Economia

Backer vai retomar produção na Capital

Backer vai retomar produção na Capital
Cervejaria estava sem poder funcionar desde janeiro de 2020, quando teve as atividades interditadas pelo Mapa | Crédito: Divulgação

Em maio de 2021, a Backer comunicava o retorno das vendas de um de seus rótulos mais conhecidos – a Capitão Senra -, após o caso de contaminação pela Belohorizontina, que deixou 10 mortos e mais de uma dezena de vítimas. Passados um ano do anúncio do retorno e pouco mais de dois do ocorrido, a Três Lobos, dona da cervejaria, anuncia agora a retomada das operações no Templo Cervejeiro, parque industrial que a marca mantém no bairro Olhos d’Água, na região do Barreiro.

Em comunicado nas redes sociais, a empresa informou que a liberação partiu de órgãos como Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. E, apesar de não informar data para o início do retorno, a cervejaria garante que ocorrerá “o mais breve possível”.

Num primeiro momento, será produzida a Capitão Senra, que foi comercializada apenas por três meses na primeira tentativa de retorno da Backer. Segundo a empresa, aquela “foi uma produção pontual”. Já a autorização para reabertura da fábrica, emitida na última sexta-feira (8), foi acompanhada por autoridades e órgãos competentes, observando critérios legais e técnicos.

“A empresa destaca que sempre teve e mantém total interesse na apuração de toda e qualquer irregularidade relacionada à produção e, por isso, segue contribuindo efetivamente com o trabalho dos órgãos de controle e fiscalização. A cervejaria ressalta ainda que não mede esforços para oferecer apoio às vítimas e suas famílias e que a retomada da produção cervejeira será um fator decisivo para ampliar a assistência médica e financeira”, diz o comunicado.

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Templo Cervejeiro

Em outubro de 2020, a cervejaria chegou a reabrir o Templo Cervejeiro e também a realizar um evento de relançamento da Capitão Senra, que já estava sendo produzida em uma outra planta, no interior de São Paulo. No mês seguinte, no entanto, a Justiça determinou a suspensão das vendas da bebida.

O veto das atividades do conglomerado no Olhos d’Água ocorreu sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil. Em abril de 2021, porém, a 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte revogou a medida que proibia a comercialização da bebida da Backer. A decisão judicial levou em conta acordo entre o Ministério Público e a cervejaria para a comercialização da cerveja. Na época, a decisão dizia que a comercialização visava “a constituição de fundo para pagamento das despesas emergenciais dos beneficiários da ação civil pública”.

A Backer estava sem poder funcionar desde janeiro de 2020, quando teve as atividades interditadas pelo Mapa, em decorrência da contaminação da cerveja Belohorizontina. Análises identificaram a presença de dietilenoglicol em diversos lotes de cervejas. Com bens dos sócios-proprietários bloqueados, desde então, a empresa alega que o retorno da produção e das vendas é fundamental para honrar seus compromissos financeiros.

Mas o processo que apura o caso ainda segue sem resolução na Justiça. No ano passado, quando retomou a venda da Capitão Senra, ex-funcionários e fornecedores da marca mineira – que também buscam, no Judiciário, sanar dívidas e acertos trabalhistas – não ficaram satisfeitos. Eles alegavam que acreditavam que a recomposição financeira garantiria seus pagamentos, que seguem pendentes.

Com o retorno da produção agora em 2022, o sentimento é o mesmo. “Estamos até hoje sem receber e a empresa é autorizada a voltar a funcionar? É o Brasil sendo Brasil”, disse um credor que pediu para não ser identificado.

Órgãos de fiscalização

O Mapa confirmou que a Backer foi autorizada a retomar a produção e comercialização de cerveja na unidade, de forma parcial, em duas adegas. O órgão justificou que a empresa atendeu às exigências para garantir a segurança dos produtos, referentes às condições dos tanques de fermentação e equipamentos que serão utilizados. E que a cervejaria substituiu em seu processo o fluido refrigerante por solução hidroalcoólica – solução que contém água e álcool.

“O processo de produção de cerveja no parque fabril vem ocorrendo desde novembro de 2021, após vistoria executada por auditores fiscais federais agropecuários do Mapa. Os produtos produzidos foram informados semanalmente ao Ministério, que realizou a coleta de cada lote e dos fluidos refrigerantes”, comunicou.

Em relação ao funcionamento do restaurante anexo à planta fabril, o Mapa disse que é de competência dos órgãos de vigilância sanitária. “A comercialização de bebidas no estabelecimento pode ocorrer se os produtos estiverem devidamente registrados no Mapa, como é o caso da cervejaria Backer”, completou.

Já a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, informou que a liberação do empreendimento coube ao Ministério da Agricultura. E que a Licença Ambiental emitida pelo órgão municipal permitiu a operação para a produção em formato teste, para posterior aprovação do Ministério.

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