Economia

Com preços do lítio em baixa, CBL adia investimentos

Companhia mantém planos para expandir suas operações no Vale do Jequitinhonha, mas decisão sobre projeto será tomada em outro momento
Com preços do lítio em baixa, CBL adia investimentos
Unidade de mineração da empresa seria capaz de produzir, anualmente, 90 mil toneladas de concentrado de lítio com os investimentos previstos | Crédito: Reprodução Site CBL

A Companhia Brasileira de Lítio (CBL) ainda não definiu quando vai expandir a capacidade de produção de concentrado de espodumênio e de compostos químicos em Minas Gerais. O motivo é o momento de baixa nos preços do lítio no mercado internacional.

No primeiro semestre de 2024, a empresa disse que estava estudando dobrar o potencial produtivo da mina Cachoeira, situada entre Itinga e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, e triplicar o da planta química, localizada em Divisa Alegre, no Norte do Estado.

Com a efetiva execução desse plano, a unidade de mineração da empresa seria capaz de produzir, anualmente, 90 mil toneladas de concentrado de lítio, e a operação de compostos químicos conseguiria fabricar seis mil toneladas de carbonato e hidróxido de lítio por ano.

A estimativa de aporte no primeiro projeto era de aproximadamente US$ 70 milhões, enquanto no segundo, a companhia preferiu não informar valores.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Em entrevista ao Diário do Comércio, o CEO da CBL, Vinicius Alvarenga, afirma que a companhia terminou os estudos que vinha realizando, e que as perspectivas anteriores basicamente não foram alteradas. Entretanto, segundo ele, a empresa resolveu segurar a decisão de investimento em razão de um momento adverso do mercado global de lítio.

O executivo explica que os preços internacionais do lítio estão nos piores níveis da história, o que é insustentável para quem está produzindo e para que novos projetos saiam do papel.

“Infelizmente, a indústria vive um momento dificílimo. A grande maioria dos produtores mundiais está no prejuízo, e os preços atuais não justificam qualquer investimento”, diz.

“Os investimentos que estão sendo realizados são feitos com a confiança de que haverá um futuro melhor, próximo ao equilíbrio, que é o dobro do preço atual. O preço está exatamente na metade do que é necessário para novos investimentos. A situação é gravíssima”, enfatiza.

CEO garante que o projeto ainda será executado

Desde novembro de 2022, época em atingiu o pico, os preços do lítio caíram quase 86%. Conforme Alvarenga, quando houve um boom nas cotações, ocorreu uma aceleração na entrada de vários projetos, principalmente na África e na China, o que gerou uma superoferta que permanece hoje e que a CBL prevê que seja amenizada nos próximos anos.

O CEO salienta que o mercado ainda confia no lítio a longo prazo, pois não há retrocesso no setor e, sim, um avanço menos acelerado do que o esperado. Ao fazer um panorama do quadro atual, ele afirma que a eletrificação veicular segue progredindo, mas em ritmo mais lento do que o projetado e que as baterias estacionárias estão em alta acima do previsto.

Diante da expectativa otimista de que haverá um reposicionamento de preços do lítio mais a frente, o executivo garante que as expansões das capacidades de produção das unidades de mineração e química em Minas Gerais vão acontecer. Alvarenga ressalta, porém, que o timing dessa virada na cotação está impreciso e, por isso, a empresa está aguardando para definir quando será o início dos projetos: se será dentro dos próximos seis ou 12 meses.  

Preços baixos não estão afetando a produção da empresa

Embora os preços baixos do lítio tenham motivado o adiamento do investimento da CBL, a produção da companhia não está sendo afetada. Segundo Alvarenga, no ano passado, a empresa produziu o máximo que poderia, já que tinha gargalos de expansões anteriores, mas, neste ano, projeta atingir 100% da capacidade nominal das unidades.

“Somos muito competitivos, mas estamos preocupados com o futuro, assim como todos os produtores. Com os preços atuais, não sairá nenhum projeto, nem o nosso, nem o de ninguém. Se os investidores não acreditam em um futuro melhor para os preços, não há projetos. Os preços atuais são insustentáveis e não viabilizam investimentos”, reitera.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas