Economia

Avanço da Selic pode tornar renda fixa atrativa

Avanço da Selic pode tornar renda fixa atrativa
Crédito: Reprodução

Os aumentos da taxa Selic – que este ano já avançou de 2% para 5,25% ao ano – e a tendência de chegar ao final do ano com os juros em torno de 7,5% pode tornar os investimentos em renda fixa atrativos. Porém, com a inflação alta, os ganhos podem ser limitados. Por isso, a indicação é que os investidores mantenham a carteira diversificada, inclusive, dependendo do perfil, apostando na bolsa de valores, que mesmo no atual momento de baixa, pode gerar boas oportunidades.

O analista de investimentos da Mirae Asset Wealth, Pedro Galdi, explica que a Selic já está em 5,25% e deve chegar em 6,25% em setembro e algo na faixa de 7% no final do ano. Para ele, ao avaliar as opções de investimentos, o detalhe é a inflação, que medida pelo IPCA também deve ficar por volta dos 7%, indicando que o ganho real deve ficar próximo de zero.

“Fica ruim para o investidor de renda fixa. O cenário mudou para pior. Antes, a Selic a 2%, mas inflação baixa dava oportunidades de produtos financeiros com ganhos interessantes, como fundos imobiliários, LCI/LCA (sem IR) e que pagavam taxas anuais na faixa de 8%. Continuo vendo que o investidor que pretende ter retorno diferenciado ainda terá que buscar na renda variável uma taxa diferenciada, mas com risco elevado. Estamos vendo isso hoje, com a nossa bolsa de valores extremamente volátil com os ruídos em Brasília, risco fiscal e em 2022 teremos eleição”, explicou.

Com o mercado instável, Galdi explica que mais do que nunca o investidor terá que entender o seu perfil (conservador, moderado ou agressivo) para tomar as decisões. Uma das alternativas recomendadas por Galdi é diversificar a carteira de investimentos. 

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“Investir um pouco em cada opção seria o ideal, no meio deste tiroteio. O investidor pode ter ativos variados: ações. renda fixa, dólar, ouro, Fundo Imobiliário (FOF). Mas quais os percentuais? De acordo com o perfil do cliente! Para o conservador: LCI / LCA / Tesouro Direto / CDB de bancos de 1ª linha, buscando melhores taxas 80% e Fundos Multimercados 20%. Para o moderado: LCI / LCA / Tesouro Direto / CDB de bancos 1º linha, com melhores taxas 50%, Fundos Multimercados 30% e Ações 20%. Agressivo: Ações 50%, Fundos Multimercados 30% e LCI / LCA / Tesouro Direto / CDB de bancos 1º linha, com melhores taxas 20%”.

Para tentar reduzir os riscos e traçar uma boa carteira para se investir, a recomendação é que o investidor busque por uma assessoria. “Assessoria é indispensável. Creio que o ideal é ter suporte de casas que mesclem serviços de corretoras, private e tenha equipe de analistas para orientar as posições em ações e fundos imobiliários”, explicou.

Eliz Sapucaia, da equipe de análise da Terra Investimentos, explica que com a alta da Selic os títulos de renda fixa começam a ser uma opção interessante para o investidor. 

“Nesse sentido os títulos pós-fixados são os mais indicados. Isso porque eles têm a característica de acompanhar um indexador, se for indexado à Selic ou DI eles devem acompanhar a alta. A estratégia nesse caso é aproveitar a sinalização clara do Banco Central de que vai tentar conter a inflação e utilizará o aumento de juros para fazer com que a inflação retorne a meta”.

Carteira

As carteiras recomendadas da Terra Investimento deste mês estão com o posicionamento de renda fixa atrelado ao DI e ao IPCA com mais uma taxa de rentabilidade, garantindo assim o retorno real. 

“Nesse momento, o investidor pode começar a fazer os seus aportes em renda fixa pensando na diversificação da sua carteira, aos que já estão posicionados em bolsa o ideal é analisar e compreender que o momento é de cautela, se seu posicionamento é de longo prazo não existe a necessidade de pânico e pode indicar uma oportunidade de compra”, explicou. 

Migrar para renda variável é opção, recomenda Foscarini | Crédito: Divulgação/Belo Investment Research

Alternativa

De acordo com o diretor de Estratégia da Belo Investment Research, Rafael Foscarini, hoje, com o juro podendo chegar a 7,5% ao ano, os investidores podem optar pela migração da renda variável e passar para aplicações ligadas à Selic.

“Hoje é até mais interessante este tipo de renda fixa atrelada à Selic do que a prefixada, já que a pré vai pegar os juros de hoje, embutido com expectativa futura, mas ele enrijece o contrato. Como a expectativa é de alta da Selic, a recomendação é pegar um título de renda fixa atrelado à Selic, pelo mesmo, por um horizonte de seis meses. Será preciso observar a inflação, ela sendo corrija para o centro da meta, os papéis de renda fixa devem ser revistos, podendo até mesmo, migrar para a variável”.   

Ainda segundo Foscarini, os Fundos Referenciados DI – que sempre estarão variando de acordo com o CDI – e os títulos privados com remuneração atrelada ao CDI também são interessantes. Outras opções de investimento são o Tesouro Direto e também alguns fundos cambiais, que apostam no real.

Na parte da renda variável, existem ações que podem se beneficiar com a taxa Selic alta. “Bancos, especialmente os de menor porte. Estes menores fazem financiamentos com taxas de juros mais altas e têm receita esperada maior, podendo ter os papéis valorizados”.

Outra opção interessante também é a bolsa. Segundo Foscarini, é interessante observar o Ibovespa porque agora pode ter migração forte para renda fixa e os preços das ações ficarem abaixo “do preço justo”.

“É uma oportunidade para a entrada em renda variável, não exatamente neste momento, mas daqui a um ou dois meses, quando a Selic chegar próxima ao teto da meta 7,5%. É interessante migrar para a renda fixa, mas, não aconselho a fechar as portas para a renda variável”.

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