiores economias do mundo, após o tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

O presidente-executivo da mineradora australiana, John Prineas, declarou que, em meio à tensão comercial entre as duas superpotências, tanto a St. George quanto o Brasil podem se posicionar estrategicamente no mundo em busca de estabelecer bons negócios, tendo o País a possibilidade de balancear o cenário geopolítico comercial no âmbito dos minerais estratégicos. “Temos muita sorte de trabalhar com duas commodities minerais com demanda nas principais economias do mundo: nióbio e terras-raras”, afirmou.

Ele destacou que a prioridade da companhia é o desenvolvimento do Projeto Araxá, mas que a St. George está sempre aberta a novas oportunidades em minerais críticos no Brasil, principalmente em Minas Gerais. O projeto no Alto Paranaíba, no início, teve um pouco de dificuldade para conquistar a confiança dos investidores, sobretudo por ser o primeiro projeto de mineradora fora da Austrália, barreira que o executivo considera superada nesta nova etapa.

Prineas destacou também que, assim que foram divulgados os resultados das reservas, após passarem por um processo de confirmação da St. George pela metodologia internacional JORC, diversas empresas em todo o mundo, dentre elas produtoras de aço e da indústria automobilística, entraram em contato com a empresa para saber mais detalhes.

Negociações com a China podem viabilizar Projeto Araxá

Durante o processo de aquisição do ativo em Minas, informações da americana Itafos Inc., que detinha a posse do local, indicavam que a área de concessão do projeto cobre cerca de 226 hectares, com reservas totais de 700 mil toneladas de óxido de nióbio e 8,7 milhões de toneladas de óxidos de terras-raras.

A St. George já selou acordos não vinculativos para vender aproximadamente 40% da futura produção do Projeto Araxá para duas empresas da China: o grupo Liaoning Fangda, com forte atuação em diversos setores, inclusive a siderurgia, no qual está entre os maiores do mundo, e a trading SKI HongKong, uma das principais comerciantes do planeta em materiais de aço especiais e ligas de ferro com foco em nióbio, manganês e cromo.

Vendas garantirão capital

Prineas e Amaral disseram ainda que a mineradora pretende vender até 100% da produção bem antes de iniciar a extração dos minerais estratégicos no Projeto Araxá, mas que o processo tem sido feito estrategicamente com confidencialidade, já que será necessário levantar bastante capital para a construção da planta e a comercialização será utilizada para financiar o processo. “Não temos acordo fechado ainda, está em confidencialidade comercial, mas devemos ter bons resultados de apoio ao desenvolvimento do projeto”, adiantou o presidente-executivo da St. George.

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